Versos rasgados
Hoje, apresentarei a vocês, leitores, alguns poemas que escrevi. Já, de antemão, utilizo de ideias da minha amada Maria Bethânia que diz não ser cantora, mas intérprete. Modificando as palavras desta grande cantora da música brasileira, digo que não sou poeta, escrevo versos.
Pra que tentar explicar o inexplicável
Pra que entender o inintendível
Viver seria apenas um fardo
Se tudo fosse meticulosamente calculado.
Dizem que as cabras
com suas patas
perfuram o chão
Elas pisam o pedregulho
E com as patas
perseguem a imanência divina
Todos os dias
nos tornamos cabras
e nossas palavras
se convertem em patas
que penetram o chão
das palavras
que cada homem guarda em si.
Era ele
era eu
Sob o alvo tecido
destacava-se a pele branca
deleite, desejo, luz, som
tudo fugiu
naquele instante
em que encontrei comigo mesmo
A confusão de sentidos
defrontou a imagem de mim
silêncio
De medo abriu-se a boca carmim
E o corpo lânguido
desfez-se em milhões de sentidos.
Rodrigo C. M. Machado é mestrando em Letras, com ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Viçosa. Dedica-se ao estudo da poesia portuguesa contemporânea, com destaque para a lírica de Sophia de Mello Breyner Andresen.
1 comentários:
lindo, ro... adorei a lembrança da musa Maria Bethânia. bjs
14 de abril de 2012 às 17:57Postar um comentário
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