O Modernismo Brasileiro: Mário de Andrade
Leitores, como estou cursando uma disciplina a respeito do Modernismo na Literatura Brasileira, procurei algo acerca deste período para falar a vocês. No entanto, em meio a tantos grandes autores e obras, confesso que me senti perdido até me deparar com um poema que muito me chama atenção, “Paisagem N.4”, poema da Mário de Andrade que se situa na obra Paulicéia Desvairada, publicada em 1922:
Os caminhões rodando, as carroças rodando,
rápidas as ruas se desenrolando,
rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...
E o largo côro de ouro das sacas de café!...
(ANDRADE,1922:115)
Este poema é interessante, principalmente, por apresentar as características da nova sociedade que nascia no Brasil em processo de modernização. Com a repetição constante do r (uma aliteração) e com a utilização da forma verbal do gerúndio, o poema já indica, de certa forma, a rapidez do desenrolar de ações que acontecem neste novo ambiente social. Além disso, como podemos observar em São Paulo, que se modernizava, estão marcados elementos aparentemente antagônicos no tocante à modernidade, como caminhões e carroças. No entanto, Mário de Andrade, muito perspicaz, aponta com o assinalar destes elementos, que na sociedade paulista de início dos anos 20 havia ainda a convivência de elementos novos – caminhão - com outros conotados com a idéia de passado – carroça.
O desenrolar rápido das ruas de uma cidade que se expandia, também de maneira acelerada, é assinalado, bem como a descrição de sons que remetem a ações em desenvolvimento, como “Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...”. De acordo com Maria Inez Machado Borges Pinto (2001), “A ‘Paisagem nº4’ conclui o livro com uma frase de deboche, que ressalta o caráter diversionário do empenho de arregimentação do orgulho cívico paulista”, a frase referida é: “E o largo côro de ouro das sacas de café!...”. Este último verso pode se referir ironicamente à idéia de uma sociedade que se moderniza e ainda vivia à custa e de acordo com a oligarquia rural cafeeira.
Nessa breve e simples leitura, devo ressaltar o fato de que a poesia moderna brasileira, principalmente se observarmos poemas produzidos por Mário e Oswald de Andrade, utiliza da confluência de recursos imagéticos e musicais, por isso, vários estudos se debruçam sobre a questão da proximidade existente entre a poesia de Mário de Andrade e a pintura e/ou a música. Principalmente as primeiras obras do Modernismo no Brasil têm o caráter de retratar a sociedade paulista, para isso que isso ocorresse de maneira minimamente fiel à realidade são utilizados de um lado das imagens (vocábulos que remetem às imagens) e de outro lado recursos musicais, como a utilização da aliteração do r.
Outro ponto importante a ser destacado, a meu ver, é o valor histórico presente nos poemas modernistas de Mário e Oswald de Andrade. Existem trabalhos que se debruçam sobre o retrato da cidade que se moderniza, a modificação dos costumes e da maneira de se viver em sociedade. Desta maneira, os poemas podem também servir de material histórico para desvendarmos os acontecimentos e revoluções que ocorreram na década de 20 no Brasil.
Nas próximas matérias que publicar aqui no Bar Contemporartes, desejo continuar essa breve discussão acerca de obras do Modernismo português e brasileiro, principalmente. Esse fato se dá, obviamente, pela minha fascinação por essa escola literária que definiu toda uma época de revoluções na escrita e na maneira de ver a arte.
Os caminhões rodando, as carroças rodando,
rápidas as ruas se desenrolando,
rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...
E o largo côro de ouro das sacas de café!...
(ANDRADE,1922:115)
Este poema é interessante, principalmente, por apresentar as características da nova sociedade que nascia no Brasil em processo de modernização. Com a repetição constante do r (uma aliteração) e com a utilização da forma verbal do gerúndio, o poema já indica, de certa forma, a rapidez do desenrolar de ações que acontecem neste novo ambiente social. Além disso, como podemos observar em São Paulo, que se modernizava, estão marcados elementos aparentemente antagônicos no tocante à modernidade, como caminhões e carroças. No entanto, Mário de Andrade, muito perspicaz, aponta com o assinalar destes elementos, que na sociedade paulista de início dos anos 20 havia ainda a convivência de elementos novos – caminhão - com outros conotados com a idéia de passado – carroça.
O desenrolar rápido das ruas de uma cidade que se expandia, também de maneira acelerada, é assinalado, bem como a descrição de sons que remetem a ações em desenvolvimento, como “Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...”. De acordo com Maria Inez Machado Borges Pinto (2001), “A ‘Paisagem nº4’ conclui o livro com uma frase de deboche, que ressalta o caráter diversionário do empenho de arregimentação do orgulho cívico paulista”, a frase referida é: “E o largo côro de ouro das sacas de café!...”. Este último verso pode se referir ironicamente à idéia de uma sociedade que se moderniza e ainda vivia à custa e de acordo com a oligarquia rural cafeeira.
Nessa breve e simples leitura, devo ressaltar o fato de que a poesia moderna brasileira, principalmente se observarmos poemas produzidos por Mário e Oswald de Andrade, utiliza da confluência de recursos imagéticos e musicais, por isso, vários estudos se debruçam sobre a questão da proximidade existente entre a poesia de Mário de Andrade e a pintura e/ou a música. Principalmente as primeiras obras do Modernismo no Brasil têm o caráter de retratar a sociedade paulista, para isso que isso ocorresse de maneira minimamente fiel à realidade são utilizados de um lado das imagens (vocábulos que remetem às imagens) e de outro lado recursos musicais, como a utilização da aliteração do r.
Outro ponto importante a ser destacado, a meu ver, é o valor histórico presente nos poemas modernistas de Mário e Oswald de Andrade. Existem trabalhos que se debruçam sobre o retrato da cidade que se moderniza, a modificação dos costumes e da maneira de se viver em sociedade. Desta maneira, os poemas podem também servir de material histórico para desvendarmos os acontecimentos e revoluções que ocorreram na década de 20 no Brasil.
Nas próximas matérias que publicar aqui no Bar Contemporartes, desejo continuar essa breve discussão acerca de obras do Modernismo português e brasileiro, principalmente. Esse fato se dá, obviamente, pela minha fascinação por essa escola literária que definiu toda uma época de revoluções na escrita e na maneira de ver a arte.
Rodrigo C. M. Machado é Graduando em Letras pela Universidade Federal de Viçosa e, neste momento, pesquisa a representação dos corpos na poesia de António Botto.
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