terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Bar ContemporARTES

VANDRÉ E OUTROS GERALDO




Perfeita a colocação do jornalista Edson Silva sobre o conteúdo musical e poético do cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré. Obra intensa, repleta de licenças e fortes mensagens como nas belas músicas “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores/Caminhando”, que se tornou um hino de resistência do movimento civil e estudantil em oposição à ditadura militar durante o governo militar, cujo refrão enfatizava "Vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer"; e “Disparada” – grande sucesso dos verdadeiros festivais da canção eternizado na voz de Jair Rodrigues: “Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar”. E por aí vai.

A exemplo de Vandré, outros Geraldo se enveredaram pelo caminho do aprimoramento, do amadurecimento, da qualidade criativa e encantam até hoje.


O pernambucano Geraldo Azevedo e suas inclinações musicais, belezas raras como “Dia Branco” (Se você vier / Pro que der e vier/ Comigo... / Eu lhe prometo o sol / Se hoje o sol sair / Ou a chuva...), “Táxi Lunar” (Apenas apanhei na beira mar / Um táxi pra estação lunar), “Bicho de Sete Cabeças” (Não tem dó no peito / Não tem jeito / Não tem coração que esqueça / Não tem ninguém que mereça / Não tem pé não tem cabeça / Não dá pé não é direito / Não foi nada eu não fiz nada disso / E você fez um bicho de sete cabeças). E a arrepiante “Dona da Minha Cabeça”: Dona da minha cabeça ela vem como um carnaval / E toda paixão recomeça, ela é bonita, é demais / Não há um porto seguro, futuro também não há / Mas faz tanta diferença quando ela dança, dança.


Tem também o talentoso mineiro Zé Geraldo e suas consagradas “Cidadão” (Tá vendo aquele edifício moço? / Ajudei a levantar / Foi um tempo de aflição / Eram quatro condução / Duas pra ir, duas pra voltar), e “Milho aos Pombos” (Isso tudo acontecendo / E eu aqui na praça / Dando milho aos pombos).

Com tanta musicalidade e tamanha riqueza espalhada por esse país afora, é de se indignar que a grande maioria da população brasileira não acompanhe, não se envolva, enfim, desconheça essa brilhante vertente cultural, colocando-a, geralmente, às margens do ostracismo.

Mesmo assim, quisera eu, também Geraldo, só que perseverando pelos árduos e tortuosos caminhos da literatura, um dia figurar entre nomes importantes como estes que, através de seus cantos, reafirmam com muita habilidade e categoria que, sim, existe vida inteligente nessa terra, não se contentando apenas a ficar ali na praça dando milho aos pombos.



Geraldo Trombin

Publicitário e Membro do Espaço Literário Nelly Rocha Galassi
Mais de 150 premiações literárias(poesia, conto e crônica) e várias publicações(antologias, revistas literárias, jornais e internet). Americana (SP)
gtrombin@terra.com.br

2 comentários:

Ana Dietrich disse...

Que surpresa agradável sua crônica, caro geraldo!!! apareça outra vez e faça mais paródias com outros geraldos que existem por aí nas artes plásticas, quadrinhos, cinemas... Tanta geraldice me apetece!!!

abraços

20 de janeiro de 2010 às 22:51
geraldo trombin disse...

Oi Ana, Obrigado! Tantos seres inteligentes e a maioria da população ainda dando milho aos pombos...

abraços

geraldo

24 de janeiro de 2010 às 20:55

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