Viagem ao desconhecido.





Ter o pensamento de quem viaja à Índia ou ao Nepal: a mente aberta e todo o ser inundado de respeito pelo desconhecido, pela fé alheia e suas práticas, suas crenças, seus milagres.
Assim é viajar ao Roncador. Prepare-se, em primeiro, para uma expedição, porque o próprio lugar, natural, entranhado no coração do Brasil, já se mostra um obstáculo relevante, difícil de ser superado. Não sei mensurar em quilômetros, mas sei que se trata de longuíssima viagem: um avião até Goiânia, depois um ônibus até Barra do Garças - uma cidade com águas quentes que brotam e águas geladas que caem de cascatas e cachoeiras, cidade influenciada pelo misticismo e que tem estátua em homenagem a um tal de coronel Fawcet, de que nunca tinha ouvido falar, até pôr lá os pés - e depois outra viagem até o Roncador, (que inclui uma balsa).

está aí o homem que inspirou o personagem Indiana Jones
Ali você já começa a "viagem", à medida em que toma contato com temas nada usuais, como seres extraterrestres, seres intraterrenos, Atlântida, sexta raça e o próprio Roncador.
Então, por estar dentro do Brasil, pode-se cair na armadilha de tratar com desprezo conceitos que ninguém pode afirmar com certeza serem reais ou não. Não se faria isso na Índia ou no Japão, onde deuses exóticos e práticas espirituais profundas são capazes de ganhar, não se sabe se pela distância, ou se porque não são totalmente desconhecidos, em virtude da globalização, uma reverência maior entre nós. Mas no meio do fim do mundo (em que pretende-se um novo começo) é bem mais plausível cair no deboche, ou no preconceito, e é preciso ter cuidado pra não incidir nesse senso comum, ter os ouvidos abertos, o coração no comando e deixar a mente falar o menos possível.
Foi com este pensamento que cheguei àquele lugar, apesar das minhas imensas dificuldades: aproveitar toda energia dali emanada e ter sob o máximo controle, a razão - que me diria, como várias vezes disse, (mesmo sob o persistente protesto de uma consciência maior), que tudo aquilo não era possível.
Como seria possível recomeçar o mundo de um lugar ermo? sem hospital, sem emprego, sem comércio nenhum, longe de tudo??
Oras, (a mesma razão me dizia), não era assim, afinal, que tudo tinha começado??? Não puseram a capital do país no meio do cerrado, quando não havia quase nada?? 
Não foi a partir de uma ideia sem pé nem cabeça, que no passado remoto e talvez até no recente, surgiram civilizações inteiras?
E o que contava ainda mais pontos era que o Roncador está mesmo longe de tudo, mas parece estar bem pertinho de Deus, no meio de uma natureza exuberante, próximo do rio mais limpo do Brasil: o rio Araguaia - o rio dos mortos (lindíssimo).

aqui tem uma balsa bem precária, os ônibus têm que se movimentar em cima dela, para baixo e para cima, pra balsa não emperrar no fundo.



E então, as coisas novas sendo apresentadas, novo discurso, novos conceitos, muitas explicações e coisas que eu pensava algum dia terem vindo de dentro de mim, da minha capacidade de imaginar, e que eu concluí, enfim, talvez, não tenham vindo de dentro de mim, mas de um conhecimento anterior.
Afinal, em criança, eu brincava que as bonecas moravam no sol, coisa que a ciência sabe impossível, mas para o místico, como para o poeta, o impossível não existe.
Presenciei práticas de cura impressionantes e inacreditáveis. Dentro de um santuário natural e magnífico, uma gruta, no seio da terra, forrada de penduricalhos de pedra, mais ricos que os lustres de cristal mais caro, pessoas vestidas de branco, vela na mão, cantando incessantemente, enquanto a vestal maior (a mulher que serve ao ritual de cura) opera os místicos que lá foram procurar a cura da alma ou do corpo.
Um espectáculo belíssimo, no ventre da mãe natureza - num ventre outra vez, enfim. E somos envolvidos por aquela magia e crença, aquela força que, ainda que não brotasse da fonte mágica do Universo, por si só seria uma magia - duzentas pessoas de branco, reluzindo à luz de velas, na penumbra da caverna enquanto canta, (enquanto canta).













É tudo incrível, mas magnífico, como é magnífico o Incompreensível.
Os gnósticos te põem a trabalhar nas cirurgias de cura, principalmente os estreantes, para colaborar com a prática, bem como servir de testemunha daquele procedimento e materializações que se fazem a olhos vistos.
Pensei em Chico Xavier ao assistir o ritual de cura. Em como as pessoas vinham de todos os lugares do Brasil e do mundo pra falar com ele, serem tratadas por ele. Também, em como a mídia tentava desqualificar seu trabalho, desmascarar o enigma e acreditei que, no Roncador, está a operar-se um fenômeno parecido.
Emocionei-me várias vezes. As pessoas que compõem o Roncador, em sua maioria, estão completamente envolvidas naquelas verdades e objetivo e é difícil não se deixar contagiar, não se deixar levar pela maré de emoções e vibrações daquelas almas dedicadas à sua causa, a qual seria a causa (e a casa) de uma nova humanidade.





Haveria muitas coisas mais a dizer, injustiças cometidas contra mártires e santos e que lá são corrigidas, sentimento de fraternidade, organização e funcionamento harmônicos, confiança e tranquilidade.
Mas imagine se tenho conhecimento pra partilhar, palmilhando que estou nesse entendimento, haja vista que ainda resisto à compreensão do inexplicável, com medo de que meu entendimento prejudique o exercício de elucubração, a capacidade de contemplação, em que se nutre minha poesia.
Então fecho este relato falando de mim:
Eu sempre acreditei num amor infinito, maior que todos os sentimentos, que todas as dificuldades. Um amor que fosse capaz de superar todos os obstáculos e resistisse às intempéries do mundo, mesmo que a psicologia diga o contrário, mesmo que todas as pessoas "sensatas" digam o contrário.
E o Roncador - realidade que eu jamais sonhei, chegou a mim por ele. 
Com isso, mesmo nos dias de hoje, a perspectiva de um amor que dure, um amor resplandecente, imbatível, como de Jesus e Maria Madalena, igualmente se materializou.

o santo graal




Ela, Maria Madalena, a vestal símbolo de entrega, que sofreu as dores da cruz, que primeiro viu o Cristo ressuscitado e com quem, hoje, me sinto tão identificada, ao viver o amor que eu sempre quis, mas sequer ainda acreditava merecer.
Minha maior gratidão ao Roncador é ter preparado pra mim o asilo de alegria em que hoje repouso, mesmo diante de todas as inquietações do novo que se abre para mim.
Quero esclarecer aqui que não tenho religião definida, (apesar de criada na religião católica, a religião de meus antepassados, cujos símbolos e práticas igualmente respeito - e, mais ainda, venero - e conhecer um pouco os fundamentos do kardecismo, pelos livros de André Luiz). Alguém me disse uma vez que uma pessoa assim, que crê, mas não segue uma única doutrina é agnóstica - o contrário de gnóstica?
...
Sou curiosa à minha maneira. 
O místico sempre fez parte de mim e eu creio que não há nada no Universo que não esteja conectado com a Grandeza e infestado de Mistério. Mas não sei se quero pôr a mão nessa cumbuca.
Contudo, é bom que saibam que tem cada vez mais gente pondo a mão aí e, interagindo com Mestres de mundos elevados e teoria científica aliada ao exótico e quase impenetrável, mundo oculto, se sentindo feliz da vida.
Ah, pra completar, e a quem interessar possa, no Roncador, o céu parece mais longe - mas é apenas porque assim, vê-se melhor as estrelas.




ouça esta canção e entenda com o coração o que não está dito










Larissa Germano é autora de "Cinzas e Cheiros" e escreve nos blogs Palavras Apenas (naoapenaspalavras.blogspot.com) e Nunca Te Vi Sempre Te Amei (cafehparis.blogspot.com), Tem perfil no facebook e no twitter e a página Lári Prosa e Trova no facebook. É também compositora intuitiva e tem perfil no Sound Cloud e Youtube. 
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UMA CARTA DE AMOR...

Com a  proximidade do Dia dos Namorados, me pergunto se as pessoas ainda escrevem cartas de amor umas para as outras. Hoje trago a carta de amor de uma mulher que foi abandonada mas que ainda ama e sofre. Porque amor e dor quase sempre andam juntos...



Todas as cartas de amor são Ridículas
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Álvaro de Campos


Amado,

É muito tarde. Estou sozinha em casa. Como sempre. Sou sozinha. Meu gato dorme no sofá. Mal ou bem, é uma companhia, embora dorminhoca. Para acordá-lo, é fácil. Basta sussurrar seu nome e ele acorda imediatamente. E já não estarei só. Mas não farei isso, pois sei o quanto é bom dormir. Além disso, a insone sou eu...

Gato num travesseiro amarelo, de Franz Marc

Estou tão cansada. O corpo grita de sono, mas ele não vem. Então escrevo.
Dizem que a noite é dos espíritos, mas eu não os temo, pois nada me assusta mais do que a solidão. Ela é terrível e eu estou mergulhada nela, encharcada de solidão, molhada até os ossos. A solidão dói.
Durante o dia, trabalho, estudo e produzo; consigo esquecer que sou só porque estou cercada de pessoas por todos os lados, mas quando a noite vem, inexorável, fico perdida nesta casa, que fica imensa sem você.
Talvez eu pareça fraca e medrosa, mas não ligo de mostrar fraqueza, cansei de fingir que sou forte. Sou só uma mulher que foi abandonada, tristemente abandonada. E estou desmascarada e desarmada, não tenho mais com o que lutar. Minha única força provêm das palavras, escritas nas cartas que lhe envio, diligentemente, dia após dia.  Elas são tudo o que possuo, tudo o que posso argumentar para que você volte pra mim.

Les pommes masquées, de René Magritte

Em relação à você, é assim que me sinto: desmascarada.
Lembro-me daquele quadro de Magritte  onde maçãs usam máscaras, tentando inutilmente se disfarçar. Mas é gritante a sua natureza e de longe percebe-se que são maçãs, ridiculamente escondidas.
 Sim, caíram todas as minhas máscaras, uma a uma. Estou desnuda. Não tenho mais nada a esconder. Sou o que sou. Aceita-me ou não?
Sei que pareço doente e me justifico demais. Não é bom. As pessoas  se acostumam a ouvir explicações e então toda a sua vida tem de ser relatada por pequenos depoimentos. Queria um dia, pelo menos um, chegar bem tarde no trabalho e não ter que responder perguntas.


Pintura de Anouk-Lakasse

Essa cidade é fria. Já viajei muito e não vi um frio como esse. É um frio doído, desgastante. O vento castiga os cabelos e a pele e embora eu adore o vento, tenho me protegido constantemente com um lenço ou echarpe.
Mas sei que você tem pressa e os meus cotidianos problemas não lhe interessam, embora eu tenha a esperança de que você receba as minhas cartas e nesse momento, ao menos aí, você pare um pouco e leia devagar, tentando saborear e entender cada palavra do que te escrevo. Ou será que, terrível hipótese, você nem ao menos abre as cartas que lhe envio? Será que ao receber a carta, você, reconhecendo, minha caligrafia quase ilegível, imediatamente a joga no lixo, com raiva? Ou, pior ainda, sem raiva, totalmente indiferente, com o suave desprezo dos que não amam, coloca a carta de lado e simplesmente a esquece? Meu Deus, isso eu nunca saberei. Nunca.


O que você tem feito nesses dias em que não estou a seu  lado? Sei que trabalha demais e que à noite freqüenta bons restaurantes. Mais tarde ainda, já em casa, lê muito antes de dormir. Essa é a rotina de sua vida. Mas, e agora? Tem sido assim ou algo mudou? Não, não farei a pergunta que você está esperando. Sou discretíssima. Sempre fui.
Em casa fico imaginando o que fazer. Li uma vez numa revista que arrumar armários e organizar coisas pessoais ajuda a passar o  tempo e  acalma. Mas a noite é longa e não sei quantas vezes já arrumei o meu armário e organizei meus livros e discos. Tudo lembra você. Não sei mais o que fazer.  Estou atenta a tudo  e tudo é você.
 
Pintura de Margaret Keane
O que aconteceu conosco? Essa é a pergunta que me faço e não consigo responder. Para onde foi aquele brilho, aquela energia que nos ligava? Não vou falar de amor. Você nunca disse que me amava. Eu também não. Mas sempre, sempre te amei. Não, não quero falar de amor. Falemos de ...bichos... Você sabe que tenho um gato e ele se chama Guapo. É um gato gordo e bonachão, um gato que  parece  velho, embora não tenha um ano de idade. Como algumas pessoas, ele aparenta mais idade. E como algumas pessoas, é  confiável. É  meu companheiro e à noite, quando chego em casa, ainda no quintal ele pressente minha presença e começa miar. Os gatos são extremamente intuitivos. Quando estou muito triste ele pula no meu colo e começa a ronronar. Sei que é para me confortar. É isso que sou, amado. Uma mulher que chega do trabalho à noite e tem um gato como companhia.
Se quiser me encontrar, você sabe onde. Estarei esperando. Como sempre. 
 Com todo meu amor,

Eu



O gato de Chezhire, de Oxana Zaika



Imagens retiradas da Internet, sem fins comerciais:

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Tarô de Namur






Vanisse Simone Alves Corrêa é doutoranda em Educação pela UFPR e co-editora da Revista Contemporartes. Já escreveu e recebeu muitas cartas de amor.
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O Sebastianismo como tema na Literatura Portuguesa




Quando é o Rei? Quando é a hora?
Fernando Pessoa


Vem, Desejado! Regressa do sono encantado e da impossível lonjura. Volta à pátria escura que aguarda o clarim despertado. Retorna, Senhor de Portugal. Vê o antigo areal e convoca para junto o povo e de novo o governa. Senhor, a loucura que há muito o tomou, há muito também nos deixou.

Braga Nunes


O Sebastianismo é um mito de cunho messiânico que vem se modificando através da história portuguesa, tomando variadas formas e proporções. Diversos são os autores que trataram do tema, mas talvez possamos atribuir à Oliveira Martins, em História de Portugal (1879), a primeira grande tentativa de se interpretar o sebastianismo a partir do pensamento histórico português. O autor aponta o fenômeno sebástico como parte inerente à constituição do povo lusitano, iniciado no íntimo da nação e efetivado como prova de nacionalismo.

E quando vemos que a alma religiosa da nação, retraindo-se ao seu âmago íntimo, criando espontaneamente uma fé, ao lado do catolicismo dogmático e transcendente, imposto, importado, e mal definido nas consciências, constrói essa fé com os materiais conhecidos das antigas religiões naturalistas dos celtas; quando vemos que D. Sebastião se transforma num rei Artur, escondido na ilha viçosa dos bardos: somos, com efeito, levados a supor que o elemento primitivaente dominante nas populações é em Portugal celta, pois que seus frutos ingênuos e espontâneos têm a cor e a forma dos produtos dessa raça. (MARTINS, p. 87, 1951)

            Ao comparar D. Sebastião e Rei Artur, Oliveira Martins retoma o princípio céltico-lusitano e, consequentemente, a figura de um Viriato, presente na proto-história portuguesa. Toda uma estrutura se consagra dessa forma e a visão apresentada por Martins em História de Portugal - mais tarde, em Portugal Contemporâneo (1881) - influenciaria pensadores e artistas. Assim, ficava justificado o sebastianismo como fé natural que nasce do embate entre uma crença íntima (antigas religiões naturalistas dos celtas) e uma “importada” (o catolicismo dogmático), ganhando corpo a partir do desaparecimento do Rei Desejado em Alcácer Quibir. “O sebastianismo era pois uma explosão de desesperança, uma manifestação do gênio natural íntimo da raça” (MARTINS, p. 93, 1951).
El Rei D. Sebastião (1554-1578)
             Em O Encoberto (1904), Sampaio Bruno (pseudônimo de José Pereira de Sampaio) fora contra várias das ideias defendidas por Oliveira Martins. Segundo ele, o sebastianismo não deve ser confundido com messianismo de Portugal e não se deve buscar na crença sebástica “uma manifestação íntima da raça”. Para Bruno, o sebastianismo, entendido em seu sentido mais amplo e profundo, é a encarnação simbólica do desejo universal de libertação. O Encoberto seria a figura libertadora por excelência, aquele que viria para trazer a paz universal, não se limitando ao povo português num dado momento de sua história, mas abarcando todo o desejo de liberdade presente no ser humano. Dessa forma, o D. Sebastião retornado – “não o que houve, mas o que há” – não seria um rei ou um povo, mas a vontade que busca libertar-se.
            Tantos outros poderiam ser aqui citados: António Sérgio, com o artigo Interpretação não romântica do Sebastianismo (1917), onde a teoria de Oliveira Martins é tida como um “devaneio romântico” e compra-se a ideia do bandarrismo como prolongamento de um pensamento messiânico judaico; Lúcio de Azevedo, em A Evolução do Sebastianismo (1918) e seus estudos sobre o Padre António Vieira; Afonso Lopes Vieira, tomado de um ardor patriótico e doutrinário, compondo O Túmulo de D. Sebastião, Em Demanda do Graal (1922); e ainda muitos mais, Antero de Fiqueiredo, Carlos Malheiro Dias, Petrus e etc.

O sonho e a lenda evoluem em Mito e de luzeiro de Esperança na restauração da grandeza perdida eleva-se religiosamente ao resgate do próprio Homem prometido pelos Profetas, desde as profundidades do Mundo Bíblico, às pobres criaturas caídas em terrenal degradação. (PETRUS, p. 272, s.d.)

Fica o corpo de um povo em suspenso. Sofrido aguarda o retornar de um Rei passado e, no seu velar esperado, encontra calma e sustento. Cresce a fé e a esperança cresce, afasta-se no tempo a batalha d’África. “Quando é a hora?” José Agostinho de Macedo, em 1810, publicou um opúsculo intitulado Os Sebastianistas – Reflexões sobre esta ridícula seita, onde demonstrou todo seu anti-sebastianismo:

“Na História Universal da Demência humana, ainda não apareceu nem aparecerá hum delírio semelhante. Custa a compreender como se haja podido arreigar e dilatar esta pueril credulidade, que, se pode ter alguma desculpa nos anos próximos a morte e fatal desventura do Augustíssimo Senhor Rei D. Sebastião, que santa gloria haja, é impossível que a encontre agora diante do Tribunal da Razão.” (MACEDO, p. 13, 1810)


Para Macedo, toda a crença não passava de um atraso, assim como para Costa Lobo, em Origens do Sebastianismo (1909), figurava-se como “uma aberração da mentalidade nacional combalida e exasperada pelo infortúnio” (LOBO, p. 86, 1909). 
            Seja qual for a forma dada ou a perspectiva assumida pelos estudiosos, o sebastianismo é já parte dos Grandes Temas nacionais e continua a figurar – de quando em vez – entre os textos de mais considerável empenho.

“Quem vem viver a verdade
que morreu D. Sebastião?” 
O Desejado pode jamais retornar, 
pois - de certa forma - nunca partiu, 
nunca o deixaram partir. 



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PIONEIRAS DA FOTOGRAFIA: DORA MAAR E O SURREALISMO


''O artista não é tão livre quanto se poderia crer. Isso também é verdade para os retratos que fiz de Dora Maar. Para mim, é uma mulher que chora. Durante anos, pintei-a sobre formas torturadas, não por sadismo ou por prazer. Eu apenas seguia a visão que se me impunha. Era a realidade profunda de Dora.''  (P.P.)

Henriette Theodora Markovitch (1907-1997), mais conhecida pelo pseudônimo Dora Maar, foi uma fotógrafa, poeta e pintora descendente de croatas, nascida na França. Ela começou a estudar pintura em 1927, mas logo mudou para fotografia. Seguindo a escola surrealista, logo ocupou lugar de destaque entre os artistas desse segmento artístico, muito influenciada por Man Ray e André Breton.

Dora Maar, fotografada por Man Ray.
Infelizmente ela ficou mais conhecida por ter sido a bela e culta  amante de Picasso, do que propriamente pelo seu talento.  O artista catalão retratou a musa, com sua pele alva e cabelos negros, em diversos quadros, como Dora Maar au Chat , “Dora Maar com gato”. Esse luminoso quadro foi pintado em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial.

Dora Maar au Chat, de Pablo Picasso.
Na obra de Maar é possível encontrar uma atenção aos olhares, ou a falta deles, em muitas imagens são retratadas  pessoas com olhos fechados, ou cegas. Isso ressalta o caráter de sonho de suas imagens, os personagens parecem que estão olhando para dentro de si mesmos. Para atingir essa estética, a artista se utilizou de fotomontagens, retratos, nús e paisagens.

                                         La femme qui pleure, Picasso (1937)

                                            Auto retrato de Dora Maar, 1937
                                    
1.Foto de Dora Maar


2. Foto de Dora Maar.


3. "Silêncio", foto de Dora Maar.




                                           ***



Izabel Liviski é professora e fotógrafa,  doutora em Sociologia pela UFPR. Edita a coluna INcontros desde 2009, e é também co-editora da Revista ContemporArtes.
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12ª Convenção das Bruxas e Magos em Paranapiacaba




É a 12ª edição da convenção de Bruxas e Magos de Paranapiacaba, com várias manifestações culturais, palestras e atividades abertas, organizados pela Universidade Livre Holística Casa de Bruxa e participação de varias pessoas e grupos. 




Flyer da Convenção.

No sábado fui prestigiar a convenção e, mesmo com o frio, a vila estava bem movimentada, havia pessoas fantasiadas e gente interessada em participar e interagir com as variadas atividades:


Manifestação cultural na vila, 29/05/2015. Fotografia: Soraia O. Costa

Na página do evento tem outras fotografias e informações: ConvencaoDeBruxasEMagosEmParanapiacaba

Quem não foi e quer ter uma ideia do que rolou, abaixo a programação:







Fonte: http://convencaodebruxas.com.br/



Soraia Oliveira Costa, mestranda em História da Ciência pela UFABC e graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA). Professora de Sociologia Educação Básica no Estado de São Paulo. Trabalha com audiovisual e oralidades desde meados de 2007. Produtora do documentário "Transformação sensível, neblina sobre trilhos", que trata da história vila de Paranapiacaba, feito com incentivo do MEC/SESu, UFABC e FSA.


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