Notas Sobre a Cultura Soviético.




Vinte anos após o fim da URSS, o capitalismo enfrenta sua maior crise desde 1929. Com fim da URSS, houve o fim de uma cultura própria, a cultura soviética.

Afinal de contas o que foi a cultura soviética? Ela existiu?

Sim, existiu uma cultura soviética! Ela foi construída desde antes da revolução à partir da interpretação dos textos de Marx e Lênin. Nos primórdios do governo soviético, os bolcheviques tiveram uma grande preocupação em trabalhar a questão cultural a partir de novos paradigmas de organização cultural, compreendendo a cultura como comportamento e não como conhecimento acumulado, nem como simples manifestação artística. Esta visão antropológica de cultura era muito avançada para o período no qual ela foi concebida. Infelizmente a historiografia ocidental não se debruçou sobre autores como Anatoly Lunacharsky que compreendiam o comportamento humano através da analise cultural.

Dentre as organizações culturais criadas e consolidadas pelos bolcheviques destacamos o Proletkult, acrônimo russo para “Cultura Proletária”. Participaram desta organização diversos artistas e teóricos cujo prestígio ultrapassava as fronteiras soviéticas: Maiakovski, Eisenstein, Viértov,Bogdanov, Lunacharsky, Krupskaia entre outros. Sem dúvida, o papel que Lunacharsky tinha nesse período era muito importante, coube a ele organizar as bases teóricas que a Cultura Soviética foi organizada.


Foto: Anatoly Lunacharsky



Como ressaltamos acima, a maior preocupação dos bolcheviques ao tomar o poder foi a criação de uma atmosfera social que desse condições para o florecismento de uma cultura soviética, livre das influências burguesas e de acordo com os preceitos marxistas-leninistas. Isso foi explicito em diversas obras, de caráter público, sobre como a cultura deveria ser organizada pós-revolução e de como esta organização iria impactar o cotidiano da população, na tentativa de transformar culturalmente a população dos países que formaram a URSS, em especial a Rússia.

Na tentativa de criação de uma nova cultura, majoritariamente influenciada pelos valores de combate ao capitalismo e rejeição a moralismos burgueses, eclesiásticos e capitalistas, houve diversas formulações teóricas acerca do papel das instituições culturais soviéticas neste processo. Com isso, o debate vanguardista sobre a funcionalidade da educação e das artes ganhou destaque entre os acadêmicos partidários da revolução, cuja compreensão sobre a durabilidade da mesma estava diretamente relacionada com a irradiação e assimilação de novos valores culturais que não coadunavam com as antigas tradições e costumes.

Assim, as artes em geral foram direcionadas para este combate no plano do comportamento. Alguns autores afirmam que este processo de direcionamento artístico foi o alicerce para a rigidez da produção cultural a partir da década de 1930 até p começo da década de 1950. Não acredito nesta hipótese, neste momento qualquer governo usaria todos instrumentos necessários para a manutenção do status quo, e os soviéticos não poderiam agir de forma diferente. Esta teoria não pode ser aceita, uma vez que os agentes culturais mais atuantes durante a década de 1920 foram reprimidos duramente quando o realismo socialista hegemonizou a produção cultural soviética.

Vale dizer que, os soviéticos tiveram sucesso na transformação cultural que os lideres bolcheviques almejavam para o país. Realmente existiu uma Cultura soviética. Ela pode ser apreciada, na atualidade, através das fontes históricas que foram preservadas. A URSS, só durou tanto tempo porque os valores da população do maior Estado do mundo, na época, foram radicalmente alterados. Para isso, todo um aparato de fomento a cultura foi desenvolvido pelo Estado Soviético.

Continua...


Diogo Carvalho é historiador pela Universidade Federal da Bahia e Mestre em Cultura e Sociedade pela mesma instituição. diogocarvalho_71@hotmail.com

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POESIA & FOTOGRAFIA




Hoje, novamente o encontro entre poesia e fotografia. As imagens são de minha autoria e foram feitas há anos atrás para editoriais de moda do Suplemento Viver Bem do Jornal Gazeta do Povo. Removo-as do baú do tempo para ilustrar os poemas de Miriam Adelman, e deixo que ela mesma se apresente:
Quem sou?
Nascida nos EUA, morei nove anos no México e agora tenho quase 21 anos de Brasil.  Professora de Sociologia  da UFPR e adepta dos Estudos Culturais, brinco – desde sempre –  com a poesia.  Meu poema, Memória, obteve segundo lugar no 15º. Concurso Nacional de Poesias “Helena Kolody” da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná no ano de 2005, como categoria especial. Publiquei traduções de Sandra Cisneros, Diane Wakoski, Denise Duhamel, Tony Hoagland, Sylvia Plath, Lawrence Ferlinghetti e Yehuda Amichai na Revista Sibila.  Atualmente mantenho um blog, Juntando Palavras (http://www.conviteapalavra.blogspot.com/).





"Fábula"

He wanted to have it all:
the round baskets of plenty,
smooth-legged women, a daughter’s
trust. To drink from the river
always where the water was
sweet and fresh. To give
openly his warmth
wherever and whenever
he wanted.
To hurt no one?

There were girls
waiting at every bend
in the river
with flowers, with shining
teeth.
No time to waste.
No reason to linger too long
in any grove.
Tomorrow would always come again:
a red sun, the darkened hollow
of the heart.



"Fábula"
 

Ele queria tudo:
as redondas cestas da abundância.
as mulheres de pernas macias, a confiança
de uma filha. Beber sempre
no lugar onde a água era mais
fresca, mais doce. Dar livremente
seu calor, em qualquer lugar
a qualquer hora.
Não magoar ninguém?

Havia garotas
esperando em cada curva
do rio, esperando com flores,
com dentes que brilhavam.
Não havia tempo a perder.
Nem motivos para vacilar
muito tempo em algum
arvoredo.
O amanhã sempre viria:
um sol vermelho,
a escurecida cova
do coração.





"It Takes Two to Tango"

Avenida 18 de julio
y suave la entrada del invierno
en Montevideo
we take in the evening
you, chain smoking in the crisp air
me, unbuttoning the grey wool jacket,
the unexpected warmth of the season
and around us, the plaza, the couples

sliding so ever-so gently
to the long, sweet chords
such perfect synchrony
if only through the tender beats of
the evening, as long as the dance goes on.

Stubborn girl, crazy boy.
It could be that everyone finds their rhythm,
or their moment – to samba or salsa,
to dance the waltz or rock n’ roll
and i think if i could master the movements
i´d choose forró -
which like the tango must be danced
in pairs, but is quicker and makes you laugh
at the parting, or losing the beat

yet tonight in Montevideo
there is music floating around us
with a penchant for tragedy
and they tell us, this is a city
of the old, and a grandfather
pulls his granddaughter gently by the hand
and like me she cannot
master the beat and the steps
as time spills messily around us,
as if that were the formula - a life
unfolding always in pairs, a language
of complicity or duplicity,
in which i am only falsely fluent.

what grabs you more?
is it tragic or comic,
together, apart?
the dancing ends early here,
but there is still Malena, singing
into the night of this city of old.

my choice, perhaps, should be
the pampas,
solitary ride under moonlit dome
or moving with the throngs,
just one more in a galloping herd
where if i lose the rhythm,
fall out of synch, don´t
deliver the goods
no one will notice:
no cruel duels,
no emptied side of the
bed or the closet,
and we can just get on with our lives
under the stars
of this planet
of billions





"Mother’s Day, 2011"

My mare and I climb
the last street of slum,
past the smoggy clot
where some boys burn garbage-
a red t-shirt, plastic coke bottles,
milk cartons – and then,
around the hill to the top, to the
boulder overlooking
this little corner of the world.
Suddenly, no more people.
No more yappy yellow mutts at our heels
Just Madja and I
her small ears flicking forward,
backward to capture my voice,
forward again for the perfect canter
the sandy trail coiling around a wall of stone
and pine trees split open near the root

Return is through the village,
my mare taking careful
baby steps over hardened sandstone.
One small hoof at a time,
she is protecting me
and the foal to be born
when the seasons shift again
toward  longer days,
and again we descend
past the spot where the boys
have left their wrinkled pile of rubble
and the yellow mutts return
yapping underfoot,
and the senhoras, arms folded under the
yellow winter sun, arrange their yellow
trash bags all so neatly
for collection day.
A girl with baby in arms:
hers ?
Last night’s film:
a mother whose son
went up in flame,
history taking its course
like those days we can do nothing
to stop it.
Stony roads, sandy paths
to the top or the botton of the world,
wasteland burning on both sides
and no use trying to stop the boys
once they’ve gone astray.



" The monkeys"   

the chattering monkeys have left me speechless -

perched here on a barren limb
i watch them, their nimble dance,
how in their mirth they swing from branch to branch,
a tail just as useful as a hand, a foot,
how anger swells and then again joy,
how easy to reconcile: child, mate, the
members of their restless band,
how easy to share, the reddened fruits passing
quickly from paw to paw

i wait and watch from a distant treetop,
a makeshift platform sagging underfoot
in the  early morning.
the orange African sun is slow in rising
and here in our human order
each gesture so hard to learn,
each glide such peril.





"Ties"

He loves a devastated land.
the warring tribes have stilled
but the uprooted fields, the children
with open hands and limp hair,
cows gone to bone, still swaggering on their feet,
the utter impossibility to reconstruct –

it is not like the way his kinsmen repopulate,
not like the way age comes to green mountainsides
in the Pyrenees, where balding hikers set down to
an evening meal they have chosen to make meager, the dry wine,
the goat cheese, so carefully selected

perhaps a bit closer it is, to we who have chosen love
in its strangest formulae-
the broken-winged sparrows, our children’s freedom,
happiness or toil in the hardest tongues or feats.




                                                    Miriam Adelman em Girona, Espanha.

                                                   
      


Poemas: Miriam Adelman 
Fotos: Izabel Liviski




  
Izabel Liviski é Fotógrafa e Mestre em Sociologia pela UFPR.  Pesquisadora de História da Arte; Sociologia da Imagem e da Cultura.  Escreve a coluna INCONTROS quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.


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Dossiê Ciência, Tecnologia e Inovação - Revista Contemporâneos está on line



Está on line a edição nr. 9 da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades.

Nesse número, trazemos o dossiê - Ciência, Tecnologia e Inovação - Dilemas e Dimensões Sociais - que conta com 8 artigos, 1 opinião e 2 entrevistas. O número ainda traz quatro artigos independentes, sendo que um é de Ana Valeria Celestino, da Universidade Livre de Berlim.

Vale a pena conferir.



O número traz duas entrevistas: uma cyberespaço e uma sobre Interação Humano Computador.


O dossiê Ciência, Tecnologia e Inovação traz artigos sobre inovação tecnológica, controvérsias científicas e discussões como a questão das células tronco embrionárias. Na opinião, trazemos opiniões dos leitores sobre  a relação meio ambiente e tecnologia.

                                         *               *                     *

A Contemporartes - Revista de Difusão Cultural fez uma parceria com o Jornal Bom Dia (Jaú- SP). Semanalmente são publicadas colunas que já foram publicadas aqui na Contemporartes.

Seguem os links das duas primeiras abaixo:


Osso Duro de Roer de Katia Peixoto dos Santos e Leandro de Carvalho (As Horas), p. 7



*               *                     *

Para os alunos da UFABC


Segue abaixo link de inscrição para o programa Memória dos Paladares aprovado pelo PROEXT/ 2011.
A inscrição está aberta pelo site da proex até domingo, 18, e a entrevista será terça-feira dia 20 na Catequese.
Mais detalhes e fichas de inscrição ver:
http://extensao.ufabc.edu.br/index.php/proext-mec/chamada-publica-no-0012011/252-chamada-publica-0012011-bolsas-para-o-programa-memoria-dos-paladares.html
Quem quiser atuar como voluntário, também pode se inscrever.

*               *                     *
Sugestão de notícia enviada pela colunista Soraia O. Costa - Neblina sobre trilhos


Documentário "O Acre Existe" 

"o documentário "O Acre Existe", é um projeto independente que visa retratar uma incursão antropológica no Brasil e está precisando da ajuda de vocês,  por favor ajudem a divulgar e se possível façam uma doação. Sexta-Feira dia 16/12/2011 sairemos de SP.  Acompanhem nossa aventura através do site: www.oacreexiste.com"  

Raoni Gruber, cineasta envolvido no projeto.

Outras informações:

O documentário “O Acre Existe” é um projeto independente que visa retratar uma incursão antropológica no Brasil. Dois cineastas (Bruno Graziano e Raoni Gruber) e dois jornalistas (Milton Leal e Paulo Silva Jr.) saem do coração da selva de pedra de São Paulo e, entre 10 mil quilômetros de estradas, histórias e descobertas junto aos povos da floresta, mostram o caminho pelo interior do Brasil até o Estado do Acre.
Nossa meta aqui no Catarse é arrecadar R$30 mil!
Visite nosso blog para saber mais sobre o filme. Clique em COMOAJUDAR para ver em detalhes os custos envolvidos no projeto.
www.oacreexiste.com
Ao completar 50 anos de existência como Estado brasileiro, o Acre ainda é uma região à margem da mídia nacional. É muito relevante retratar a contemporaneidade da cultura acreana e suas particularidades. Mostrar por meio de imagens e depoimentos como vivem, o que pensam e quem são os brasileiros que habitam o extremo oeste do território nacional. Até lá, um longo caminho de descobertas do suposto centro do País até a Amazônia acreana.
Partindo de São Paulo, a viagem de carro passa por vários Estados até chegar ao Acre, onde serão visitadas cidades como Rio Branco, Xapuri, Brasileia, Assis Brasil, Sena Madureira, Manuel Urbano, Feijó e Cruzeiro do Sul.
A captação será feita entre os dias 16 de dezembro de 2011 e 10 de fevereiro de 2012 com duas câmeras profissionais “full HD” e equipamento profissional de áudio. A finalização de imagem será feita numa ilha de edição dedicada, em programas como Final Cut, After Effects, Color e Motion. A pós-produção de áudio e a trilha sonora serão feitas em um estúdio profissional. O filme será finalizado em HDCAM, arquivo digital em alta definição e DVD.
O documentário está previsto para ser lançado no segundo semestre de 2012, visando a estreia no Festival do Rio, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e Festival de Cinema da Amazônia.


Contato
Milton Leal
Produtor
11 8374-7817      




Ana Maria Dietrich é líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos e Pesquisas da Contemporaneidade - UFABC (LEPCON) que publica as revistas Contemporâneos e Contemporartes. Pós-doutora em Sociologia/ UNICAMP.
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Congresso Nacional da UNEGRO: Negras e negros compartilhando o poder


Diante de fatos expostos na mídia sobre o Racismo no Brasil,resolvi postar com a permissão do autor um texto que trata sobre a questão do movimento negro e seus planos para melhorar a vida de todos que sofrem discriminação no País.

EDSON FRANÇA
PRESIDENTE
Historiador. Membro do Comitê Central do PCdoB. Membro do Conselho Nacional de Igualdade Racial - CNPIR, na vaga de Notório Reconhecimento em Relações Raciais e Presidente Nacional da Unegro.
e-mail: edson.franca@unegro.org.br

Entre os dias 10 e 13 de novembro realizou-se o 4º Congresso Nacional da UNEGRO, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, Brasília/DF. Evento que envolveu 700 delegados e delegadas tiradas em plenárias realizadas em 23 estados e Distrito Federal, dando mostra da força da Entidade. Consideramos que somente defendendo uma causa justa, importante para a nação, com política acertada é possível uma organização de movimento social aos 23 anos de existência apresentar sólido e contínuo crescimento, especialmente quando se trata da luta antirracismo, que é subestimada sua importância e mal compreendida por vários setores, inclusive no campo progressista. 

As plenárias preparatórias ocorridas em 23 estados e Distrito Federal atingiram a marca de 7.800 filiados e filiadas, momento em que discutiram a tese do congresso, elegeram direções municipais e estaduais, elaboraram planos de ação para atuação local. Com isso a UNEGRO se consolida nos estados, mas fica o desafio de melhor nivelamento da Entidade, pois nossa organização em diferentes estados continua assimétrica. 

Vários temas em pauta no movimento negro foram debatidos no congresso, como educação, saúde, cultura, trabalho, juventude, mulher, comunicação, LGBT, quilombos, religiões de matriz africanas, todos compreendidos como focos de atuação e estruturação prática do racismo e da desigualdade social em nosso país. 

No entanto, eixo principal de preocupação e abordagem da militância unegrina está explícito no tema do congresso: “Negras e negros compartilhando o poder”. Visto que a reduzidíssima representatividade negra em espaços de poder tem dificultado a implementação das políticas de igualdade racial. De modo que parte significativa das conquistas do movimento negro ainda não saiu do papel.


Nesse tema a UNEGRO trabalhou para superar o empirismo, após definirmos o tema do 4º Congresso realizamos um levantamento sobre a presença de negros e negras nas Assembleias Legislativas de todos estados e Distrito Federal, nas Câmaras de Vereadores das 26 capitais e no Congresso Nacional, em parceria com a Pró-reitora Adjunta da Universidade Federal de Ouro Preto. Esse material deu subsídio a formulação da nossa crítica, pois desnudamos a trágica cara dos parlamentos no Brasil. Constatamos a ausência de negros e negras em onze Assembleias Legislativas, temos cinco Câmaras de Vereadores de capitais sem nenhum negro e apenas 8,3% de negros no Congresso Nacional.

Verificamos, também, sinais preocupantes do governo na temática: ausência de ministros negros e de negros em cargos importantes no Governo Dilma; contingenciamento dos recursos para políticas de igualdade racial locados na Fundação Cultural Palmares - FCP e na Secretaria de Políticas de Igualdade Racial – SEPPIR, deixando os órgãos sem condições de operar suas políticas, exemplo disso é a retração de 56,9% da execução orçamentária da SEPPIR em 2010 atingindo letalmente o Brasil Quilombola. Por fim, preocupa-nos a proposta veiculada pela mídia da fusão da SEPPIR, Secretaria de Mulheres – SPM, Secretaria Nacional de Juventude, INCRA e Secretaria Nacional de Direitos Humanos em um único ministério, fato que pode invisibilizar e tirar os protagonismos das mulheres, negros, jovens e índios das políticas públicas de suas especificidades. 

Diante do quadro desolador, da ausência de negros em espaços de poder e da retração do recurso e das políticas de igualdade racial iniciadas no governo Lula, verificado pelo 4º Congresso Nacional da UNEGRO, compreendeu que a democracia brasileira está em cheque. Para superar esse quadro a UNEGRO defende, em médio prazo, uma agenda de positiva que inclua as reformas política, tributária, agrária, na comunicação e na educação, com vista a desenvolver o país, combater a desigualdade, promover o povo e regatar a população negra da condição de marginalidade. 

Em curto prazo, protocolamos uma carta a Presidenta Dilma Rousseff com uma série de pleitos para igualdade racial exigiu reforma ministerial para incluir negros e negros nos ministérios; censo dos comissionados no governo federal, pois temos que saber quantos, onde e como estão os negros na gestão pública federal; aprofundamento das políticas de promoção da igualdade racial iniciadas pelo Governo Lula, para isso é fundamental descontingenciar os recursos da SEPPIR e da FCP e dotá-las de mais recursos na próxima peça orçamentária; manutenção das estruturas da SEPPIR, SPM, Secretaria Nacional de Juventude, INCRA e Secretaria de Direitos Humanos; e regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial.

Alexandra filiada ao PCdoB,
unegrina,graduanda  em
 Pedagogia pela  Uniabc.
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Um pouco de Pablo Neruda



Pablo Neruda foi um poeta chileno mais importante para a literatura de língua espanhola no século XX.  Neruda nasceu na cidade de Parral, interior do Chile, e viveu seus últimos dias em Santiago.

O nome Pablo Neruda, foi adotado devido ao seu gosto pelo escritor Jan Neruda, pois seu nome verdadeiro é Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Dedicou diversos textos a sua primeira esposa Trinidad Candia Marverde. Foi professor da Universidade do Chile no ano de 1921.

Entre suas produções, destacam-se o Crespusculário, publicado em 1923. No ano seguinte publica “Veinte Pomeas de amor y uma canción desesperada”. Além de poemas, em 1926 publica sua primeira novela “El habitante y su esperanza”.  Em 1959 publica uma de suas obras mais conhecidas, “Cien sonetos de amor”, pela Editora Universitária, em Santiago. Em 1974 é publicado um livro autobiográfico “Confiesso que he vivido”, póstumo.

Pablo Neruda foi homenageado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford e em 1971 recebeu o prêmio Nobel de Literatura.


A Dança

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio 
ou flecha de cravos que propagam o fogo: 
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.


Te amo como a planta que não floresce e leva 
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo 
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo directamente sem problemas nem orgulho: 
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 
Se não assim deste modo em que não sou nem és 
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha 
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


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Angela Adonica

Hoje deitei-me junto a uma jovem pura
como se na margem de um oceano branco,
como se no centro de uma ardente estrela
de lento espaço. 

Do seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca,
em transparentes e profundos círculos
de fresca força. 

Seu peito como um fogo de duas chamas
ardía em duas regiões levantado,
e num duplo rio chegava a seus pés,
grandes e claros. 

Um clima de ouro madrugava apenas
as diurnas longitudes do seu corpo
enchendo-o de frutas extendidas
e oculto fogo.

Renato Dering é escritor, mestrando em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo graduado também em Letras (Português) pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Realizou estágio como roteirista na TV UFG e em seu Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolveu pesquisa acerca da contística brasileira e roteirização fílmica. Atualmente também pesquisa a Literatura e Cultura de massa. É idealizador e administrador do site EFFI, que divulga o cinema e conteúdos audiovisuais. Contato: renatodering@gmail.com @rdering

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Guerra



Guerra

Nos caminhos da vida e das desilusões
Penso sempre em D. Quixote e em seu mundo imaginário
Que homem feliz! Lutou por seus princípios
não se subjugou, não morreu para os sonhos, percebeu
a mesquinhez dos homens e lutou por sua liberdade de pensar
Quando penso na guerra e nos mortos por decisões imbecis
equivocadas e repentinas
Me pergunto como o homem que se vangloria tanto do seu
lado racional pode guerrear? Aonde foram as palavras,
o poder de persuasão, os argumentos e
o desejo de mostrar a superioridade humana?
Tudo caiu por terra nessa selva de interesses
Se há a necessidade de armas para conseguir mostrar o poder
Que mundo racional é esse? que matou as palavras, os versos, os discursos e a dialética.
O vitorioso de uma guerra estúpida é um imbecil confesso
que não sabe construir não sabe mandar. É o rei do vazio
que conseguiu pelas mortes de sua barbárie
O que vale ser rei em um reinado construído sobre pilares
frágeis com alicerces amalgamados pela força bruta, animal e
pelo abandono da complexidade humana.
Oh! poetas Oh! filósofos Oh! artistas E tantos outros pensadores!
 As suas bases é que constroem um reinado justo e
que destroem a imbecilidade da força
Quando o sr. ou srs. da guerra se olharem no espelho para se vangloriarem
de seus poderes verão refletido no espelho não
o semblante de um D. Quixote sonhador mas a face de um tirano, destruidor
desprovido de razão e emoção e que nem de longe se parece
aos animais!




Heloisa Helena da Fonseca Carneiro Leão é doutora em Ciências Sociais e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP. Pós-graduada em Historia da Arte pela FAAPSP e em Arte e Tecnologia pelo Centro Universitário Belas Artes SP. Bacharel em pintura pelo Centro Universitário Belas Artes SP. Licenciada em Artes Plásticas pela Faculdade Paulista de Arte SP. Professora da Faculdade Paulista de Arte de SP. Pesquisadora da PUCSP nos grupos de estudo: Núcleo de Estudos da Complexidade – Complexus, Leituras Básicas de Peirce CIEP - Centro Internacional de Estudos Peirceanos - PUC-SP
e-mail heloisaleao@globo.com

A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.

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