sábado, 17 de abril de 2010

O PRECONCEITO NO ARMÁRIO DE VIDRO



Quem nunca ouviu a expressão: “ah ele está no armário!” ou “ela saiu do armário!”. Ambas significam, respectivamente, esconder e assumir a orientação sexual. No entanto, enquanto esse armário esconde a sexualidade de uns, de outros ele esconde o preconceito.

Ser taxado de preconceituoso não é algo legal socialmente, ser identificado como racista, por exemplo, não é algo que um indivíduo deveria ter orgulho. Mas e quando independente disso você o tem? O que fazer com ele? Nesse instante vemos o preconceito se esconder no armário e se camuflar nas mais diferentes e inúmeras desculpas.

Há aqueles que abertamente dizem ser homofóbicos que não gostam e tem nojo, mas em maior proporção temos aqueles que apesar de não admitirem ser homofóbicos, podemos notar claramente em suas falas certa aversão, como no caso recente do Marcelo Dourado em suas declarações polêmicas sobre a AIDS. Boa parte dessa homofobia está camuflada nos argumentos religiosos de pecado, em outras estão escancarada em idéias machistas.

Quando não dá pra guardar o preconceito dentro da gente, nós o colocamos em uma versão mais socialmente aceita. Ou ninguém nunca ouviu uma pessoa chamar um homossexual de sapatão e / ou bichinha? Para a sociedade isso é normal e até corriqueiro chamar o outro na intenção de ofender e brincar. Mas e para quem é alvo dos termos pejorativos, isso soa como o que? Preconceito não é?

Entendo aqui homofobia como medo, aversão ao homossexual observamos como infelizmente ela é vista para muitos como uma opinião que deve ser respeitada e não como preconceito. Em sites religiosos observa-se isso escancarado quando entidades religiosas combatem a criação de uma legislação para criminalizar a homofobia.

A homofobia tem toda uma trajetória e raízes numa tradição cultural machista, patriarcal e acima de tudo hipócrita. Não adianta, se o armário que esconde a sexualidade é de aço, o que encobre a homofobia é de vidro, onde mesmo dentro do armário a gente vê o preconceito.





Daniele Leonor Moreira é coordenadora da equipe de avaliação/ revisão da Contemporâneos - revista de Artes e Humanidades e estudante de História da Universidade Federal de Viçosa. Uma das atuais coordenadoras do projeto Primavera nos Dentes




Vozes da Globalização - Módulo 1 - Identidades e Diversidade Sexual

Grátis, com direito a certificado. Todos os sábados às 10h30 na Casa da Palavra (Praça do Carmo, 171, Santo André).

HOJE - 17/4
Valéria Melki - 10h30
Homossexualidade feminina e religião. Uma construção histórica.



Valéria Melki Busin possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1989) e mestrado em Ciências da Religião na PUC/SP . Atua principalmente nos seguintes temas: homossexualidade, religião e gênero. Autora de Lua de Prata.




"LUA DE PRATA
QUANDO A PAIXÃO ACONTECE ENTRE MULHERES"
de VALERIA MELKI BUSIN
Resumo: Publicado em 2003, o livro trata da história entrelaçadas de mulheres. Ana Maria entra em choque ao descobrir a traição de sua mulher Rita. Ao mesmo tempo, sua colega Mirella está às voltas com uma difícil separação de seu violento marido. As duas ficam amigas e juntas abrem novos caminhos para o amor, o prazer e a felicidade.


Disponível para compra no site do Submarino.

1 comentários:

Ana Dietrich disse...

Oi dani, hj foi a palestra da Valeria Melki, uma gracinha, ela disse que vai para Viçosa a convite de Raul, do Primavera, fiquei super feliz. Faltou vc. lá...
parabéns pelo texto fabuloso e instigante... acho que os preconceitos quando saem do armário, ficam mais fáceis de serem combatidos, pois se tornam explícitos. Pior ainda é quando eles ficam velados em uma sociedade que se diz democrática. Um bj e parabéns pelo excelente trabalho.

17 de abril de 2010 às 20:25

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