terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Bar ContemporARTES


Olá. Prazer em conhecê-lo! Essa é a minha apresentação. Talvez eu devesse contar um pouco sobre mim, dizer em que sou formada,onde já trabalhei,  quais idiomas falo , em quais cidades  morei. Talvez o passado pudesse contar, através de seus fragmentos, algo relevante. Mas a verdade é que sou apenas uma escritora. Escrever para mim é tão natural quanto respirar ou me alimentar. Hoje percebo que sempre escrevi, mesmo antes de saber o que era uma crônica . Meus amigos de longa data sabem disso. Eu mandava escritos de outras terras, que  demoravam duas , três semanas para chegar  ao Brasil, via marítima, numa época em que internet era ficção científica. Tive máquina de escrever elétrica, eletrônica, passei pelos computadores 386  e hoje sou inseparável de meu laptop. Escrevo  literatura infantil, contos, crônicas e poemas. Gosto de aventurar-me em terras eróticas e de terror. Participo de concursos literários há ano e meio. Nos próximos meses lançarei alguns livros, dois já estão no final da gravidez. O infantil nascerá por forceps, já que a economia deu uma estagnada no ano passado e o patrocinador precisou de mais tempo. Terei um de parto normal, coletânea de crônicas, na Bienal de SP e um livro de poesia, que será uma rápida cesária em Portugal. Recém-concebido tenho um  exercício literário sensual que espero que vingue e seja publicado, em parceria com um respeitado artista, Paulo Branco. Será exposto no Dia Internacional da Mulher.  Estou flertando – “estou ficando” soa mais moderninho -  com mais alguns projetos para parir ainda em 2010: um infantil e um infanto-juvenil. Ah, e tem um certa magia no ar com um projeto de contos... Sou uma escritora promíscua, para mim, a beleza da arte está em todos os segmentos, não sou fiel a um apenas. Acredito que só a educação pode transformar as pessoas. A literatura é a ferramenta que pode abrir horizontes, trazer conhecimento, ampliar a capacidade emotiva do leitor, tocar e incandescer o bem que existe em cada um de nós, além de viajar entre mundos paralelos. Podemos viajar pelo tempo,  chorar os fatos que queremos abolir. Podemos viajar pelo futuro e conscientizarmos sobre o que devemos impedir, acompanhados de pessoas que nunca encontraremos pessoalmente, mas que conhecemos  profundamente . Podemos encontrar esperança quando a realidade nos estapeia repetidamente. Podemos conhecer outras verdades. Com vocês, quero dividir o melhor de cada projeto. Hoje deixo um miniconto, para não prolongar demais. Afinal, é carnaval. Muito prazer!


SOLIDÃO

O vinho caríssimo escorre pela garganta sedenta preparando-o para a próxima degustação.Do outro lado do bar, a moça pensa:

“- Com esse me deito, estou morrendo de solidão...”

E ele, regozija em pensamentos carnais:“Hoje me deleito, carne nova, sangue fresco!”

Horas depois, ele a deixa desacordada sob os lençóis lilases do seu quarto rosa. Antes de sair, coloca um objeto de sua antiga penteadeira – uma boneca de porcelana – aninhada em seus braços.

Entra no carro, com o vermelho-sangue ainda escorrendo pelo lábio inferior.


Simone Pedersen, escritora, é a nova colunista do Bar ContemporARTES. Ela escreve semanalmente nessa revista. s.pedersen@uol.com.br

1 comentários:

Rosana disse...

Que delícia tê-la por aqui. Mulher sábia, de espírito crítico tão bem colocado em suas crônicas, de imaginação fértil, expressada em seus contos e, de uma leveza poética acalentadora. Seja bem-vinda!

16 de fevereiro de 2010 às 12:31

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