terça-feira, 27 de outubro de 2009

Bar ContemporARTES - FILOSOFIA DE BOTECO











...palavras on the rocks, bacos e apolos, poetas e prosadores, anjos e demônios fazem encontros marcados para essa conversa de bar virtual. Sempre às 3a. feiras no ContemporARTES



Refletindo hoje, sobre a nossa sociedade, mais uma vez cheguei à conclusão que ela é hipócrita. Por mais que eu tente ver um outro lado e acreditar que vivemos em uma democracia, palavra oriunda do grego, que significa governo do povo, onde supostamente teríamos nossos direitos básicos preservados com acesso à educação, moradia digna etc. Me deparo com uma realidade infinitamente oposta. Uma sociedade que não permite o crescimento profissional da grande maioria e conseqüentemente econômico, pois teoricamente estão ligados.
Para o povo somente pão e circo, já que não tem igualdade de condições para competir nesse mundo globalizado, em que o capitalismo dita as regras do jogo e faz sua seleção natural. O que resta à maioria despreparada.
Ocorre neste momento uma frase do educador, Paulo Freire “Nós seres Humanos, somos seres inacabados, pois vivemos em processo de aprendizado".
Mas como aprender, se são negadas as ferramentas necessárias para o crescimento da grande camada que fica na base da pirâmide e só serve para a sustentação.
O aspecto relevante dessa sociedade é que ela determina um sistema de casta não declarada, mas que no fundo é tal qual países como a Índia, Afeganistão e outros de cultura não-capitalista, tornando quase impossível se libertar desta imposição.
Mas aqui, é ainda pior, pois temos a ilusão de que podemos ser diferentes, nos fizeram acreditar que somos livres para escolher o que queremos. Mera ilusão.
Os programas criados para acabar com o analfabetismo tiveram êxito somente no conceito da ONU. As escolas públicas do ensino médio e fundamental, a partir de então, começaram e fornecer um ensino fraco,ocorrendo o êxodo para as escolas particulares, e mais uma vez, foi tirada a possibilidade de crescimento, já que sem formação e informação adequada e de qualidade não faz indivíduos esclarecidos, capacitados para sair de sua casta. Então, plagiando um filme do Spielberg, ficam à espera de um milagre.
E o milagre é oferecido de bandeja por inúmeras Igrejas que aproveitam da situação e em nome da fé armam a lona todos dias promovendo inclusive até circos via satélite.
A maioria dessas igrejas tem oradores ou apresentadores persuasivos, que se colocam como representantes de Deus na Terra, com treinamento intensivo para conquistarem cada vez mais fiéis, nos seus discursos essa finalidade é clara. Usam para alguns textos Bíblicos uma interpretação que é na verdade um meio de convencimento. Enfatizam que Jesus nasceu em uma manjedoura sofreu e morreu por nós, e, faz da fé um prêmio de consolação para aceitar o inaceitável, sobretudo para aquele indivíduo que não tem direito nem de ser cidadão, que acredita que como Jesus tem que carregar sua cruz , e a cruz é a miséria a falta de oportunidade.
Mas por incrível que pareça, ainda é melhor o indivíduo manso e crédulo mesmo que seja em falsos profetas, do que, aquele que se revolta com o sistema vigente e forma um poder paralelo usando a força para ter a ilusão de que se libertou da casta, indo na contramão do respeito e conhecimento ético, e então, produz conseqüências desastrosas para toda uma sociedade.
Um ou outro indivíduo por obra do acaso e lutando contra as marés e o preconceito consegue se libertar desses algozes que formam o círculo vicioso: O poder público que oferece migalhas, a religião que oferece o consolo e o poder paralelo que oferece a porta dos fundos e a vida interrompida prematuramente. Esse indivíduo que sobressai e conquista seu espaço por méritos próprios é considerado um privilegiado, quando na verdade, em uma sociedade justa isso seria apenas o exercício de seu direito como cidadão.
Mas ainda há um fio de esperança, não se pode esquecer que o povo sueco é descendente de Bárbaros.
Torço para que ocorra uma mudança drástica de atitude em nossa sociedade e ela consiga enxergar que só tem a ganhar promovendo uma sociedade mais justa, onde não haja tanta disparidade. Pode até haver circo, mas que ela permita ao indivíduo ter real possibilidade de escolha e faça parte da sociedade e não viva à margem dela.
Mas, diante da sociedade que me é apresentada, com poderes vigentes inoperantes e a impotência que ela provoca , me torno contraditória e também como um crédulo inocente, fico a espera de um milagre.
Com a minha parca instrução, porque também faço parte da base de sustentação da pirâmide, que conseqüentemente não me dá nenhum conhecimento filosófico, tentei com o título deste texto, fazer uma analogia, recorrendo a Grécia antiga que é considerada o berço da cultura onde nasceu a filosofia, palavra esta, que quer dizer ‘’Amor a Sabedoria” que surgiu devido aos questionamentos dos estudiosos da época para adquirir o conhecimento necessário através de análise e reflexão, afim de entender o mundo e o homem como um todo e observando a nossa sociedade que se mostra tão contrária a essa diretriz, deixando explícita a dificuldade que a maioria da população tem para questionar em decorrência da falta de educação e formação, então, que filosofia qual nada, não temos instrumentos que nos deem cultura para amar o saber, vamos ao Botéco e engordamos os bolsos dos usineiros.





Cleo Mattos é bacharel em Relações Públicas, exerce cargo administrativo há mais de 20 anos em empresa da região. Além de mãe, esposa, irmã e amiga.




cleomattos@yahoo.com.br

1 comentários:

Ana Dietrich disse...

Cleo, filosofando no bar, na esquina, na rua, cantando karaokê, fazendo curso de mulher e a canção... a gente consegue mudar essa situação. A primeira coisa que se tem a fazer é falar... o resto vem depois...
e isso vc. já está contemporarteaneamente falando...

é isso aí, afasta de mim esse cale-se...

bjs da fã e amiga.

30 de outubro de 2009 às 00:31

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