terça-feira, 2 de novembro de 2010

Espaços industriais e Movimento Artístico Ocupações Urbanas





Para além dos trilhos, temos uma considerável parte decadente nos seus envoltos...Por meio de uma intervenção de um coletivo de ocupações artísticas, foi identificado à existência de uma indústria desativada, ocupando uma grande área inutilizada. Nesta postagem não vou prolongar sobre o conceito do coletivo Movimento Artístico Ocupações Urbanas (MAOU), pois ele ainda é incipiente, mas a equipe está articulada para melhor estruturar suas ações.


Em suma, para compreenderem, o movimento atua em espaços em ruínas como uma forma de denúncia, além da utilização destes locais para demonstrar o trabalho de cada agente. A primeira ação do MAOU foi iniciada na Fábrica ao lado da Estação férrea Prefeito Saladino, em Santo André – SP, uma ocupação realizada com a participação de, por volta, 400 artistas. Estamos elaborando um vídeo documentário com o intuito de registrar este movimento apesar de ainda estar no começo, conta com o apoio de vários especialistas, de diversas áreas do conhecimento.


Mais informações http://dialeticasensoriais.wordpress.com/ E matéria no site Intevenção: clique aqui.



Para aguçar vossa espectativa pelas produções do coletivo MAOU, abaixo posto dois teasers elaborado pelo cineasta Mateus Ávila:


Ocupação Máxima Teaser 001


Ocupação Máxima Teaser 002



Para ver algumas fotos podem ser encontradas:


"Ocupação Dialética"


Na minha ultima visita ao local, entrevistei o segurança do local e ele contou que os principais insumos produzidos nesta fábrica eram tubos e amônia. Relatou que a fábrica foi instalada na década de 1920 e, em 1970, foi desativada deste endereço devido a um acidente que explodiu os canos que passavam a amônia.



A foto acima Alguns funcionários foram intoxicados pelo contato com o insumo, disse que a amônia é tão forte que faz com que a água do solo tenha oxigenação, como um suspiro ela se evidência no chão do galpão, um resíduo industrial com uma entonação que chega a ofuscar as vistas pelo seu aspecto fluorescente e contextualizar ainda mais a paisagem decadente desta ruína urbana. O depoente explica também que a unidade foi transferida para Barueri, cidade localizada no interior paulista. E afirma que os proprietários têm medo de ser ocupado como moradia e assim ser formada uma favela no interior desta fábrica e ela não conta com o mínimo de condições apropriadas para tal, com isso foram contratados seguranças para tomar conta do local e impedir que esta ação seja consolidada. E pelo fato de não ser esta nossa pretensão não sofremos nenhum tipo de repressão, inclusive, temos uma relação de diálogos, realizadas por telefone e presencialmente, mediada principalmente pelo precursor do movimento, o artista Moises Patrício.


Uma das pretensões do MAOU é levar para as escolas o debate sobre as diversas técnicas e linguagens artísticas, que têm como intenção primordial de propagar e difundir as diversas formas de intervenções artísticas: desenhos, frases, publicação de livros, artigos, seminários, palestras, oficinas, documentário, entrevistas, coleta de depoimentos... Outro fator relevante é que muitos dos artistas não têm espaço para treinar, por em prática suas idéias e expressões, trocar experiências, além de ser um importante meio de divulgação dos trabalhos realizados.


Este movimento rendeu muitos frutos, vou citar dois Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), de grandes amigos.


O primeiro foi um ensaio de moda com roupas estilizadas pelo aluno Renan Serrano, graduando em negócios de moda na Faculdade Santa Marcelina, além das roupas o aluno colocou fogo nos acessórios, por isso precisava de um espaço desocupado sem perigo de causar acidentes e incomodar outrem com fumaças e odor. Sem contar que foram utilizados equipamentos profissionais para a realização, ficando sujeitos a roubo e afins ameaças, lá dentro da fábrica fizemos o trabalho sem medo de termos estes causos.


A segunda realização foi como locação para o grupo do aluno Étore Mantovanni, graduando em Rádio e TV na Universidade Metodista, tiveram a idéia de fazer uma filmagem em plano seqüência dos créditos do documentário que será apresentado também no TCC da equipe, foram desenvolvidas as letras e os rostos dos personagens colaboradores da produção em stencil art. O documentário trata de uma copa de futebol, pouco difundida: Homeless Wolrd Cup.


Mais informações sobre documentário: www.criolaproducoes.com.br
Mais informações também no sítio oficial do evento: http://www.homelessworldcup.org/



Soraia O. Costa é graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2009). Socióloga, pesquisadora e documentarista do projeto Neblina sobre Trilhos sobre a memória ferroviária de Paranapiacaba - apoio institucional Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Ministério de Cultura e Educação MEC/SEsu. Funcionária superintendente de operações e pesquisas econômicas do Intituto Brasileiro da Economia, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (IBRE/FGV-SP). Participam dessa coluna o historiador Demócrito Mangueira Nitão Junior FSA/UFABC e a socióloga Marina Rosmaninho FSA/UFABC.

8 comentários:

Ruben Marcus Luz Paschoarelli disse...

Muito bom o texto, ai magem da fabrica e os videos da ocupação

3 de novembro de 2010 às 10:56
Unknown disse...

Caramba, essa coloração fluorescente dá uma aspecto muito "biohazard" ao ambiente! Apesar de realmente fazer mal.

E o número de 400 artistas impressiona demais. Isso, com certeza, vai dar muito o que falar ainda. :)

Parabéns pela iniciativa do coletivo, boa sorte!!

3 de novembro de 2010 às 11:27
Casa das Três Meninas disse...

Parabens Soraia por estar desnvolvendo projetos e abrindo espaços para a arte!

Pre

3 de novembro de 2010 às 11:44
blognautillus disse...

Parabéns Soraia!
Mais uma vez os trilhos foram muito além da neblina...
MAOU!!! 400 artistas!!!
Soraia já "apitou", agora é com vocês...
Agora é todo mundo postar seus links para divulgar seus trabalhos...
Será que não conseguem um patrocínio???
Boa sorte!

3 de novembro de 2010 às 13:28
Anônimo disse...

NEBLINA SOBRE OS TRILHOS + M.A.O.U + HOMELESS WORLD CUP = Denúncia e resgate de espaços publicos!

3 de novembro de 2010 às 15:25
Luiza P disse...

Parabéns! ;)

3 de novembro de 2010 às 16:24
Emerson disse...

Parabéns Soraia pela coluna muito bem elaborada e com um tema muito interessante rico em informações e para o coletivo Movimento Artístico Ocupações Urbanas (MAOU), Utilizando espaços inutilizados, é isso aí.

4 de novembro de 2010 às 10:14
Patrícia Hipólito disse...

Parabéns pela dedicação a esse artigo tão bem elaborado e escrito de tal forma para qual diferente público leitor, mas que todos entenderão e apoiarão a Ocupação!
Fiquei muito feliz de ler um texto informativo no qual eu não sabia de algumas coisas, e de pensar que eu estive lá...É uma honra!
Parabéns mais uma vez e que trabalhemos juntas,tenho certeza de que não iremos falhra com um pensamento tão sincero e potente!
Se preciso, podem aproveitar os espaços de meus blogs!
Beijos e até a próxima!

Pati Hipólito

4 de novembro de 2010 às 11:22

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