Encontro
Coluna As Horas
Caminhava sentindo o vento frio em seu rosto, o céu estava limpo, suas mãos embora estivessem com luvas mantinham-se frias, seu nariz estava róseo, a gola levantada... As mãos nos bolsos, um cachecol no pescoço, assim andava, uma figura solitária e corajosa que se arriscava no frio do alto inverno... ... ... ... Seus passos ecoavam pela rua, um felino rajado pára a sua frente e o encara, examinam-se, o olhar do gato é inquiridor, como a perguntar, “o que faz uma Criatura como essa aqui?”, o olhar que lhe lança parece ver-lhe a alma, sente-se mais frio que o tempo, durante a eternidade daqueles segundos o tempo parou; eram apenas duas criaturas no universo, um Humano e um Felino rajado encarando-se numa rua deserta de uma noite gélida de inverno, o vento soprava suavemente, como espectador, um cão passa e ladra, mas ambos encontram-se tão presos um ao outro que não dão importância, alguém passa, pergunta as horas, não obtém resposta, segue contrariado com passos duros. Por fim conseguem desprender-se, seguem seus caminhos, o gato com seu andar leve, matreiro e seguro; enquanto o Outro segue com passos pesados, incertos e rijos.
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Chegando em casa seu cão o recebe, olhos doces esubmissos.Tira as luvas e touca deixando cascatear seus cabelos negros... Olhando seu perro sentado pensa no gato, amava seu cachorro, mas não podia deixar de pensar naquele felino rajado que se aventurava daquela maneira na rua, um cão certamente não teria a menor chance de sobrevivência... ... ... Sentiu enregelar-se novamente, não conseguia (não podia) apagar aqueles olhos de cor indefinida de sua mente. Num telhado próximo o bichano rajado, de olhar inquiridor e agora também determinado, mirava a cidade, tinha uma bela vista de onde estava... Pulou no telhado mais próximo e continuou seu caminho... ... ... ... ... ... ... ...
Após certo tempo de sua chegada, banho tomado, cão alimentado, olhava da cama o céu escuro e limpo de inverno, via também que ventava forte, pois as árvores balançavam seus ramos com sofreguidão, num espetáculo encantador e aterrador ao mesmo tempo, os galhos balançavam de modo macabro batendo no vidro. Foi então que vislumbrou sua silhueta, não hesitou um instante se quer, levantou-se abriu a janela... ... Ele permaneceu parado no parapeito da mesma e seus olhos novamente se encontraram e como pouco tempo atrás o mundo parou... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Não foi preciso palavra ou gesto se quer, possuíam um pacto tácito de mútua compreensão; ele entrou com seus passos leves, porém agora não tão seguros como outrora, deitou-se a seu lado na cama e adormeceram... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Uma manhã de inverno, com o sol frio veio encontrá-los e lhes sorrir.
Após certo tempo de sua chegada, banho tomado, cão alimentado, olhava da cama o céu escuro e limpo de inverno, via também que ventava forte, pois as árvores balançavam seus ramos com sofreguidão, num espetáculo encantador e aterrador ao mesmo tempo, os galhos balançavam de modo macabro batendo no vidro. Foi então que vislumbrou sua silhueta, não hesitou um instante se quer, levantou-se abriu a janela... ... Ele permaneceu parado no parapeito da mesma e seus olhos novamente se encontraram e como pouco tempo atrás o mundo parou... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Não foi preciso palavra ou gesto se quer, possuíam um pacto tácito de mútua compreensão; ele entrou com seus passos leves, porém agora não tão seguros como outrora, deitou-se a seu lado na cama e adormeceram... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Uma manhã de inverno, com o sol frio veio encontrá-los e lhes sorrir.
Giliane Silva de Moura é coordenadora do blog ConterporArtes e escreve semanalmente a coluna As Horas
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