domingo, 6 de dezembro de 2015

Dezembro




Chegou o último mês do ano.
Este é um mês bonito. Ainda que todo o consumo e deturpação do sentido do natal faça com que a gente trombe uns nos outros na rua e que o trânsito pare, ainda assim é um mês como nenhum outro. Quantos dezembros não aguardei ansiosamente durante a infância?? A lista que eu fazia durante o ano não era apenas pr'aquele Natal, mas pra vários. Planejava os presentes dos anos seguintes porque o papai Noel da minha casa só trazia um presente por vez - o mais especial que poderia haver.


Dezembro me traz meus primos pequenos, meus avós vivos, meus doces preferidos e sapatinho na árvore.
Dezembro é nostalgia, lembrança, e isso, é verdade, é um pouco triste, mas o que seria de nós sem uma alegria perdida, sem um bom velhinho de fantasia, sem a mão dos avós servindo a comida do dia 25, na memória? Esta é uma tristeza daquelas que nos remete ao que éramos, ao que somos e ao que ainda seremos.
Eu gosto de dezembros ainda que me sinta mergulhada em passado, ainda que transcenda entre o agora e o ontem, com a alma da criança que um dia fui perambulando na máquina do tempo.
Eu gosto de dezembros ainda que tudo seja diferente e as tradições de Natal não se mantenham. Porque até a percepção de que tudo mudou me devolve pra essa constatação de que certas coisas jamais irão se apagar.


Tempo de finalizar, de despedir, confraternizar. O mês derradeiro, das férias das crianças, do início do verão. O mês que a gente elegeu pra não sustentar ressentimentos, abrir trégua para os inimigos, restaurar ao Divino o seu lugar.
Porque lá vem o Natal, as ceias de fim de ano, essas datas que a gente inventou pra ser feliz e triste sem trégua, ao mesmo tempo.
Não há quem, depois de ter vivido um pouco, não tenha no natal um parente pra lembrar, um doce que nunca mais irá provar, uma tradição na memória dos dias que não se repetem. Então mesmo no sorriso das crianças (novas vidas) envolvidas pela magia do natal, há uma sombra que nos entristece.



Mas sigamos. E ousemos a alegria ainda que incompleta. Jamais desistir da felicidade que podemos abraçar, do significado verdadeiro desta jornada tão semelhante para cada um de nós, apesar de todas as nossas diferenças.
Todo mundo é herói nesta vida.





Larissa Germano é autora de "Cinzas e Cheiros" e escreve nos blogs Palavras Apenas (naoapenaspalavras.blogspot.com) e Nunca Te Vi Sempre Te Amei (cafehparis.blogspot.com), tem perfil no facebook e no twitter e a página Lári Prosa e Trova no facebook. É também compositora intuitiva e tem perfil no Sound Cloud e Youtube. (as imagens utilizadas neste post foram pegas na rede, aleatoriamente)

4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu texto, Larissa, 'todo mundo é herói nesta vida' encerra uma verdade incontestável.
abraço.
Bel

6 de dezembro de 2015 às 23:09
Francisco Cezar de Luca Pucci disse...

As datas memoráveis são feitas de lembranças. Você construiu um belo texto a partir dessa singela verdade. Parabéns!

7 de dezembro de 2015 às 09:07
Lari Germano disse...

Obrigada Francisco! Dezembro é um mês singular pra todos de Cultura ocidental, permeado sim de muitas lembranças e desejos!

7 de dezembro de 2015 às 10:22
Lari Germano disse...

Valeu, Bel! Beijos.

7 de dezembro de 2015 às 10:23

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