Charges (continuação)


Bananinhas:
Eles são amarelos, esguios e nutritivos. Um mundo permeado de bananas. Quem são? Como são? E que sabor tem? Descubra em Bananinhas, sua tira cômica preferida









Alex Caldas Simões é mestre em Letras pela Universidade Federal de Viçosa (Bolsista CAPES/REUNI). Graduado em Letras – Licenciatura em Língua Portuguesa e Bacharelado em Estudos Lingüísticos – pela Universidade Federal de Ouro Preto. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase no ensino de Língua Portuguesa, atuando principalmente com os seguintes temas: gêneros dos quadrinhos, ensino e mídias. Em suas horas vagas costuma produzir charges, tiras cômicas e caricaturas.Contato:axbr1@yahoo.com.br

A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores
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As Representações Masculinas na Contemporaneidade


MASCULINIDADES SUBALTERNAS

Vou iniciar aqui uma discussão que trabalharei melhor em outra ocasião e na companhia de Rafael Aragão, que vem discutindo as representações masculinas na contemporaneidade. O que motivou essa primeira incursão foi a reação da Secretaria de Políticas para Mulheres do governo federal contra a campanha publicitária "Hope ensina", que traz a modelo Gisele Bündchen mostrando a "melhor maneira" de contar más notícias ao marido. Hoje, antes do fechamento dessa coluna, o site da Folha de São Paulo consultava os leitores sobre o fato, se achavam que a peça publicitária "promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual". Dos 5681 votos, 56% acham que sim, o comercial ofende a mulheres.


O que queremos discutir aqui é que ele não ofende somente às mulheres, mas a todos nós que estamos pensando e trabalhando por uma sociedade que quebre a barreira binária de gênero. E esse esforço não pode estar restrito apenas à Academia, ao contrário, precisa ser incorporada em nosso dia-a-dia.

Poderia iniciar, pois, parafraseando a máxima de que, para nós, pós-estruturalistas, a identidade está situada no campo da diversidade, do movimento, da alteridade e da diferença, em contraposição à idéia de identidade como permanência, embora reconheça que na sociedade contemporânea ainda se faça forte o apego à definição das identidades.


Nesse sentido, o que a propaganda tem de ruim e perigoso? É que as práticas sociais cristalizadas e preconceituosas, reproduzidas nas diferentes instituições, são a sinalização e a materialização da concepção que desconsidera a diversidade como característica básica dos indivíduos. Quando se pressupõe que todos tem que ser idênticos uns aos outros, aqueles que não se enquadram na igualdade almejada são situados fora do mundo social. A concepção da identidade permeada pela idéia da igualificação consolida a existência de processos de segregação.


Fausto Rodrigues de Lima assinala que a propaganda discrimina também os homens, afinal, “como todo projeto de dominação e preconceito, a discriminação de gênero, embora baseada numa suposta inferioridade feminina, atinge a todos, porque cria regras "naturais" para o comportamento dessa ou daquela pessoa, baseando-se apenas em seu sexo. Adeus, individualidade e diversidade”, diz o Promotor de Justiça do Distrito Federal. E mais, “nós, homens do século 21, somos seres pensantes. Não queremos prover ninguém, almejamos unir esforços. Se por acaso nossa renda for insuficiente ou nula, que nos respeitem. Gostamos, sim, de sexo, mas não pensamos nisso 24 horas por dia. Nos interessa o futebol mas também o balé, a música, a arte, a poesia. E choramos, sim.”


A fala-desabafo de Fausto Rodrigues de Lima articula e dialoga com a principais correntes de pensamentos masculinistas, as que indagam o padrão tradicional de identidade masculina e oferece aos sujeitos masculinos novas maneiras de ser homem.


Assim, a propaganda é infeliz porque soa anacrônica, fala de e para uma mulher que quer fugir do jogo binário, da subordinação e, também, é infeliz porque insinua um interlocutor masculino igualmente ultrapassado.




Djalma Thürler é Cientista da Arte (UFF-2000), Professor do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade e Professor Adjunto do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA. Carioca, ator, Bacharel em Direção Teatral e Pesquisador Pleno do CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura). Atualmente desenvolve estágio de Pós-Doutorado intitulado “Cartografias do desejo e novas sexualidades: a dramaturgia brasileira contemporânea dos anos 90 e depois”.
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CABEÇA DE MULHER



Nesta ediçao foto e poema saídos da cabeça de mulher! O poema é da atriz e poeta Elisa Lucinda, as fotos sao de minha autoria da série Cabeças & Cabeça, e quem posa é a também atriz e modelo, Inezita de Mary.



Moço, cuidado com ela!


Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
Cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
Às vezes parece erva, parece hera
Cuidado com essa gente que gera

Essa gente que se metamorfoseia
Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades

E ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
Mas é outro lugar, aí é que está:










Cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita.. 

Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
Que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
Transforma fato em elemento
A tudo refoga, ferve, frita
Ainda sangra tudo no próximo mês.





Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
É que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
É que tô falando na "vera"
Conheço cada uma, além de ser uma delas.


   

 
Você que saiu da fresta dela
Delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
Ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
Já se alcança a "cidade secreta"
A atlântida perdida.


Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
Cai na condição de ser displicente
Diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
Que a mulher extrai filosofando
Cozinhando, costurando e você chega com mão no bolso
Julgando a arte do almoço: eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
Tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
Então esquece de morder devagar
Esquece de saber curtir, dividir.



E aí quando quer agredir
Chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
Vaca é sua mãe de leite.
Vaca e galinha...
Ora, não ofende. enaltece, elogia:
Comparando rainha com rainha
Óvulo, ovo e leite
Pensando que está agredindo
Que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!


Fotos: Izabel Liviski

 Poema: Elisa Lucinda
      Modelo: Inezita de Mary




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Izabel Liviski é Fotógrafa e Mestre em Sociologia pela UFPR.  Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem e Antropologia Visual.  Escreve quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.




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Flor de Ébano na Coluna Anadietrich




Agenda lotada, se deixar passo a madrugada aqui na frente do computador tendo o facebook como companhia. Mas, entre uma correria e outra, teve um evento que marcou meu calendário na semana passada, a mesa Redonda Extrema-Direita e suas controvérsias no Tempo Presente, um evento do ABC das diversidades, que aconteceu na UFABC São Bernardo. Discussão profícua, debates muito quentes. Também conheci uma nova amiga, a Alexandra, sentada na primeira fileira. Respondendo a uma pergunta, eu disse que hoje os extremistas não estão no poder como na época de Hilter, ela desferiu um contra-ataque, mas se o poder vem do povo e eles são parte do povo, eles estão no poder sim... Confesso que fiquei com a pulga atrás da orelha.
Logo mais trocamos contatos e entre um post e outro do facebook, convidei-a para participar da revista e sua primeira contribuição figura abaixo.

Flor do Ébano, Alexandra, bem vinda!


Ana Maria Dietrich é professora adjunta da UFABC e coordenadora da Contemporartes-Revista de Difusão Cultural - junto a Rodrigo Machado.

DA TRISTEZA A RESISTÊNCIA – A HISTÓRIA DE UM POVO



Desde a captura dos negros no Continente Africano, a vida de cada um deles foi pautada em condições sub-humanas. Mesmo tendo um grande valor comercial nada mais eram do que seres sem almas e que não mereciam nenhum tipo de cuidado ou piedade humana.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos navios negreiros, amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar. Como vemos no trecho do Poema de Castro Alves:



IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 

Os brancos tratavam os negros como seres ignorantes, sem nenhum tipo de habilidade, amaldiçoados por Deus e que necessitavam da misericórdia da Igreja para que fossem resgatados mediante a palavra de um Deus que eles nem sabiam quem era.


Os negros, trazidos para o Brasil como escravos, a partir do século XV, destinados à lavoura canavieira, à lavoura cafeeira, e para mineração, pertenciam a dois grandes grupos: os Sudaneses e os Bantos. 

Por mais de 300 anos os negros sofrem todos os tipos de abusos, atrocidades que um ser humano pode imaginar. As mulheres eram abusadas, violentadas, tiveram seus filhos tirados dos seus braços para que fossem vendidos como escravos, mesmo quando a Lei do Ventre Livre estava em vigor. 

Depois da abolição, os negros foram jogados à margem da sociedade, pisoteados, maltratados e ignorados. 
E infelizmente continuamos a ver essas situações acontecendo diariamente, a maioria sofre por falta de moradias, atendimento precário na saúde, de estudos, emprego não negros. Isso sem falar que a cada 10 mortes no Brasil 7 são de negros.Quando vemos as estatísticas de violência doméstica também temos a triste constatação que as mulheres negras corresponde à maioria.

Em pleno século XXI, um povo que ajudou na formação desse país ainda sofre com o preconceito, a discriminação, a segregação.  O primeiro passo para a mudança é fazer com que a Lei contra o Racismo seja reavaliada e colocada em prática como se deve, e que o mito da Democracia Racial seja tirada de vez das escolas.  Os afrodescendentes não necessitam de cotas para Universidades, para emprego, concursos, precisamos exigir que os Artigos 1º e 5º da Constituição Brasileira sejam cumpridos.


Alexandra Eliziario da Silva, é graduanda no curso de Pedagogia na Uniabc, moradora da cidade de Santo André - São Paulo








Amanhã, 16h, 10o edição do Café com PP na UFABC São Bernardo.
Rua João Pessoa, 59,  (11) 4122-7520.




Inscrições abertas para envio de resumo, ouvintes e Mini-cursos do I Seminário Nacional Laboratório de Estudos da Contemporaneidade - Lepcon, Minorias e suas representações até 30 de outubro. Não perca!




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If you fuck with the bull, you get the horn






Uma paisagem, um trem e a frase acima. Traduzindo para o português, poderíamos interpretá-la, literalmente, como “se você fode com o touro, ganha o chifre” ou, “se você mexe com o touro, você é chifrado” Deste modo, somos introduzidos a Mala Noche, longa-metragem de 1985, dirigido por Gus van Sant.

O filme está centrado na figura de Walt, dono de uma pequena loja e assumidamente homossexual. Ele tem uma grande atração por um rapaz mexicano, Johnny, que sempre está rondado por seu amigo Roberto, também imigrante. Gus van Sant acompanha, os diversos modos como Walt tenta seduzir o rapaz e convencê-lo a uma noite de sexo. A atração se transforma em uma espécie de obsessão; Walt sabe das condições precárias de vida de Johnny e inicia seus esforços oferecendo hospedagem (uma cama) e comida (e aqui, talvez possa se perceber o duplo sentido do verbo “comer”, a proximidade da gula e da luxúria fica nas entrelinhas da proposta).


Johnny é pintado como um elemento atraente pelo seu exotismo: de outra cultura (e, portanto, ao olhar norte-americano, um “chicano” por quem Walt arranha frases em espanhol) e mais jovem, fazendo com que o outro personagem diga que “ele deve ter dezoito, mas poderia ter dezesseis anos”. Interessante no que diz respeito à alteridade cultural é um dado referente à trilha sonora em que diversas vezes ouvimos ao fundo a música composta por Violeta Parra, “Gracias a la vida”, no Brasil muito conhecida pela interpretação de Elis Regina. Esta canção chilena é um ícone dentro do cancioneiro popular latino-americano, mas, de todo modo, não se trata de uma música mexicana. O que é possível concluir daqui, creio, é que, mais do que a representação de um homem “norte-americano” atraído por um “mexicano”, temos a atração pela figura emblemática do “latino”, e se assume justamente essa espécie de exotismo cultural.


“Mala noche” torna-se, portanto, uma narrativa sobre solidão e carência. Mais do que isso, é um filme sobre a passagem do tempo e seus efeitos, tanto num corpo que já se deitou com diversos outros, quanto na incessante e desesperada busca de alguém por um porto seguro. Filmando em 16mm e em preto-e-branco, Gus van Sant constrói rapidamente, e diversas vezes, algumas imagens que funcionam como possíveis metáforas para esse estado inquieto de Walt. Temos, por exemplo, logo no início do filme, Johnny correndo com um carro em um jogo de fliperama até que bate em outro e há uma explosão – o choque de corpos tão desejado. Mais à frente, em um jantar, existem planos que detalham o modo como o macarrão entra na água, ou ainda o modo como a água em si borbulha quando ferve no fogão. Trata-se de uma tensão sexual não resolvida e que impulsiona a série de tentativas e erros de Walt.


Johnny, por sua vez, também é incapaz de frear seu admirador. Por quê? Se ele o fizesse, seria impossível que essa espécie de compartilhamento da solidão tivesse continuidade. Mesmo que inexista vontade sexual dele junto a Walt, este segue ao seu lado e dá certo equilíbrio ao seu comportamento arredio e levemente “marinheiro”. Se Walt quer um “porto seguro”, Johnny prefere flanar e ser explorado como uma “ilha grande”. Momento interessante que demonstra isso é quando os três personagens centrais partem numa espécie de road trip. Johnny e Roberto deixam Walt fora do carro e partem. Eles, porém, são incapazes de largá-lo na estrada; andam por um curto percurso, param, fumam um cigarro e esperam que ele se aproxime do carro. Ao fazê-lo, novamente, correm e dão outra partida. São curtas ancoragens.

Seria simplista concluir, voltando à frase inicial do filme, que Johnny é o touro e Walt o atingido. Este sempre desejará àquele e não será contemplado com a reciprocidade (sexual, ao menos). Curiosamente, as únicas imagens coloridas do filme se dão quando Walt filma Johnny e seus amigos andando pelas ruas de Portland. É no olhar do personagem sobre os outros que a vida tem cores, ao passo que no olhar do diretor-narrador tudo é preto-e-branco e, sempre que possível, na penumbra.


Enquanto isso, Johnny, na sua busca por um ombro amigo, sempre se enxergará como mero objeto sexual, valorado em torno de quinze dólares, tal qual um michê. Substituído por Roberto, aquele que foi efetivamente companheiro de Walt por certo tempo, ele se vê sozinho e traído. Não lhe resta mais do que ter um ataque de homofobia e escrever à faca sobre madeira que o comerciante sempre será um “puto”, um “faggot”, um “viado”. O modo escolhido para lidar com o vazio, a confusão e a tristeza é justificar a perda do amigo em cima da orientação sexual de Walt e, quem sabe, talvez da sua própria


Temos, por fim, dois touros atingidos, com seus chifres quebrados. Um parado à beira de um caminho, em uma esquina, à espera de um novo tecido vermelho para se chocar; outro dentro de um carro, a correr, mas sem deixar de vista o retrovisor, que mostra o primeiro touro e outras esquinas onde novos quadrúpedes, com ou sem ferimentos, podem surgir.


Raphael Fonseca é crítico e historiador da arte. Bacharel em História da Arte pela UERJ, com mestrado na mesma área pela UNICAMP. Professor de Artes Visuais no Colégio Pedro II (RJ). Curador de mostras e festivais de cinema como “Commedia all’italiana” (realizada na Caixa Cultural de Brasília e São Paulo, 2011), o Festival Brasileiro de Cinema Universitário, a Mostra do Filme Livre e o Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora.  Membro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Realizador de curtas-metragens como "Boiúna" (2004), "A respiração" (2006) e "Preguiça" (2009).
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Os Poetas Carlos Dala Stella & Iriene Borges!



Poesia de Dois a Três por Quatro!
por Altair de Oliveira


Neste último dia 24 de setembro (sábado) tive a feliz idéia de ir assistir ao primeiro recital de poesia da poeta e artista plástica curitibana Iriene Borges, da qual, apesar de até então não conhecê-la pessoalmente, tenho grande admiração pelo seu trabalho. Lá descobri, por uma deliciosa coincidência, que a poeta não se apresentaria sozinha, mas que dividiria o palco com o poeta e artista plástico Carlos Dala Stella, outro artista curitibano do qual há anos sou também um grande fã.


O evento chamado "Café, Leite Quente e Poesia!" é promovido pelo SESC quinzenalmente no Café que a instituição mantém no Paço da Liberdade, situado à praça Generoso Marques, no centro antigo da cidade e proporciona que 2 poetas façam leitura de seus poemas para reunir seus públicos em torno da poesia nos sábados à tarde. Para quem gostar de poesia e estiver na capital paranaense duma dessas ocasiões, fica aqui a dica: vale muito a pena ir até lá conferir.

Acho desnecessário dizer aqui o tanto que eu gostei da apresentação da poesia destes dois. Por isto não pude deixar de trazer aqui, para compartilhar com vocês, um pouco da poesia de Carlos Dala Stella e de Iriene Borges, grandes representantes da boa poesia que está sendo escrita em Curitiba em nossos dias. A todos uma boa leitura e uma semana grandiosa!


***


Dois Poemas de Iriene Borges:



INSTANTÂNEO


Há quem diga cisne
há quem diga borboleta
e há ainda quem aponte
a exuberânciaprestes à implosão
e ávida por existir- ainda-
que há quem diga cinza
e há quem diga alma

Talvez eu conte da metáfora
que veste bem, e fascine
a carapuça delicada
do sujeito à gente errada
se aferir privilégio maior
do que o engano
e a metamorfose

Talvez desponte o fio
do escuro que seda
e eu não corra
só me enrole e durma
significando despertar
sem corpo mole ...amanhã.

Inconsistente
o meu papel medíocre
pede grafite macio
e adia tudo

Já perdi a hora e o prumo
em mensagens cifradas
sem demandar resposta
a minha melhor proposta
veio da última visagem
“escrever para a posteridade”

Mas ainda estudo.





***


UMBRA



Não me ocupes
Vago em luminescências
e rotaciono aluada



Para manter a linha
da mediatriz até o complexo
da cerviz até o sexo
fui sitiada
pelo remorso de existir



No entanto, irrompes a rir
e eu singular e asceta

projeto uma sombra completa

que me intercepta o senso

bem aqui na minha rua

quando alcanço a calçada

sob o primeiro poste

à esquerda




A persigo, e não me desgoste,
não por isso, que ela é tudo
tem o talhe do teu desejo
Pisa o asfalto como meu hálito
roça teus lábios sem beijar
Tem um contorno movediço
que me traga no molejo
e danço
entre o pudor e o vestido
feito pipa no ar.



Nos amamos em teu nome
em cada canto da vila
e inventamos a saudade
de conluio com cada esquina
só assim ela me arrasta pra casa
em êxtase
e some no clarão da porta
que amanhã tem volta
e reprise.



Não me ocupes
para a distância do sorriso
se vago em luminescências
rotaciono aluada



e só me sei sitiada.



Poemas de: Iriene Borges

***
***


Dois Poemas de Carlos Dala Stella:


 Os poemas foram retirados por solicitação do próprio autor.











***




Poemas de: Carlos Dala Stella.


***


Para ler mais:

- Blog do poeta e artista plástico Carlos Dala Stella: http://www.dalastella.blogspot.com/
- Blog da poeta e artista plástica Iriene Borges: http://vozdeeco.blogspot.com/


***


Ilustrações: 1- foto da poeta Iriene Borges; 2- foto do poeta Carlos Dala Stella; 3- "Mulher em Azul". da artista plástica Iriene Borges; 4- "Dados", do artista plástico Carlos Dala Stella, do livro "Quer Jogar?".
***


Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve quinzenalmente às segundas-feiras no ContemporARTES a coluna "Poesia Comovida" e conta com participação eventual de colaboradores especiais.
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Bananinhas:
Eles são amarelos, esguios e nutritivos. Um mundo permeado de bananas. Quem são? Como são? E que sabor tem? Descubra em Bananinhas, sua tira cômica preferida











Alex Caldas Simões é mestre em Letras pela Universidade Federal de Viçosa (Bolsista CAPES/REUNI). Graduado em Letras – Licenciatura em Língua Portuguesa e Bacharelado em Estudos Lingüísticos – pela Universidade Federal de Ouro Preto. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase no ensino de Língua Portuguesa, atuando principalmente com os seguintes temas: gêneros dos quadrinhos, ensino e mídias. Em suas horas vagas costuma produzir charges, tiras cômicas e caricaturas.Contato:axbr1@yahoo.com.br

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