segunda-feira, 8 de março de 2010

Àvida é a vida!!!


  por Altair de Oliveira.

Antes de apresentar-lhes mais 2 preciosos colaboradores (as) que nos ajudarão a tentar suprir-lhes, a cada início de semana,  com um trago de poesia, quero aqui baixar a voz para gritar à todas as mulheres que conheci e também àquelas das quais apenas ouvi falar: "Meninas! A poesia mesmo é vocês! Continuem fazendo bonito aí...hê!"

E para aquelas que amam arejar as comodações da alma com uma boa leitura, vai aí 2 deliciosas sugestões que, apesar de serem textos de prosa, estão cravejados de poesia: "A  Ciranda das Mulheres Sábias", da psicóloga americana Clarissa  Pinkola Estés (a junguiana que é autora também do famoso livro "Mulheres que correm com Lobos")  e "A Estória de Lélio e Lina", novela de Guimarães Rosa (que está contida no volume "No Urubuquaquá, no Pinhém", da obra "Corpo de Baile"). Vale a pena conferir!


Os Dois novos Colaboradores desta Coluna:



E continuando com o nosso pequeno de projeto tentar ajudar na interação da poesia independente que está sendo veiculada hoje no país, e de também divulgar os seus espaços, apresentamos hoje 2 novos colaboradores desta nossa coluna "Poesia Comovida", o jovem poeta carioca Rodolpho Saraiva e a poeta e (também jovem) professora paulista Patrícia Amaral. Que sejam muito bem-vindos, meus queridos!



O poeta  carioca Rodolpho Saraiva


Rodolpho Saraiva nasceu em Teresópolis-RJ. Aos 17 anos mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito, e nessa mesma época começou a escrever seus poemas. Em 2003, em parceria com amigos, criou o blog Haja Bossa, onde publica seus textos com frequência com o pseudônimo de "Buccario Papparazzi" . É fundador da comunidade Manuel Bandeira no Orkut.  Pretende, um dia, publicar uma seleta de seus poemas. Atualmente, é advogado.
Tímido, arguto e bastante simpático, o poeta reluta em mostrar seus poemas, mas se o faz não deixa dúvidas de que é um abençoado das musas. É o tipo de cara que o escritor Sérgio Santa´nna chamaria de JP (Jovem Promissor) e que a minha filha de treze anos nomearia simplesmente de "colírio". Rodolpho  escreverá aqui, a medida do possível, nas segundas segunda-feira do mês, apresentando poetas e poemas da região leste (RJ, ES, BA, etc).

Três Poemas de Rodolpho Saraiva:


Estranhos 

Avesso de mim vejo 
estranho me observa:
outro,
de manias incômodas.

Encontro,
mais perto
desentranho, inferno!
Estranhos somos espelho.


Amo imediatamente

Amo imediatamente
Na pressa sempre descontente
Um amor que cessa por instantes

Estamos ausentes
Pensando
em quando estaremos juntos

Estamos juntos
Pensando
em quando estaremos juntos novamente

Devemos amar enquanto:
-enquanto não vens,
-enquanto estamos juntos,
-enquanto não acaba.

Haja doutrina,
muita disciplina:
amor sem liberdade é uma cela escura!

Se queres segurança, não ama
espera embaixo da cama.


Pessoas Normais


Pessoas normais têm horário.
Seguem de férias à irrealidade,
aí volvem, casam-se, procriam
sorriem a todo custo a beleza da vida,
que se amarga ao hábito da crítica.
Suspiram até que a razão lhes arrefeça o coração,
E às vezes choram uma tristeza repentina.
Mas logo estendem guarda-sóis nas praias da alegria!
Pessoas normais fazem a fila andar,
sem direção, pois aí mora o prazer.
Espremem-se na folia
porque inexiste alegria vazia.
Pessoas normais são causalistas
causam quando chegam, quando vão, repartem-se.
e as vezes estudam fenomenologia:
espiam um raio, uma onda bater.

Pessoas normais não gostam de ser exceção.
A poeta paulista Patrícia Amaral


Pá, como prefere ser chamada, nasceu em Araraquara, SP, em 1972. Com o pai ferroviário, ela cresceu entre os trilhos do trem, seus sons e histórias que corriam de cidade em cidade ou de estação em estação.
Em 1991 foi para Viçosa, MG, cursar Agronomia, mas seu gosto pelas "humanidades" falou mais alto e em 1995 mudou para Vitória, ES com o marido e a filha, onde cursou Letras na Universidade Federal daquele Estado.
Seu maior prazer desde criança é brincar com as palavras, fez desse prazer sua profissão de vida. Seus textos foram puplicados em jornais tanto no Espírito Santo quanto em São Paulo, onde veio morar em 2005. Seus escritos formam um mosaico de estilos, temas e formas, que vão desde o infaltil ao gastronômico, da crítica literária e cinematográfica  a vislumbres místicos. Uma miscelânia  de cores, cheiros e sabores variados, como aprecia sua autora.
Após quase 15 anos em sala de aula como professora de redação, literatura e espanhol, Patrícia hoje possui uma escola infantil, na qual tenta implantar o prazer e o amor pela leitura e a escrita nas suas mais diversas formas.
Bonita e talentosa como a sua xará (a cantora mineira Patrícia Ahmaral, com agá), Pá pretende nos ajudar a lavrar aqui um belo canteiro de poemas e de poetas de SP e da região centro sul do país, escrevendo (também a medida do possível) a cada terceira segunda-feira do mês!


Dois Poemas de Patrícia Amaral


SENHOR VENTANIA

Chegue calmo ou apressado
Forte, sorrateiro ou avisado
Como quiseres...
Soubambu, esse é o meu nome
Me dobro!
Reverenciar-te é o meu destino
Espero-te todos os dias,
Mensagens assoviadas,
Assopradas entre os meus cabelos,
soltos ramos, brilhando sob o sol.
Soubambu, amiga da luz,
da chuva, do sol.
Mas sou esposa do Vento,
Com quem me deito nas tardes mornas,
e me desfolho nas noites tempestuosas.

 

PÁ!


(Para ser lido em voz alta e com as oclusivas bem pronunciadas,rss...)

Gosto que me chamem de "Pá" ou "Pati". Por causa do som. Oclusivo, como diriam os gramáticos. Do mesmo modo que o /b/, o /t/, o /d/, o /k/ e o /g/.
Um céu "plúmbeo", significa que logo explodirá um aguaceiro. Um copo de leite quente, desencadeará um calor ardente...
As palavras evocam os sons que produzem... Como: bunda...peito...beijo...não tenho culpa! Neste caso, a culpa é da língua, que nos obriga a falar de boca cheia.
A pecar de todas as formas.
Por isso gosto de Pá. Uma só explosão! Lábios que se tocam...
Som que se perpetua pelo ar, ecoa no coração...
Pó de perlimpimpim.
O plim da tv. O plaft, pluft dos contos de fadas.
Um pouco de susto, leve e gostoso, a evocar os distraídos.
Do mesmo modo que o badalar dos sinos.
Essas letrinhas tão simples eclodem na boca como uma chuva de pétalas, como bola de goma, pipoca na panela.
Claro que há o 'pá' das metralhadoras e armas, mas este não conta. Pelo menos não aqui! Já há o suficiente dele nos jornais e noticiários.



Ilustrações:

2 Trabalhos (pintura em tela e pintura em estátua) do pintor  Adir Sodré.
1 trabalho da série "Mascaras" da pintora Iasmin Mattos.




Altair de Oliveira, poeta, escreve às segundas-feiras no ContemporARTES. Contará com a colaboração de Marilda Confortin (Sul),  Rodolpho Saraiva (RJ / Leste) e Patrícia Amaral (SP/Centro sul).

6 comentários:

Leonora disse...

........Altair,

estou adorando ver você exercitar suas ‘letras’ em novo espaço e gênero literário, poeta! Você é danadinho mesmo, hein!? Mas é isso: quando se tem o talento e o potencial, é só uma questão de amoldá-los ao formato! ;)
Além disso, assino embaixo das suas indicações de leitura, dos autores Clarissa e Guimarães!
E por fim, parabéns pela escolha e apresentação de seus colaboradores! Já tinha adorado a poesia da Marilda Confortin e agora gostei muito também do Rodolpho!

Um grande abraço e com ele, minhas melhores vibrações e bênçãos pra que sua arte se expanda e floresça cada vez mais!

.......Leonora

8 de março de 2010 às 13:12
Pati Amaral disse...

Que gostosos textos, Rodolpho!!!
É um prazer lê-los e conhecê-lo. Bjssss

8 de março de 2010 às 19:35
Leonora disse...

Ué, quando entrei mais cedo, não havia a parte do texto da Patrícia, tanto que achei que ela seria apresentada na próxima semana.
Foi postado depois?
Em todo caso, boas vindas e parabens pra ela também!

Leonora

8 de março de 2010 às 21:15
Lúcia Gönczy disse...

Parabéns caro Altair! O blog tá muito, muito bacana.
Grande Ro!(Rodolpho Saraiva)- Saudade imensa do meu Amigo Poeta.
No mais, td perfeito. Saudações a todos!

Beijão

Lúcia Gönczy

9 de março de 2010 às 07:33
Lúcia Santos disse...

Parabéns, Altair, de muito bom gosto seu trabalho! Abraço, querido!

10 de março de 2010 às 22:21
Marilda Confortin disse...

Sejam bem vindos Rodolfo e Pá. E assim seguimos andando...

12 de março de 2010 às 17:56

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