segunda-feira, 14 de junho de 2010

2010!!!




...que tudo mais se transforme em poesia, que aquele que respira, come e fala resignifique-se. Que as palavras movam montanhas e movimentem corpos dançantes. Que música, acompanhe um bom bate-papo no Contemporartes!

Gostaria de começar pedindo desculpas à pessoas como minha mãe que me perguntam semanalmente quando sairá minha próxima coluna.
Em seguida peço que se lembrem da minha primeira coluna, publicada no dia 8 de agosto de 2009, em que me apresentei e afirmei que você leitor estaria em contato com o “mais próximo do que eu possa realmente ser” ao ler meus devaneios.
Ciente deste dolorido e saboroso processo de entrega a cada sílaba parida, comecei o ano covardemente, repleta de promessas de resignificação, mudanças, mais desejos e mais sonhos, e contraditoriamente me deixei levar por um dos medos que me cercam e que durante estes meses passados passei a sofrer e assumo agora publicamente portá-lo. [rs]
Pois é, iniciei o ano com medo de escrever, escrevi com muito sacrifício uma mensagem de ano novo para os mais próximos e depois travei, fugi até da agenda, do diário não passei nem perto. Em fevereiro quando sai quase que fugida de tão de repente de meu estado natal (adotivo), Minas Gerais, não só fugi das possibilidades de expressão escrita, como fiz o máximo para evitar momentos de intensa reflexão, mesmo aquelas constantes particulares inaudíveis que me perseguem a cada respirar.
E assim, peço que entendam, não tive intenção de abandoná-los, estava fugindo do “eu” que grita, que implora, que em desespero espera com fé que seus versos, estrofes, parágrafos, passos, movimentos, notas, solfejos, resolvam ou ao menos amenizem a dor do ser humano insatisfeito e desconhecido de si mesmo que sobre-vive neste universo.
Assim, me acovardei, mergulhei em uma alucinação que questionava a função dos meus versos, dos meus parágrafos, dos meus passos, e das minhas vocalizações, passei por uma dúvida artístico-criativa, um questionamento, confesso que ainda estou em crise e espero poder me tranqüilizar contando alguns dos meus pensares que ocupam esse meu dia-a-dia na engarrafada metrópole.
Pois bem, essa mudança para São Paulo, poluída, caótica, repleta de miseráveis acometidos pelas mais diversas carências, que se estendem desde falta de felicidade, de saúde, de dinheiro até falta de arte. Além de subir minha pressão arterial tem me proporcionado reciclagem artístico-cultural e mais desespero em conseguir um dia atingir o status de Arte em minhas obras e poder enfim carregar meus braços de armas maquiadas de Dança, Canção e Artigo e entrar em combate contra estes e outros absurdos.
2010, ano de mudanças, enfrentando os medos, enfrento agora a responsabilidade de escrever quinzenalmente para o Bar Contemporartes, e já agradeço publicamente esta oportunidade de conversar com vocês neste clima “happy hour”.
Sendo assim, desejo que me permitam nestes ensaios de 2010, apresentar-lhes o que tenho visto de bom pela capital como a Virada Cultural, o Bando de Teatro Olodum, os SESC´s, o Figuras da Dança, mostrar também o que tem me apavorado como o trânsito, a solidão, a paisagem cinza, explicitar o que tem me inspirado, como a fome, a miséria, a loucura dos que fizeram das ruas a sua morada, as constantes instalações humanas espontâneas, e muito mais.
Pretendo escrever com este olhar de pretensão artística sobre tudo que São Paulo tem me gritado calada ao pé do meu ouvido a cada momento desesperador em que fico parada feito formiga a contemplar sua imensidão, imensidão estas que pode inspirar e se transformar em obra e talvez em Arte.

Atenciosamente,
Aline Serzedello Vilaça


Ahh! Dica do mês: Série Conexão Latina _ cantora Amelita Baltar e Ballet Stagium reinterpretam PIAZZOLLA. Onde? Memorial da América Latina, Auditório Simon Bolívar. Quando? 25 de junho, 21h.

1 comentários:

Ana Dietrich disse...

Querida aline, seus devaneios, sonhos e pensares são muito bem vindos no contemporartes e eu estou entre as pessoas da lista que almejaram por essa volta de diva. não nos poupe da sua mira apurada, seu radar potente e sua sensibilidade cortante. Viajamos com vc. nesse corpo e alma de mulher contemporânea que viaja em novos mundos e permanece sempre inquieta e dançante. Amamos! a gente merece cada palavra.... bjs Ana Maria e equipe Contemporartes

16 de junho de 2010 às 11:27

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