A coluna
Incontros inicia uma série que vai trazer alguns fotógrafos paranaenses emergentes ou já conhecidos e consagrados. Através de entrevistas e fotografias vamos conher o estilo pessoal e a imagética de cada um deles. Hoje trazemos Cadu Silvério e uma mostra de seu portfolio, composto de um corpus fotográfico diversificado e primoroso em composição e técnica.
Carlos Eduardo da Silva Silvério dos Santos, mais conhecido como Cadu Silvério, é curitibano, nascido em 1979, formado em Jornalismo com Especialização em Fotografia pela UEL – Universidade Estadual de Londrina. Atua há oito anos no mercado, com trabalhos publicados em diversos veículos institucionais, além de trabalhos documentais, books assinados e cobertura de eventos corporativos e sociais.
Participou também, entre 2010 e 2011 como professor do Curso de Capacitação para Professores em Fotografias da Natureza, organizado pelo departamento de Educação da UFPR.
O espectador constrói a imagem e a imagem constrói o espectador (Jacques Aumont)
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Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina"
1. Quando começou a fotografar e motivado pelo que?
Acredito que desde pequeno já existia essa atração, alguma coisa dentro de mim que fez eu ir atrás como profissional. Meu interesse pela fotografia veio através da necessidade de ter um curso extracurricular para completar a grade na faculdade de Jornalismo. Lá, o curso de Fotografia era superficial, então procurei me aprofundar no assunto e fui atrás de algo mais completo. Durante cinco meses estudei Técnica Fotográfica com a Fernanda Biazetto Vilar Fabricio, hoje professora de Fotografia, Estética e Arte na PUC – Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Naquela época, fiz um ano de fotografia na Escola de Fotografia Portfólio, estudando desde o Pensar Fotográfico até os procedimentos de revelação em laboratório. A partir daí não larguei mais a fotografia. Quando concluí a faculdade de Jornalismo, fui para Londrina atrás do conceituado curso de Especialização em Fotografia da UEL – Universidade Estadual de Londrina. Aí sim, respirava fotografia todos os dias.
" O escritor Cristóvão Tezza em sua residência"
2. Teve alguma influência decisiva no seu fazer fotográfico?
Sim, nas primeiras aulas de fotografia da UEL, estava diante dos grandes “Monstros da Fotografia”, como Clicio Barroso, Fernanda Magalhães e Simonetta Persichetti. Foram eles que me despertaram para a profissão, para a figura do fotógrafo. A partir disso me dispus a ir atrás do conhecimento e da prática que me faltavam. A fotografia tornara-se minha vida. Foi um ano de preparação, conhecimento e satisfação com o que estava fazendo.
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Navio Mariner of the Seas"
3. Qual a área da fotografia que mais o interessa?
Todo o meu trabalho é voltado para fotografia de pessoas. O foco profissional é total em retratos. Seja em ensaios, eventos corporativos, eventos sociais, editoriais, enfim, retrato tem se tornado a minha especialidade. Agora, quando entro de férias, a minha satisfação vem com a fotografia documental, é a área que eu mais me identifico. Além de ter uma linguagem muito forte, entrar na vida das pessoas e poder documentar o habitat, a cultura delas. É uma das coisas que me faz aprofundar ainda mais na fotografia.
"Foto documental"
4. Como foi sua experiência como fotógrafo na revista
Interview?
Trabalhar com revista sempre foi um grande sonho. Quando recebi a proposta através do editor e jornalista Fernando Henrique Oliveira, vi que era um grande desafio. A revista Interview vinha com a chancela da conceituada Editora Abril, tiragem de 18 mil exemplares, 100% produzida em Curitiba. Aceitei a proposta de imediato! Oportunidade única. Foi a primeira vez que trabalhei com revista e as primeiras vezes são sempre as decisivas e as que fazem aumentar a minha adrenalina. (risos). Produzia 80% do material fotográfico. Desde os editoriais aos eventos da cidade. Acompanhei as pautas, registrando diversos perfis de personalidades curitibanas. Lidei com situações onde há toda uma produção para passar uma ideia previamente concebida, e por outras, fotos espontâneas de situações onde o inesperado é a peça fundamental do registro. Tudo era muito rápido. Produzia o material e em seguida já encaminhava para São Paulo. O que ficou foi uma experiência única que vem abrindo muitas portas.
"Atriz Regina Vogue, Curitiba"
5. Como você define seu próprio trabalho?
Gosto de citar uma frase do grande fotógrafo Ansel Adams: "Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar, trazemos todos os livros que lemos os filmes que vimos à música que ouvimos as pessoas que amamos".Eu me envolvo integralmente enquanto estou desenvolvendo um trabalho, seja ele um editorial, uma publicidade, um ensaio para uma exposição, um book ou um evento. O conceito é direto. Unir o momento certo, aliado a uma boa ideia e alguma técnica. Minha preocupação ao produzir uma imagem é principalmente com o fato de ser fiel ao tema proposto, ao belo, ao bem composto e a superação de expectativas.
"Crianças no Peru"
“Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda sua cultura”. Sebastião Salgado.
"Torre da Telepar, Curitiba"
“A gente olha e pensa: Quando aperto? Agora? Agora? Agora? Entende? A emoção vai subindo e, de repente, pronto. É como um orgasmo, tem uma hora que explode. Ou temos o instante certo, ou o perdemos... e não podemos recomeçar...” Cartier Bresson.
"Paço da Liberdade, Curitiba"
“A fotografia é uma forma de ficção. É ao mesmo tempo um registro da realidade e um auto-retrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira.” Gérard Castello Lopes.
"Ilha de Superagui, litoral do Paraná"
“A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmera para algum objeto ou sujeito, constrói-se um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-las.” Autor desconhecido.
Fotos: Cadu Silvério
Texto: Izabel Liviski
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