sábado, 20 de agosto de 2016

Poema "Outra taça" e outros



Outra taça

E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão (...)
Efésios 5: 18p.A

Diga a parede emudecida verbos
luzidos de traumas, e vá em cima de um gato
contar formas geométricas dos olhos lúcidos
daqueles mortos que repousam sobre outra taça
de devassidão. Outra taça – já contei muitas formas,
porem, encontrei uma que não tivera nem nove ou doze
lados, era incontável.
A forma que levanta pela manhã em cima de
meu cabelo lembra ondas de um mar morto,
outras funções da física desequilibram e caem
do chão rumo ao obliquo – mantenha direção
dos gestos, erga as pernas e siga as linhas
contornadas em meio ao movimento.

É necessário que se mantenha longe do vinho da devassidão,
antes
                 por onde              ele entre em meu corpo
faça
                          devassidão
                                           ruinas

outra taça agora seca, outra taça agora seca, out
ra taç
 a agora se
ca, outras e outras taças e taças
agora seca.

  
 Sumptuosamente moluscos luxuosos

Sumptuosamente moluscos luxuosos desenrolam-se de dentro
dos moveis – conto entre os dedos – alguns decolam
entre as cores já cansadas de lagrimejar begônias,
fome do sopro divino, capim outrora
nascerá entre o coração e as águas movimentadas
da crina de um mamífero quadruple,
eles estão sumindo, criaram entorno das cascas asas
 – possibilidade de evacuação.

Houve cartas trocadas, uma luz no campo nostálgico,
poemas escritos na face dos ácidos olhares
ilustrados de terra e formulações químicas,
outro – campo de energia positiva e lascívia,
acompanha o círio de tortuosas lágrimas tão minhas,
sumptuosamente indícios de grama
pairam no ar. 


Rosa negra


Rogo diante da rosa negra – petalas imortais,
uma abelha negra aproxima-se do quadro negro estavel
sobre o fio que me liga a maturnidade,
cinico cilindro observavel aos olhares – pois tudo
é o nosso tempo, de abrir e fechar páginas,
nos bicos dos anús fotografias
                                 é minha vez
abro ilhas
                    naufragios
tempotodoaindanãoétempodecolher floresnegrasnestediaescuro
vereiveremosdiantedestecéuoculto         
  

Lição de imigrantes


Contra o sol balanço um pano amarelo
que lembra sentimentos estrangeiros e vidas antigas
diante desta minha de hoje,
sigo alguns passos a frente,
vacas loucas fazem voos longos 
e ratos caminham no fio
entre lucidez & loucura

          a casa  
foi derrubada, livrosqueimados, parentesesquecidos,
uma vida que se formula
diantedasmudançastodas
sigo alguns passos a frente, nada vejo
a morte muito próxima dita
poemas




Marcos Samuel Costa é natural de Ponta de Pedras, Marajó, Amazônia brasileira. Atualmente cursa Serviço Social (FMN), e mora em Belém do Pará. Vive perdido no caos da cidade grande e entre livros de poesia. É membro correspondente da Academia de letras do sul e sudeste paraense e da ASPEELPP-DJ (Associação literária Dalcídio Jurandir). Autor dos livros: Sentimentos de um século 21 (Multifoco Editora, 2014), e Titulado amor (editora Literacidade, 2014), e um em co-autoria com dois amigos: Interpoética (Big Times editora 2015), Uma semana de poesia (Editora Penalux). Participou de mais de 20 antologias literá­rias, entre elas I Anuário de Poesia Paraense e publicou nas revistas, Mallarmargens e revista contemporaneo.


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