terça-feira, 24 de novembro de 2009

Uniban: um erro não justifica o outro

Bar ContemporARTES










...palavras on the rocks, bacos e apolos, poetas e prosadores, anjos e demônios fazem encontros marcados para essa conversa de bar virtual. Sempre às 3a. feiras no ContemporARTES






por Simone Pedersen

A repercussão da possível expulsão da aluna por apresentar-se com um vestido curto tem dividido a sociedade. Diversos segmentos levantaram as bandeiras em apoio a ela. Sim, a reação dos alunos foi desproporcional, descabida e animalesca. Espero que sejam punidos de forma exemplar. Ela havia sido informada que se continuasse a vestir-se de forma provocativa seria convidada a deixar a faculdade. O que me intriga, contudo, é o motivo de ela escolher tal roupa, sabendo que subiria três rampas com rapazes em uma idade em que os hormônios saltam pelas orelhas. Um jeans por baixo seria facilmente vestido. Moça simples, talvez devesse aprender com Glória Kalil: para cada situação, há uma roupa adequada.

Policiais australianos e carteiros dinamarqueses trabalham de bermudas em dias quentes. Na Escandinávia, mulheres andam de bicicleta sem a blusa para se bronzear. No trabalho e na escola, ninguém veste-se de forma insinuante. No nosso país, criança usa roupa sexy e imita danças quase pornográficas. As famílias aplaudem! Desconhecem a diferença entre liberdade, e vulgaridade. Eu não gostaria de ser atendida por um médico ou médica sem camisa. Sou contra frequentar templos, igrejas, velórios ou hospitais com roupas sensuais. Talvez eu seja antiquada. Ou será que a apresentação não é importante quando da entrevista para um emprego? Um jeans rasgado em uma agência de propaganda ou um vestido transparente em show de moda não é desrespeito. Na “balada”, uma roupa justa ou decotada é comum. Num campo de futebol, uma mulher vestida com roupas curtas escuta comentários, mas não gera uma horda: é um local de lazer. Não se trata de ser mulher ou homem e sim de bom senso. Vi as fotos do começo do tumulto - que já desapareceram da internet - o vestido estava muito mais curto que nas fotos posteriores. Algo diferente ocorreu ali: alunas com poucas roupas não são novidades no Brasil. Toda ação causa uma reação. Será a ação a escolha da roupa ou a atitude de quem a vestia?

Existem códigos de vestimenta formais ou não. O funcionário sabe que se chegar ao escritório com roupas inapropriadas, será repreendido ou demitido. Para que não haja distrações do que realmente é importante: trabalhar. O mesmo se aplica aos locais de estudar, rezar, velar um ente querido, visitar um enfermo...

Vários grupos discutem que foi sexismo, preconceito ou involução. Nunca será justificável, ainda que a moça estivesse de biquíni. Nenhum cidadão tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos, deve-se procurar a autoridade competente. A moral das pessoas não está nas roupas que vestem. O que não significa que alunos devam vestir-se como se a escola fosse um lugar qualquer. Houvesse maior interesse em estudar por parte dos alunos e alunas, nada disso teria acontecido.


Hoje em dia, meninas usam roupas que mostram o que não precisa, mulheres vestem-se como se tivessem 20 anos – e quilos – a menos. O bom senso perdeu-se na história da moda. Boa apresentação não é ostentação. O feminismo virou sinônimo de exibicionismo. Pessoas valorizam demais o físico. Talvez porque as almas foram esquecidas sob tantas máscaras sociais.

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