Por outros Caminhos
Ah, a bicicleta! Daqui acompanho as mudanças em São Paulo no que diz respeito à ela como um meio de transporte legítimo. Ao contrário do que vemos em muitas cidades do Brasil por razões múltiplas, a Alemanha não abandonou o uso da bicicleta, que é parte integrante do trânsito das cidades.
Berlim, maravilhosamente plana, com suas ruas e calçadas largas é um lugar perfeito para nós, felizes ciclistas, que além de toda a contribuição para um mundo melhor e para a nossa saúde ainda temos o privilégio de podermos escolher e variar nossos caminhos diários.
Assim, quando estamos nas ruas, quando vivemos as ruas da cidade, não podemos evitar experimentar uma avalanche de impressões, entre elas as provocadas pela arte de rua e também pela arte na rua.
Preciso confessar que não sei exatamente qual é a imagem que se tem de Berlim fora dela. Imagino que tenha a ver com os templos de música Techno, com a cultura jovem e também com a tal estética do destruído e improvisado da década de 90.
Para mim, Berlim respira arte. A criatividade parece estar no ar, apesar de variar bastante a quantidade e a qualidade do seu contágio, isso se pode observar de maneira flagrante na liberdade do guarda roupa das pessoas, bom, isso seria assunto para um outro momento...
Voltando às surpresas ao andar de bicicleta, passei há tempos pela Linien Strasse, uma rua do bairro central - Mitte - que no século XVIII era o limite urbano da cidade. Ná época, um região pobre, onde moravam o imigrantes judeus, as camadas de mais baixa renda e a "bandidagem". Bom hoje está tudo bem mudado, claro! Hoje, como falei antes, está tudo mudando, claro! E como falei antes, não falo mais.
Um dia tive a oportunidade de registrar tudo isso misturado: a arte de rua, a arte na rua e a mudança (ai de novo!) No número 142 da Linienstrasse, onde antes era uma quintal verde cheio de plantas e árvores onde por muitos anos numa delas se pendurava um elefante, um touro passou a pastar ao seu lado.
O jardim desapareceu, e com certeza os antigos moradores. No lugar junto com o touro apareceu também a instalação de Jeongmoon Choi um artista coreano radicado em Berlim. Embaixo da qual fiquei um tempão literalmente encantada...
Além de pinturas nas paredes dos prédios que não foram feitas para durarem séculos e servirem de investimento de capital ocioso. O que considero uma pequena revolução contra o mercado das artes...
Salve a bicicleta, a curiosidade de outros caminhos e, acima de tudo, os inquietos das artes! Isso tudo e muitos mais outras coisas fazem as delícias dos aglomerados urbanos!
An Valéria Celestino é historiadora e mora em Berlim. Terminou dois “estudos de História” uma vez no Brasil outra na Alemanha. Hoje trabalha como tradutora.
4 comentários:
Trabalho fino, elegante, que acrescenta. Parabens
2 de abril de 2015 às 11:47Parabéns, Ana! ficou linda a postagem.
2 de abril de 2015 às 14:16abraço.
Bel
Valéria, Mana! Que bom que gostou.
2 de abril de 2015 às 18:46Obrigada, Bel. Berlim é mesmo uma cidade curiosa...
2 de abril de 2015 às 18:46Postar um comentário
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