Mário de Andrade e a modernização de São Paulo



Na obra Paulicéia Desvairada, Mário de Andrade retrata as modificações pelas quais a cidade e a sociedade paulista se submeteram (ou foram submetidas?) com o advento do modernismo. Nesta obra o eu e a cidade nem sempre são retratados de maneira dissociada, existe , então, uma poesia de um poeta de vários eus, que procura se encontrar em meio a tantas mudanças. Ele retrata as alterações que ocorrem na sociedade, de maneira desvairada, na medida em que a Cidade de São Paulo foi submetida a um processo de mudança estrutural e social com certa rapidez, em um ritmo alucinado de crescimento. Como observamos na estrofe seguinte do poema “Paisagem N.4”:

Os caminhões rodando, as carroças rodando,
rápidas as ruas se desenrolando,
rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...
E o largo côro de ouro das sacas de café!...
(ANDRADE,1922, p.115)

Nessa passagem do poema, podemos vislumbrar a maneira pela qual a cidade moderna cresce e se desenvolve de maneira rápida e acelerada. De maneira que o antigo (as carroças) convive com o novo (o caminhão), este faz com que a as ruas (o crescimento) rápidas se desenrolem.

No Prefácio Interessantíssimo, que acompanha a obra, o autor apresenta a maneira como escreveu seus poemas, e o que nos interessa aqui é analisá-lo por uma perspectiva de busca do social.

Inicialmente, nos é apresentado em tal prefácio a frase “Está fundado o Desvairismo” (ANDRADE, 1922, p.7). No momento em que esta frase é escrita, há uma espécie de documentação do marco inicial do desvairismo, do ritmo alucinado a que a sociedade está submetida e que agora se passa também em relação à Literatura. A sociedade e a cidade estavam se modernizando, dessa forma, o ritmo de vida se acelerava com construções, alargamentos de ruas, oferta de empregos, trânsito, industrialização dentre outros elementos que denotam progresso. Essa rapidez é retratada também no prefácio quando Mário (1922) diz “Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente grita” (ANDRADE, 1922,p.8), a escrita, então, deixou de ser um processo lento e demorado, e passou a figurar como algo que surge rapidamente como inspiração e deve ser registrado de maneira imediata.

Mário de Andrade (1922) ao dizer: “Sou passadista, confesso. Ninguém pode se libertar duma só vez das teorias-avós que bebeu” (ANDRADE, 1922, p. 9), deixa de negar o passado e passa a modificá-lo. Ou seja, acredita na transformação do passado, na utilização de formas literárias do pretérito para a construção de outras novas. Ao fazermos uma ponte entre essa ideia do autor e os acontecimentos que se davam na sociedade, poderemos observar que na sociedade passado e presente conviviam de modo a se vislumbrar o futuro. Ou seja, não se poderia descartar a cultura do passado, mas sim modificá-la de acordo com as necessidades da coletividade. 


Notamos que o fazer poético de Mário de Andrade está relacionado diretamente à idéia de fundar e estabelecer o movimento modernista no Brasil, com elementos brasileiros. Para tanto ele utilizada subjetividade do eu - lírico para retratar os sentimentos, impressões e desejos eu possui em relação ao moderno e à cidade em transformação veloz.

Por mais que se pense que a subjetividade do eu - lírico Mário-andradiano ofusque toda a objetividade da transformação poética, ambas estão internamente ligadas, já que é a visão do eu sobre o mundo. Como nos diz Adorno (2003), por mais que o autor tente fazer uma obra individualizada e individualista, sua obra é dotada de caracteres que criam vínculos universais, que por sua vez se dirigem a toda humanidade. Ele ainda nos profere que para que um autor determine o teor social de sua obra, é necessário não somente conhecê-la por dentro, mas principalmente a sociedade que fora dela está. 









Rodrigo C. M. Machado é mestrando em Letras, com ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Viçosa. 
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"Isto Não É um Filme", exibido na 35º Mostra de SP, traz o impasse do cinema iraniano contemporâneo


O cinema iraniano estava em ascensão quando o conheci, meados da década de 1980. Foi e ainda é um cinema tipo exportação, com reconhecimento dentro e fora do seu país de origem. Com temas humanitários que envolvem questões aparentemente simples, os filmes encantam, entre outras coisas, pela  presença marcante de crianças  que vivenciam  em seus  cotidianos  histórias comoventes de amor, respeito e tolerância.  O contraplano evidencia o lugar com seus  hábitos e costumes, forma que faz  lembrar os filmes neorrealistas italianos. As lindas imagens e a poesia dos filmes foram  fortes o suficiente para quebrarem as fronteiras do país e ganharem o mundo, aportando nos Festivais Internacionais de Cinema. Com o filme “O Corredor”, 1985, de Amir Nadent  o cinema iraniano estreou na história da cinematografia mundial. Este filme ganhou muitos prêmios e foi exibido em várias partes do mundo abrindo espaço para outros que seguiriam o mesmo caminho. Enfim o planeta terra conheceria a graça e o charme do cinema iraniano, que logo de partida foi rotulado de "cult".  Esta grande divulgação trouxe mais e mais produções e consequentemente mais  e mais prêmios. O sucesso do cinema iraniano tornou-se inevitável. Assim,  a medida em que o número  de produções aumentavam,  finaciadas com dinheiro de dentro e de fora do país, a pressão política interna também aumentava.  O conteúdo de alguns destes filmes pareciam ameaçar o governo iraniano e  este desconforto  gerou um processo de censura interna por parte das autoridades governamentais.  Entre o fim da década de 1980 e 1990 foram realizadas uma média de sessenta filmes ao ano.
Alguns cineastas consagrados, como Abbas Kiarostami, que recebeu em 1997 a Palma de Ouro em Cannes por “O gosto de Cereja”, tornaram-se bandeira do movimento.  Foi a época de ouro do cinema iraniano, que continuou rendendo premiações e passando a ser conhecido e admirado por muitos. 

Abbas Kiarostami 

Bahman Ghobadi
Em 2000, “Tempo de Embebedar Cavalos”, de Bahman Ghobadi, foi premiado com “Câmera de Ouro”. Dois anos antes a jovem Samira Makhmalbaf, filha do consagrado cineasta Moshen Makhmalbaf de “A Caminho de Kandahar”, 2001, com apenas 18 anos, estréia seu primeira longa “A maça”, 1998, mostrando ao mundo a que veio o cinema iraniano. O Governo, temeroso em relação a propagação do cinema além fronteira, apoiava de forma contraditória as distribuições. Alguns filmes que foram proibidos no Irã tiveram autorização para serem exibidos no exterior.
Este boom cinematográfico tem uma explicação: após  a Revolução Islâmica de 1979, os filmes passaram a ser patrocinados pelo governo. Apoiados pelo Ministério da Cultura e das Artes,  a “Iranian Young Cinema Society”, 1983, e o “Documentary and Experimental Film Center”, 1986, descobriam e formavam jovens cineastas de ficção e documentaristas com capacidade de realizar bons filmes, enquanto que, projetos como o de Ebrahim Foruzaesh de “O Jarro”, 1992, fundador do “Cinema Livre Iraniano”, em 1968, alcançou a marca de oitenta filmes em dezoito anos, época em que esteve no “Centro de Cinema do Instituto para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens”.

Apesar dessas iniciativas governamentais de incentivo a produção cinematográfica,  o atual governo de Ahmadinejad é fortemente marcado pela censura, autorizando apenas os filmes dos cineastas que não fazem algum tipo de crítica à realidade social e política. Antes do início das filmagens, o diretor deve submeter o roteiro a um departamento de censura, para saber se pode seguir em frente ou terá seu projeto vetado.
A visibilidade dos filmes premiados, neste caso, pode servir para o bem ou para o mal do cinema iraniano. De uma perspectiva do Governo, a visibilidade, tanto interna quanto externa, de alguns filmes autorizados constroem a imagem de um país moderno, que apóia a arte e a cultura. Entretanto, os cineastas que quebram a lei da mordaça, sofrem as conseqüências de um regime que desfaz-se facilmente de sua carcaça democrática. 


Link do filme, não se assutem tem um trailler antes;


   http://videos.sapo.pt/tkfEYIVoqp0K5dWAuBPt


Em “Isto Não É um filme”, Jafar Panahi aparece em prisão domiciliar esperando o resultado da apelação de sua sentença, que o condenou a seis anos de prisão e 20 de proibição de filmar. Uma prisão de cunho político, impedindo o cineasta de produzir. O fato é que Panahi já esteve preso por participar de manifestos contra o governo do Irã, portanto seu cinema também representa uma ameaça.

Panahi recebeu Prêmios em Cannes e em Berlim, agora está preso pois seu cinema é tido como subversivo pelo governo iraniano.
(Bons tempos do cineasta)
Juliette Binoche a favor de Panahi 
Panahi com a iguana Igi (cena do filme) . Ele já havia sido preso, depois da apelação negada volta a prisão. Está magro e abatido

O filme de Panahi, “Isto Não É um Filme”, que está na Mostra de SP, nasce do duo impasse: o de não poder filmar e de não ter o que filmar, visto que seu roteiro censurado precisa de atores e locação. Para resolver o primeiro impasse, Panahi chama o documentarista Mojtaba Mirtamasb para filmá-lo em sua casa; o segundo problema, o cineasta tenta resolver contando e encenando o roteiro do filme censurado durante as filmagens. O filme propriamente dito é a frustração e a impossibilidade de se fazer um filme e se configura como um “não filme”. Com fatos inusitados e personagens que surgem no decorrer das filmagens, a dor é incrementada com certa dose de humor, que se mescla com a tristeza da espera.

Talvez a iguana Igi,  única companhia do cineasta em sua casa, tenha uma relevância nesta questão, afinal é dedicado a ela vários frames contemplativos.

Mohsen Makhmabah entrevistado pela Folha de SP
Mohsen Makhmabah, de A “Caminho de Kandahar”, em entrevista à Folha de São Paulo (matéria publicada dia 21 de outubro na Ilustrada), diz que não vive mais no Irã pois também é considerado inimigo do governo de Ahmadinejad e que agora filmar ficou mais difícil: “Antes, censuravam os filmes, mas não prendiam nem torturavam os cineastas, e as atrizes não eram açoitadas na prisão. Quando os cineastas se propunham a filmar fora do Irã, não eram ameaçados nem sofriam com atos de violência, como o cometido contra minha filha Samira no Afeganistão: uma bomba explodiu no set de filmagem, matando um membro da equipe e ferindo 20 pessoas”.
Mojtaba, diretor junto com Panahi de "Isto não é um filme"
Quando perguntaram ao cineasta se ele mantinha contato com Jafar Pahahi ou Mojtaba (diretores de “Isto Não É um Filme”) ele declara: “Mirtahmasb já foi meu assistente, hoje está em uma solitária. Nem mesmo sua mulher consegue falar com ele. Jafar Panahi estava em prisão domiciliar, agora foi enviado à prisão novamente”.
A crise do cinema iraniano é política e envolve questões complicadas pois Jafar Panahi,  Mirtahmash e Moshen Makhmalbaf fazem oposição ao atual governo e defendem Hussein Mussavi, derrotado nas últimas eleições. Sua derrota gerou controvérsias a respeito da legitimidade da apuração dos votos. Mesmo com as proibições, o fato é que o filme de Panahi já foi exibido mundo afora e agora está em São Paulo e, provavelmente continuará a ser exibido em outras Mostras. Nos dias de hoje com toda a tecnologia comunicacional é quase impossível segurar a propagação de uma notícia ou de obras. Reza a lenda que “Isto não É um Filme” saiu do Irã dentro de um bolo, gravado em um pen drive. É, já está mais que provado que ninguém mais é uma ilha neste mundo globalizado e com tecnologia digital.


Quem quiser, ainda pode ver o filme iraniano de Panahi, "Isto Não É um Filme" na Mostra Internacional de Cinema de SP que será exibido dia 29, às 14h, no Espaço Unibanco Augusta e dia 31, às 16h20, no Unibanco Arteplex.
Posteriormente, para quem não conseguir vê-lo na Mostra, o filme entrará em cartaz no circuito normal de cinema e vale muito a pena assisti-lo. Após assistir a ascensão do cinema iraniano, vejo como uma triste situação a imposição de impetuosas e maldosas proibições. O que fica: os filmes iranianos continuam encantando o mundo e sendo vistos por muitos, querendo ou não o governo iraniano.


Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO, na FPA no curso de Artes Visuais e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.
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Culturas Populares e Identitárias, um Ganho para o Povo Baiano


Recentemente a Secretaria de Cultura da Bahia (SECULT) foi reestruturada através da reforma administrativa do governo do Estado aprovada em abril deste ano. Com isto, mudanças significativas aconteceram como a criação do Centro de Culturas Populares e Identitárias, um marco que mostra não só o reconhecimento à cultura popular, sobretudo relacionada às questões de identidade, mas também por este reconhecimento apontar para políticas públicas aos que historicamente sempre foram excluídos desse processo. O governo da Bahia acerta ao fazer isso.

Na Bahia, a cultura popular e nossos símbolos sempre foram utilizados como produto ao turismo. A priorização deste tipo de política sem o devido fortalecimento da identidade cultural, aliado a falta de educação de qualidade, produziu fenômenos como o da falsa baianidade, assim como outros danos.

É certo afirmar as peculiaridades do povo baiano como o sorriso fácil de uma gente de fácil amizade, que consegue apesar das dificuldades ser feliz. Mas também é fácil afirmar que esta forma de ser, quando passou a ser vendida como produto, sem cuidados necessários de preservação identitária, ou seja, sem o que é primordial; o cuidado com nossa gente, com nossa cultura, levou ao imaginário coletivo a idéia da Bahia como terra da felicidade, omitindo para dentro e para fora de nosso Estado as mazelas produzidas pela gritante desigualdade social.

A cultura é dinâmica e sofre permanentes interferências e transformações. É natural que a forma de ser do baiano, refletida em sua musicalidade, gastronomia, formas de falar, vestir ou fazer festa se modifique diante do que se rege também na esfera política. O que importa é qual forma de ser queremos.

Neste contexto, o Centro de Culturas Populares e Identitárias da SECULT tem grande papel na condução de um novo processo que viabilizará a importância da identidade como fator determinante na preservação da cultura seja ela popular ou não.

Longe do pensamento de um Estado paternalista, a maior função do Centro talvez seja o de proporcionar ao cidadão baiano ser o que é, aliás, algo complexo se pensarmos que o incentivo do Estado à espontaneidade, por si só já denota intervenção à cultura de forma a transformá-la. Porém, no caso em questão, cabe afirmar que apesar da dificuldade em encontrar qual o limite entre Estado e o espontâneo, fomentar a diversidade de manifestações culturais, difundir e fortalecer nossa cultura com conjunto de ações que valorizem este patrimônio identitário é necessário para autoafirmação e preservação cultural de nossa terra.

É na afirmação da identidade que nos tornamos um povo singular e com isso atrativo ao mundo. É também nesta afirmação que se potencializa a originalidade, personalidade, peculiaridade, consciência de sociedade e, por consequência cidadania.

Portanto, o novo Centro de Culturas Populares e Identitárias da SECULT é extremamente importante e simboliza novo trato à cultura de nossa terra. Sem dúvida um grande passo para o desenvolvimento de nosso Estado.




Fernando Monteiro
é músico, graduado em Composição e Regência pela Universidade Federal da Bahia. Email: fernandomonteiro@ymail.com
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DALAI-LAMA E SUA PASSAGEM PELO BRASIL




No sábado , dia 17 de setembro, tive a oportunidade de sentar-me com milhares de pessoas no Anhembi para receber Sua Santidade, Dalai Lama, ovacionado por um público heterogêneo e pleno de respeito pelas palavras do líder religioso do Tibete.
Durante duas horas, Dalai Lama falou, ensinou, sorriu, brincou com o público, riu e tomado de seriedade fez perguntas à platéia sobre a desigualdade social, religiosidade e corrupção no Brasil. No final, encerrou dizendo que iria embora naquela noite, mas cada um de nós que ali ficaríamos, ainda teríamos os mesmos problemas, e que talvez, apenas talvez, se refletíssemos sobre o que foi conversado naquela manhã, pudéssemos encontrar uma saída. Humilde assim. Talvez. Apenas talvez. Mas a verdade é que se os seres humanos seguissem sua pregação de ética e tolerância, seguramente todo o mundo seria outro.

Dalai Lama não procura converter ninguém. Ao contrário, disse que muitas são as religiões que transmitem ferramentas e ideias de paz no mundo. Completa, que mesmo o secularismo não é errado. Teísta ou não, praticante ou não de uma religião, existem conceitos universais que devem ser praticados por todos. Que existem diferenças entre as pessoas, mas que fundamentalmente somos todos iguais. Para ele, religião é uma questão de foro íntimo e deve ser respeitada, assim como a falta de uma. Os valores do homem encontram-se na ética e na sua moral, e não nas suas diferenças, sendo a religião apenas uma delas.
Segundo ele, hoje existem grupos de estudiosos na Ásia, Europa e Canadá, pesquisando a melhor maneira de incluir os ensinamentos de ética e boa conduta desde os primeiros anos escolares.  Enquanto isso não se concretiza, afirma que a família é responsável por esses ensinamentos, através de incansável repetição de bons exemplos. Inúmeras vezes ele se referiu à educação como a melhor forma de evolução moral e social. Disse, quando perguntado no final a respeito do Mal, que o Mal é a ignorância, e aconselhou que as pessoas buscassem respostas nos livros antes de confiar nos conselhos de outras pessoas. Que os livros trazem ensinamentos milenares de grandes personalidades da humanidade, assim como, obviamente, alertou contra o risco de a espiritualidade ter se tornado um comércio lucrativo. Sugeriu que antes de escolher uma religião, façamos como quem compra uma maçã na quitanda: investiguemos o máximo possível para escolher a melhor. Nesse caso, a investigação seria através de grandes escritos deixados no mundo. Afirmou que existem várias realidades, por isso é importante procurar conhecer a todas. Contou que esse ensinamento é de um líder religioso do século XI, e buscando respostas nas fontes evitaríamos adotar a resposta errônea de outra pessoa. Que cada um tem uma religião – ou nenhuma – que se adapte melhor às suas características mentais e emocionais.

No início, Dalai Lama falou sobre desmilitarização e paz mundial, passo a passo. Dos continentes e países chegou ao ser humano, dizendo que o primeiro passo é o desarmamento de cada um de nós.Que nossas armas – ódio,raiva, medo, insegurança, ambição – são o que levam o mundo ao caos. A felicidade, segundo ele, está na sabedoria de limitar a ambição dentro dos parâmetros da possibilidade, do que é real e passível de conquista, evitando assim a frustração. Disse ainda, que frustrados, temos medo, somos inseguros e portanto infelizes. Que a paz interior está exatamente na satisfação de viver plenamente nossas vidas, alcançando o que nos procuramos. E para tanto, não adianta ambicionar algo muito além ou que nos traga intempéries emocionais.
No final da palestra, Sua Santidade explicou a diferença entre tolerância e permissividade. Disse que ser tolerante significa olhar para seu inimigo com compaixão, sem submeter-se ao seu erro. Pois permitir que o inimigo continue errando sem opor-se a ele, é um erro grave. Por outro lado, toda oposição deve ser pacífica (como dizia Gandhi), e o foco deve ser o pecado e não o pecador (como ensinou Cristo). Repetiu que o inimigo é nosso mestre e devíamos agradecê-lo, porque na vida, a maior virtude de um homem (segundo o budismo) é a paciência. E paciência tem que ser exercitada. Os budistas passam anos exercitando-a. Concluiu que nossos inimigos são apenas mestres que aparecem em nossa vida, provocando um momento de desequilíbrio em nossa existência e nos dando a oportunidade de praticar os conceitos de tolerância e paciência.
Saímos do Anhembi com muito em que pensar. Ali estava um homem que havia falado com renomados cientistas e empresários poderosos no dia anterior, com a mesma tranquilidade que uma criança quando brinca no jardim. O que mais me impressionou foi conhecer uma pessoa feliz. O seu sorriso e bom humor constantes são sua marca registrada. Tenho certeza que ele se desmilitarizou há muito tempo. Para ele, a corrupção é um câncer na humanidade e a educação é mais importante que a religião. Pois sem ética, nunca atingiremos a universalidade, um povo mundial sem fronteiras e desigualdades. Uma raça humana unida. Quem pode discordar dele?





Simone Alves Pedersen nasceu em São Caetano do Sul e hoje mora em Vinhedo, SP. Formada em Direito, participa há três anos de concursos literários, tendo conquistado inúmeros prêmios no Brasil e no exterior. Tem textos publicados em dezenas de antologias de contos, crônicas e poesias. Escreve para jornal, revista e diversos blogs literários. Escreveu o primeiro livro infantil em 2008, o “Vila felina” seguido de Conde Van Pirado, Vila Encantada, Sara e os óculos mágicos, Coleção Pápum e Coleção Fuá. Para adultos lançou “Fragmentos & Estilhaços” e “Colcha de Retalhos” com poemas, crônicas e contos: http://www.simonealvespedersen.blogspot.com

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UNI.VERSO: 1 ano mantendo acesa a velinha do nosso coração.


UNI.VERSO: 1 ano
mantendo acesa a velinha
do nosso coração.


Tudo começou por causa da querida poetamiga Simone A. Pedersen, que, nos bastidores mexeu direitinho os pauzinhos, falando não sei o quê de mim para a Ana Dietrich (só deve ter sido algo muito bom, aliás, a Si sempre fala bem de mim, ah essa amiga não tem jeito mesmo!), que entrou em contato comigo oferecendo gentilmente esse belo espaço nessa tão importante revista cultural: a ContemporArtes. Era só o mesmo que faltava: eu é que deveria ter pedido à Simone e à Ana permissão para ocupar tão grandioso blog. Enfim, muito agradecido e emocionado e resumindo, dia 18 de outubro de 2011, completamos 1 aninho de Uni.Verso, totalizando, se não errei na contagem, 24 segundas-feiras repletas de muita poesia. Uma dádiva!


Por aqui passaram muitos e grandes poetamigos, que abrilhantaram a coluna com seus tantos versos e uni.versos poéticos: Devanir Luiz Kauffman Ferreira, Tatiana Alves Soares Caldas, André Luiz Alves Caldas Amóra, Raquel Navarro, Maria Lúcia Nascimento Capozzi, Maria Cecília dei Santi, Nelly Rocha Galassi (in memorian), Mariângela Zulian, Mario Bonzanini, Valquíria Gesqui Malagoli, Maria Angela Manzi Silva, Renata Iacovino, Lísias Nogueira Castilho, Sarah de Oliveira Passarella, Jussára C. Godinho, Sônia Barros, José Ronaldo Siqueira Mendes, Rosana Banharoli, Simone Pedersen, Amanda Reznor, Edelson Nagues, Sebastião B. Júnior, Eunice Garcia (in memorian), Edweine Loureiro, Cris Dakinis, Paulo Franco, Sérgio Bernardo, Henriette Effenberger, Denivaldo Piaia, ufaaaa!!!
Tantos amigos letrados, tantos sensacionais poetamigos, que só agora me dei conta de quanto a minha vida tem sido completamente regada e circundada pela poesia. E em grandessíssimo estilo.
A todos vocês, queridos poetamigos, obrigado pela participação, pela presença constante, pelas mensagens de carinho e incentivo. E que venha mais um ano recheadíssimo da mais bela, apetitosa e prazerosa literatura. Tim-tim!

Para comemorar, revelo a seguir a receitinha desse delicioso bolo. Experimente. Rende que é uma beleza.


BOLO DE NOZ
 (by geraldo trombin)

Ingredientes
1 porção grande de você
1 porção grande de mim
Morangos em pedaços de sensualidade
Creme de chocolate e confete à vontade
Carinhos e afagos sem fim para polvilhar
Amor sem parar
Açúcar a gosto
Fermento da paixão
Suspiros de emoção
Creme de chantilly para cobrir nossas massas
Margarina para untar nossas formas

Modo de preparo
Pegue a porção de você
E a porção de mim.
Junte as duas assim:
Com as pontas dos dedos,
Sem nenhum medo.
Se não resistir, use também
As palmas das mãos.
Vá misturando, misturando,
Misturando tudo do seu jeito
Com aquela batedeira no peito.

Amasse, amasse muito bem,
Até “você e mim” ficarem,
Num só amasso,
Homogêneos e consistentes.

Adicione a gosto o açúcar,
Um bom-bocado de suspiros de emoção.
E, para aumentar o volume,
Coloque o fermento da paixão.

Acrescente delicadamente o amor,
Sem parar,
Despeje nossa massa em uma assadeira untada
E leve ao calor do coração para assar.

Desenforme, recheie com creme de chocolate
E também espalhe pelo corpo todo,
Decore com sensualidade,
Intercalando confetes com pedaços de morango,
E, finalmente, polvilhe carinhos e afagos por cima.
Depois cubra tudo com o chantilly
Um pouco aqui, um pouco ali.

Está pronto o bolo de noz.
É impossível resistir.
Bate um desejo de ficar a sós
E essa água na boca curtir.

Sirva-se à vontade.
Mas não deixe esfriar.

Rendimento:
Se feito com muito amor,
Dá para vida inteira.


Abraços poéticos e até+. Ah!  Parabéns pra todos nós!

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