O ANJO SEM NOME - NICHOLAS WINTON
Houve um tempo, antes da segunda guerra, que o mundo já transpirava medo. Enquanto muitos pressentiam o pior, alguns conseguiram combater a paralisia causada por um abstrato futuro que se desenhava com manchas vermelhas. Os horrores que se erguiam como soldados famintos de dor eram por demais monstruosos para serem cogitados pelas pessoas de bem.
Nessa época, o mundo não dispunha de meios de comunicação de massa e as notícias eram poucas e esparsas. Mesmo assim, um homem teve a premonição do que viria a ser o domínio em massa de uma mente maléfica e heroicamente traçou um plano para salvar crianças da rainha da morte. Nicholas Winton, anjo que poucos conhecem, um britânico que organizou o resgate de cerca de 669 crianças judias na antiga Tchecoslováquia, salvando-as da morte certa nos campos de concentração nazistas. As crianças nunca mais viram seus pais. Mas sobreviveram, formaram famílias, adotaram órfãos, realizaram pesquisas, semearam amor e gratidão por onde passaram.
Nicholas não comentou o que fez durante cinquenta anos. Os anjos não buscam reconhecimento. Alimentam-se do próprio bem que ofertam. Segundo ele, os nazistas sabiam que ele mandava crianças para a Inglaterra e Suécia, dois únicos países que as aceitaram, e não colocaram nenhum empecilho, já que o objetivo era realmente se livrar de todas com o menor custo possível. Ele, humildemente, disse que não foi difícil, apenas foi muito trabalhoso organizar o resgate e encontrar famílias para tantas crianças. O último trem, com 250 crianças, foi impedido por tanques quando a guerra já feria aquelas terras que choravam sangue.
Todos conhecemos a luta do Sr. Oskar Schindler, que salvou mais de 1200 judeus em 1944. Além dele, inúmeras pessoas foram estrelas e guiaram vítimas durante a noite em que a humanidade viveu seu maior pesadelo. Eva Schloss, sobrevivente de um campo de extermínio explica o silêncio por vinte anos como necessário: o sofrimento a emudecia.Desde então, ela viaja o mundo e solta a voz contra o preconceito. Hoje, vivenciamos ataques a minorias, sejam nordestinos, homossexuais ou religiosos desta ou daquela crença. Esquecemos que os rótulos vestem o exterior e não alteram a essência da alma humana. Sejamos também anônimas estrelas, levando luz onde há trevas de intolerância. A exemplo de Cristo, Buda, Gandhi, Madre Thereza, entre outros que nunca buscaram agradecimento ou elogio pelo que faziam. Estavam ocupados demais pensando no bem do mundo para analisarem sua performance.
Fizeram uma homenagem a esse homem em um programa de televisão na Inglaterra. Ele estava sentadinho quando disseram:
“A mulher ao seu lado foi uma das crianças que o senhor salvou.”
Ele, em silêncio, cumprimentou-a e secou uma lágrima.
A entrevistadora continuou:
“Quem mais aqui foi uma das crianças salvas por Sr. Nicholas?”
E a plateia inteirinha levantou....
Nossa, é de arrepiar! Quem quiser assistir, está no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=6_nFuJAF5F0 (1´39´´)
Frases:
“Não me vejo como um herói. Para ser herói, alguém precisa fazer algo de perigoso. Não fiz. O que fiz foi algo que os outros achavam impossível. Mas eu tinha de tentar, para ver se era possível ou não.
“Não é um ato heróico. Meu lema é: se algo não é obviamente impossível, então deve haver uma maneira de fazer.”
Simone Pedersen, formada em direito, escritora, morou onze anos no exterior onde teve vivência multicultural e conheceu diferentes estilos linguísticos. Atualmente reside no interior de São Paulo e, há dois anos, participa ativamente de concursos literários, tendo conquistado inúmeros prêmios no Brasil e no exterior.Tem textos publicados em dezenas de antologias de contos, crônicas e poesias. É colunista do Folha de Vinhedo. Seus livros Infantis “Vila Felina”, “Sara e os óculos mágicos”, “Conde Van Pirado” e “Vila Encantada”, "Coleção Pá-pum" e Coleção Fuá" foram lançados na Bienal de SP 2010. Além de “Fragmentos e Estilhaços” com contos, crônicas e poemas selecionados em concursos, lançou umo livro de poesias, recentemente, em Portugal: "Colcha de retalhos".
Entrevista sobre literatura infantil:
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