sábado, 21 de novembro de 2009

COLUNA LARA CARLETTE - O imaginário Hippie e a Contracultura dos anos 60 – a contribuição de Hair (II Parte)

Larissa Geórgia Bráulio Moura e Talita Sauer Medeiros

O uso de drogas pelos hippies funcionavam assim, como um substituto para as experiências religiosas e uma forma de evolução espiritual, sendo o uso da maconha exaltado por sua natureza iconoclasta e ilícita, além dos efeitos psico-farmacêuticos. O tabaco comum não era tão utilizado e o álcool era repelido por ser considerado uma droga da classe média. O LSD ganhou popularidade na década de 60, estando seu consumo culturalmente associado ao movimento psicodélico. Dessa forma o movimento Hippie foi a representação de uma década caracterizada pela experiência com as drogas, pela revolução sexual e pelos protestos juvenis contra as convenções sociais, as privações tradicionalistas e pela crítica aos governos e principalmente contra a Guerra do Vietnã.


Entretanto, antes dos hippies, outros grupos deram início aos movimentos de contracultura na década de 1950, como os Beatniks que foram o primeiro grupo de contracultura surgido nessa década, mais especificamente nos Estados Unidos. Formado por jovens de classe média, os beats formavam um movimento ligado à literatura em que uma parte dos jovens não tinha interesse em dar continuidade ao estilo de vida tradicionalista de seus pais, no qual, o ideal de consumo era a razão de sua existência. Eles faziam parte da chamada geração "beat", mais tarde batizados de "beatniks".



O termo beat podia assumir várias conotações, mas sugeria a busca de uma purificação do espírito(beatitude), sob a influência de religiões orientais, como o budismo. Os beats se expressavam através de poemas e viviam cada dia como se fosse o último, utilizando drogas como LSD para “elevarem” a mente. Eles não estavam ligados a qualquer movimento esquerdista institucional, não constituíam um partido e muito menos tinham um programa a ser cumprido. Suas intenções eram tão somente viverem numa sociedade diferente.(FERREIRA, 2005.p70)



Os Beatniks eram jovens intelectuais que contestavam o avanço das cidades sobre a natureza, o consumismo e o otimismo do pós-guerra americano e o anticomunismo generalizado que tomou conta dos Estados Unidos neste período. Os beats possuíam uma linguagem muito própria, e dessa forma o movimento acabou por gerar um estilo de literatura próprio, particular, caracterizado por uma maneira livre de escrever, sem regras, usando gírias e criando novos termos.

Entre os escritores que se destacaram nesse período, estão Allen Ginsberg, autor do erótico poema Howl, que fez de Allen um “símbolo mundial de depravação sexual”; e Jack Kerouac, ícone da geração beat, autor do livro Pé na Estrada, a bíblia dos beatniks, em que ele conta as suas aventuras e de seus amigos cruzando a América.

Apesar de pioneiros no movimento de contracultura, os Beatniks não se consolidaram como um grupo ativista, sua pretensão era somente fundar uma cultura diferente da predominante e viver em mundo melhor do que o que estava sendo construído pela geração conservadora do Estados Unidos.

Dentro deste contexto, assim como nos Estados Unidos, outros movimentos de contracultura surgiram pelo mundo inclusive no Brasil a partir dos festivais de música dos 1960. A Tropicália, Tropicalismo ou Movimento tropicalista foi um movimento musical de vanguarda dos anos 60/70 que mesclou manifestações tradicionais da cultura brasileira e inovações estéticas radicais, bem como incorporou influências da cultura pop nacional e internacional como o pop rock e o concretismo.

Possuíam também objetivos sociais e políticos, mas principalmente comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar, no final da década de 1960. Entre os principais representantes na música encontram-se Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os mutantes, Chico Buarque, Tom Zé, entre outros. Encontrou influência também em diversas manifestações artísticas como as artes plásticas, Hélio Oiticica, e no cinema (o movimento sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Glauber Rocha) e o teatro brasileiro, sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa.

A união de vários artistas durante o Festival de Música Popular Brasileira promovido pela Rede Record, em São Paulo e pela TV Globo, no Rio de Janeiro possibilitou a formação do movimento. Nesse festival apresentaram-se artistas que se tornaram ilustres após o evento como Caetano Veloso que interpretou a música “Alegria, Alegria” e Gilberto Gil, ao lado dos Mutantes com “Domingo no Parque”. Em sua segunda versão no ano seguinte, o festival foi considerado tropicalista com o lançamento no mesmo ano do disco Tropicália ou Panis ET circensis, considerado um “manifesto do grupo”.

Através destes movimentos musicais como Woodstock e o Festival de Música Brasileira, os anos 60 se constituíram como a década em que vários ritmos e artistas foram conhecidos e consagrados pelo movimento que levou à uma geração inteira a viver em torno de ideais de liberdade e amor e pela busca de uma sociedade mais humanizada. Dentre os principais movimentos musicais e artistas que fizeram parte dessa geração encontram-se o Rock de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Os Beatles, o Reggae de Bob Marley e Jacob Miller e a tropicália de Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros.



Foto da capa do disco Tropicália. Disponível em: http://www.radio.usp.br/imagens/tati1.jpg. Acessado em 01/10/2009



Larissa Geórgia Bráulio Moura, licenciada em história pela Universidades Federal de Viçosa, atual aluna do programa de pós graduação lato sensu em história pela Evata- Viçosa.
laladestrela@yahoo.com.br



Talita Sauer Medeiros licenciada em história pela Universidade Federal de Viçosa e atual aluna do bacharelado em História pela mesma Universidade.
talitasauerbtu@yahoo.com.br


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