Os Finalistas do Prêmio Portugal telecom 2010
Vinte Por Cento de Poesia.
por Altair de Oliveira
Foi divulgado no dia 31 de agosto a lista dos 10 finalistas do Prêmio Portugal Telecom de Literatura de 2010, um dos mais importantes prêmios de literatura em língua portuguesa editados no Brasil, que contempla livros de romance, conto, poesia, crônica, dramaturgia e autobiografia, editados no país no ano anterior (2009). Da lista de finalistas serão escolhidos os 3 primeiros lugares, que representam os 3 melhores livros e que receberão os valores de R$ 100.000,00 ao primeiro colocado, R$ 35.000,00 ao segundo colocado e R$ 15.000,00 ao terceiro colocado.
- Pornopopéia, de Reinaldo Moraes - Romance - Editora Objetiva
- Outra vida, de Rodrigo Lacerda - Romance - Editora Alfaguara
- Leite derramado, de Chico Buarque - Romance - Editora Cia das Letras.
- "Lar," de Armando Freitas Filho - Poesia - Editora Cia das Letras
- Monodrama, de Carlito Azevedo - Poesia – Editora 7letras
- Filho da mãe, de Bernardo Carvalho - Romance - Editora Cia das Letras.
- A passagem tensa dos corpos, de Carlos de Brito e Mello - Romance - Editora Cia das Letras.
- Avódezanove e o segredo do soviético, de Ondjaki (português-angolano) - Romance - Editora Cia das Letras.
- Caim, de José Saramago - Romance - Editora Cia das Letras.
- Olhos secos, de Bernardo Ajzenberg - Romance - Editora Rocco.
O júri final deste ano é composto por José Castello, Alcides Villaça, Antonio Carlos Secchin, Cristovão Tezza, Lourival Holanda e Regina Zilberman, e deverá decidir, até o dia 08 de novembro deste ano, quais serão os louváveis vencedores.
Da lista dos finalistas observamos que há uma forte predominância das publicações da editora Companhia das Letras, com 60% dos títulos, enquanto que as outras editoras representadas tiveram apenas um título cada uma. Observamos ainda que não há nenhum finalista, cujo título esteja representado apenas pelo autor, e que dos livros selecionados, há uma predominância da prosa de ficção (romance) em relação à poesia e aos outros gêneros de literatura anunciados pelo prêmio. Por isso, concluímos toscamente que se você escreve prosa e publica pela editora Cia das Letras, certamente terá mais chances de botar as mãos neste prêmio no futuro que, por exemplo, se você for um poeta pobrinho que, ainda assim, tenha bancado a sua própria publicação.
O prêmio, que é patrocinado por uma empresa de telecomunicações portuguesa com aplicações no Brasil, foi instituído em 2003, e chega portanto à sua oitava edição. Matematicamente falando, nas 7 edições anteriores 20 livros já foram premiados, sendo 17 deles de prosa e 3 de poesia. Neste ano a poesia continua em minoria, mas está fortemente representada por dois grandes poetas, os cariocas Armando Freitas Filho e Carlito Azevedo. Para os quais, a nossa humilde coluna de poesia como a vida, está torcendo fervorosamente!
Sobre o Prêmio Portugal Telecom
O prêmio anual de literatura Portugal Telecom é regido por uma curadoria sediada em São Paulo que participa da composição do júri, neste ano ela é formada por Benjamin Abdala Jr., Leyla Perrone-Moisés e Manuel da Costa Pinto, sob a coordenação da consultora literária da Portugal Telecom, Selma Caetano. Devido à vistosa quantia paga por uma premiação literária desta natureza no Brasil, o prêmio tem se tornado um dos grandes atrativos para os nossos praticantes de literatura.
A seleção dos trabalhos a serem premiados é feita em 3 etapas, que podem ter pequenas variações a cada ano. Na primeira fase, a curadoria indica no mínimo 300 profissionais de literaturas em língua portuguesa das cinco regiões do Brasil para compor o Júri Inicial. Este terá um prazo no inicio de cada ano para selecionar 50 trabalhos, sendo 90% reservado para edições brasileiras e 10% para os livros com edições iniciais em outros países. O júri inicial é responsável também para escolher, entre seus participantes, os onze representantes que irão compor o júri intermediário. Nos meados do ano, o júri intermediário deve escolher os 10 finalistas que deverão ser submetidos ao júri final e escolhe também, entre seus membros, os seis representantes que comporão o júri final. A este último caberá a definição dos vencedores do prêmio.
As inscrições para participar deste prêmio de literatura devem ser feitas por seu autor ou editor no site www.premioportugaltelecom.com.br, no início de cada ano. Neste ano o prazo de inscrição foi de 10 de fevereiro a 07 de março de 2010. Para saber mais detalhes de como participar, consulte o site oficial do prêmio Portugal Telecom, e boa sorte!
Quem são os poetas premiáveis:
Armando Martins de Freitas Filho nasceu no Rio de Janeiro em 18 de fevereiro de 1940, e é hoje um dos principais expoentes da poesia brasileira. Foi pesquisador na Fundação Casa de Rui Barbosa, secretário da Câmara de Artes no Conselho Federal de Cultura, assessor do Instituto Nacional do Livro, no Rio de Janeiro, pesquisador na Fundação Biblioteca Nacional, assessor no gabinete da presidência da Funarte, onde se aposentou.
Em 2003 publicou Máquina de escrever — poesia reunida e revista (1963–2003), onde comemora 40 anos de carreira. Recebeu, em 1986, com o livro 3x4, o prêmio Jabuti e em 2000, com o livro Fio terra, o prêmio Alphonsus de Guimaraens, concedido pela Biblioteca Nacional. Em 2001 ganhou a Bolsa Vitae de Artes. Em 2006 publicou Raro mar.
Em 1979, publicou o ensaio Poesia vírgula viva, no livro Anos 70 - Literatura, no qual faz um panorama da poesia brasileira desde os anos 50. É o organizador da obra de Ana Cristina César. O livro "Lar," (Lar vírgula) é uma espécie de autobiografia poética do autor.
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Carlito Azevedo nasceu no Rio de Janeiro (4 de Julho de 1961). O seu primeiro livro de poemas, Collapsus linguae, recebeu o prémio Jabuti. Publicou ainda As banhistas, Sob a noite física (em Portugal: Livros Cotovia, 2001) e a antologia Sublunar, que recebeu o prémio Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional do Brasil. Foi editor da revista de poesia Inimigo Rumor. O livro Monodrama, publicado em 2009, após um intervalo de 13 anos de sua última publicação poética, traz uma poesia mais discritiva em relação aos primeiros trabalhos do poeta.
DOIS POEMAS:
18 de Fevereiro
Dia do meu adversário.
Invisível, no início, quando
inocente, não se olha para trás
apesar de cada ano crescer
a sombra, à luz de velas
cercada de palmas vivas
que vão mudando de sentido
sub-reptícias, diminuindo o som
uma a uma, perfumando-se, frias
enquanto as chamas relutantes
se firmam e enfrentam o sopro
que perde o fôlego para o fogo.
Poema de Armando Freitas Filho, In: 'Lar,'
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O TUBO
(Parte I: Paraíso.)
Foi quando a luz
voltou e vimos
o rosto da jovem
que se picava junto
à mureta do Aterro,
a camiseta salpicada,
a seringa suja.
"Nenhum poema
é mais difícil
do que sua época",
você disse
em meu ouvido
sem que eu soubessese
era a ela que se
referia ou se ao livro
que passava das mãos
para o bolso da jaqueta.
Distinguimos
lá longe
a Ilha Rasa,
calçamos os tênis
e seguimos
sem atropelo
sentido enseada.
Poema de Carlito Azevedo, In: Monodrama.
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Para ler mais:
- Poemas de Armando Freiras Filho, no site Germina Literatura: http://www.germinaliteratura.com.br/aff.htm
- Poemas de Carlito Azevedo, no site Germina Literatura: http://www.germinaliteratura.com.br/cazevedo.htm
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Ilustrações: 1- foto do poeta Carlito Azevedo; 2- foto do poeta Armando Freitas Filho; 3- Capa do livro "Lar,", de Armando Freitas Filho; 4- Capa do livro "Monodrama", de Carlito Azevedo.
Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve às segundas-feiras no ContemporARTES. Contará com a colaboração de Marilda Confortin (Sul), Rodolpho Saraiva (RJ / Leste) e Patrícia Amaral (SP/Centro Sul).
1 comentários:
Poxa, que bacana! Vamos ver se a poesia consegue, deata vez!
8 de setembro de 2010 às 12:42Postar um comentário
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