terça-feira, 30 de março de 2010

CONCHAS DO MAR


C O N C H A S    D O    M A R


Eu sempre digo que minha alma mora no passado, com minha família. Parece que só lá ela descansa. Acho que na infância a alma suspira.

Durante a vida adulta,a alma está sempre lutando.

Lutando pelos filhos, lutando pelo companheiro, lutando pelos ideais. Conquistando a felicidade tão amargamente. Crianças não lutam, sonham.

Crianças,mesmo que as circunstâncias sejam difíceis, enxergam a felicidade.


Quando a realidade é dura demais, crianças encontram forças na imaginação.

Nós adultos, não! Deixamos os pés plantados no chão, crescendo raízes gigantescas que nos prendem cada vez mais à terra..



Nunca nos permitimos levitar até o arco-íris. Nunca nos permitimos acreditar.


O tempo passa. A infância fica cada vez mais longe. Cada vez menor. Até que não conseguimos mais enxergá-la. Até que nossa alma só enxerga o que pode vir de ruim.

Esquecemos que um dia ela descansou em paz, aninhada em nosso enorme coração.

Esquecemos que procuramos tanto pela paz que todos nós já tivemos um dia, em algum momento.Mesmo que fosse colecionando conchinhas na praia. Não estávamos sós. Nossa alma era nossa companhia. E sentíamos paz, muita paz.

Depois, crescemos e colecionamos objetos, problemas, intolerâncias.

Perdemos tempo imaginando se as conchinhas que o mar nos presenteia são pesadas, se estão sujas, se tem algum valor e quantas conseguiremos encontrar.

Tantas indagações nos cegam.

Não percebemos que a paz não está nas conchinhas que colecionamos, e sim, dentro de nós. Nos momentos mais simples da vida, que para levitar, precisamos tirar os sapatos.


Simone Pedersen, escritora, morou onze anos no exterior onde teve vivência multicultural e conheceu diferentes estilos linguísticos.Desde essa época já escrevia crônicas para os amigos sobre a diversidade que vivenciava. Atualmente reside no interior de São Paulo e, há dois anos, participa ativamente de concursos literários, tendo conquistado inúmeros prêmios no Brasil e no exterior.Tem textos publicados em dezenas de antologias de contos, crônicas e poesias. É colunista do Folha de Vinhedo.

Seus lançamentos literários para esse ano são: Infantis “Vila Felina” e “Vila Encantada”, “Colcha de Retalhos” com poemas e “Fragmentos e Estilhaços” com crônicas e poemas.

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