sábado, 19 de junho de 2010

Mundo dos Sonhos & Saramago


Por Yone Ramos Marques de Oliveira




MUNDO DOS SONHOS


Quando nas madrugadas eu sonhava
E eu acreditava no que era irreal
Eu olhava aqui dentro
Eu via um mundo de fantasia
Num rosto de menina
Eu estava correndo como o vento
Em busca de algo maior que eu
Encontrei um rio límpido e intenso
Suas águas eram agitadas
E essa tempestade dormia em mim
Suas explosões molhavam minha face
A intesidade do meu tempo
Não marcada em relógio algum
Como um passáro enjaulado
O inexplorado dentro de mim
Tudo escondido nas palavras
E o tesouro que enterrei
Para ser encontrado por alguém
E o que acontece no mundo real
Meu coração absorve como um buraco negro
Não sinto como todos
Mas existe algo confuso e estranho
E eu sentia medo de ser errado
Ser como eu aprendi a ser
Não há nada o que fazer
Seus segundos se tornam dias aqui
Seus carinhos se tornam amor
Seus espinhos se tornam lanças afiadas
E minhas mãos alcançam o céu
Acredite, tudo é diferente
Quando eu coloco a cabeça no travesseiro
Existe um universo em minha mente
Colorido e vívido como meus olhos no espelho
A realidade que há em mim
Não sou exatamente o que você está procurando
Não sou como contaram para você
Sou uma ilusão passageira
Brincando de ser uma verdade
Sou uma música não cantada
Nos séculos de existência
Sou uma criança girando no infinito
Sou parte falha de uma ciência
Sou o que não se pode descrever
Mas agora eu me sinto pronta
Pra acordar outra vez...

(Yone R. M. Oliveira)

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Em memória ao que pouco compreendi, mas muito admirei: segue uma homenagem ao grande escritor José Saramago, eternizado por si só!





Morre o escritor português José Saramago aos 87 anos




18 de junho de 2010 - O escritor José Saramago morreu na madrugada desta sexta-feira (18)



Morreu nesta sexta-feira (18) o escritor português e prêmio Nobel de literatura José Saramago, aos 87 anos, em sua casa, na cidade de Tías, Lanzarote, Espanha.

José Saramago havia tido uma noite tranquila e a morte ocorreu por volta das 8h desta sexta-feira, após tomar seu café da manhã ao lado da mulher, a tradutora Pilar del Río. Eles estavam conversando quando o escritor começou a sentir-se mal e logo depois faleceu.

José de Sousa Saramago nasceu na aldeia portuguesa de Azinhaga, província de Ribatejo, no dia 16 de novembro de 1922, embora no registro oficial conste o dia 18. Filho dos camponeses sem terra José de Sousa e Maria da Piedade, mudou-se para Lisboa aos 2 anos, onde viveu grande parte de sua vida.

O escritor deveria ter sido registrado com o mesmo nome do pai, mas o tabelião acrescentou o apelido pelo qual o chefe da família era conhecido na aldeia, Saramago, que também dá nome a uma planta que serve de alimento para os pobres em tempos difíceis.

Saramago concluiu os estudos secundários em uma escola técnica, mas não pode cursar a universidade por dificuldades financeiras. Sua primeira experiência profissional foi como mecânico. Fascinado pela literatura desde jovem, visitava com grande freqüência a Biblioteca Municipal Central Palácio Galveias, na capital portuguesa. Foi só aos 19 anos, com dinheiro emprestado de um amigo, que conseguiu comprar pela primeira vez um livro.

Além de mecânico, o escritor português trabalhou como desenhista, funcionário público, editor, tradutor e jornalista. Durante doze anos, foi funcionário de uma editora, onde ocupou os cargos de diretor literário e de produção.

Publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado, em 1947. Em 1955, começou a fazer traduções de autores como Hegel, Tolstói e Baudelaire para aumentar os rendimentos. Seu próximo livro, Clarabóia, foi rejeitado pela editora e permanece inédito até hoje.

O escritor só publicaria um novo livro, Os Poemas Possíveis, (1966), dezenove anos depois do primeiro. Entre 1972 e 1973, foi comentarista político do Diário de Lisboa, coordenando durante alguns meses o suplemento cultural do jornal. Em um espaço de cinco anos, publicou sem grande repercussão mais dois livros de poesia, Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975).

O escritor fez parte da primeira diretoria da Associação Portuguesa de Escritores. Entre abril e novembro de 1975 foi diretor-adjunto do Diário de Notícias, quando os militares portugueses, reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos, demitiram diversos funcionários. A partir de 1976, o escritor português passou a viver exclusivamente de seu trabalho literário.

No ano seguinte, o autor voltou a escrever romances, gênero que o tornou mundialmente conhecido. A partir desta época, sua produção literária cresce consideravelmente, mas é em 1980 que Saramago dá uma grande guinada em sua produção literária, com a publicação de Levantado do Chão.

Segundo diversos críticos, a obra marca o início do estilo que o consagrou, destacado por frases e períodos extensos, que as vezes ocupam mais de uma página e são pontuados de maneira anti-convencional. Os diálogos entre os personagens costumam aparecer inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma a extinguir o uso de travessões em seus livros.

Com a censura do governo português à apresentação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) para o Prêmio Literário Europeu sob alegação de que a obra ofendia os católicos, o escritor mudou-se para a ilha de Lanzarte, nas Canárias.

Em 1993, Saramago começou a escrever um diário, Cadernos de Lanzarote, em cinco volumes. Dois anos depois, publicou o romance O Ensaio Sobre a Cegueira, que será transformado em filme em 2008, com direção assinada por Fernando Meirelles.

No mesmo ano em que publicou Ensaio Sobre a Cegueira, recebeu o prêmio Camões e em 1998, foi laureado com o prêmio Nobel de literatura, o primeiro dado a um escritor de língua portuguesa.

"Estava no aeroporto prestes a embarcar quando chegou a notícia de que tinha ganho o Prêmio Nobel. Houve um momento de alegria, os meus editores de Madrid, que estavam comigo, abraçaram-me. Depois encaminhei-me na direção da saída e, por mais estranho que pareça, era um corredor muito comprido e deserto. Eu com a minha malinha de mão, com a minha gabardina no braço, passei de repente da alegria enormíssima da notícia que tinha recebido, para a solidão mais completa. Naquele momento a sensação que tive, claro que eu dava por mim numa grande alegria, era uma espécie de serenidade: pronto aconteceu", afirmou o escritor sobre o prêmio.

Considerado por especialistas um mestre no tratamento da língua portuguesa, em 2003 o escritor português foi considerado pelo crítico norte-americano Harold Bloom como o mais talentoso romancista vivo. Seus livros foram traduzidos para mais de vinte línguas, como sueco, romeno e húngaro.

Comunista ferrenho, Saramago teve sua carreira pontuada por polêmicas causadas por suas opiniões sobre religião, terrorismo e conflitos. Em entrevista ao jornal O Globo, Saramago criticou a posição de Israel no conflito contra os palestinos, afirmando que "os judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto".

A Anti-Defamation League (ADL), um grupo judaico que defende direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas.

O ano de 2004 destaca-se pela publicação de Ensaio Sobre a Lucidez. No ano seguinte, Saramago escreveu As Intermitências da Morte, em que divaga sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência, fazendo uma crítica a socidedade moderna.

Em 2007, o Nobel de literatura anunciou que pretendia criar uma fundação com o seu nome cujo objetivo é preservar e estudar sua obra literária e espólio e ainda tomar partido em grandes e pequenas causas.

Família

Saramago casou-se pela primeira vez em 1944 com Ilda Reis, com quem teve uma filha, Violante, que nasceu em 1947. O escritor permaneceu casado com Ilda por 26 anos.

Após se divorciar, em 1970, iniciou um relacionamento com a escritora portuguesa Isabel da Nóbrega, que duraria até 1986.

Em 1988, o prêmio Nobel de Literatura casou-se novamente com a jornalista e tradutora espanhola María Del Pilar Del Río Sánchez, com quem permaneceu até a sua morte.



Obras publicadas

Poesia
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975


Crônica
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL Teve, 1974
Os Apontamentos, 1976
Viagens a Portugal, 1981


Diários
Cadernos de Lanzarote I, 1994
Cadernos de Lanzarote II, 1995
Cadernos de Lanzarote III, 1996
Cadernos de Lanzarote IV
Cadernos de Lanzarote V


Teatro
A Noite, 1979
Que Farei Com Este Livro?, 1980
A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
In Nomine Dei, 1993
Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005


Conto
Objeto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
O Conto da Ilha Desconhecida, 1997

Romance
Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio sobre a Cegueira, 1995
A Bagagem do Viajante, 1996
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
As Pequenas Memórias, 2006
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009



Texto retirado de: noticias.terra.com.br/.../0,,OI4504165-EI16683,00-Morre+o+escritor+portugues+Jose+Saramago+aos+anos.html










Yone Ramos Marques de Oliveira, teóloga e historiadora, escreve aos sábados, quinzenalmente no ContemporARTES.

3 comentários:

Vinícius Rennó disse...

Não esqueça de mencionar o único conto infantil que ele escreveu:
http://caderno.josesaramago.org/2009/05/25/historia-de-uma-flor/
E belamente adapatado para um curta-metragem:
http://flocos.tv/curta/a-flor-mais-grande-do-mundo/

20 de junho de 2010 às 19:34
Anônimo disse...

Fico feliz que você leu até o fim Vinícius, só retifico que o texto sobre Saramago não é meu: até a relação de obras refere-se ao texto divulgado no jornal do Terra. Mas de qualquer forma, que bom que temos um leitor ávido para nos lembrar rs...
Bjs

22 de junho de 2010 às 20:55
Anônimo disse...
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