terça-feira, 2 de novembro de 2010

Paradeiro: A Lenda do Homem-Lobo.


E se, você acordasse e todos os jornais do mundo publicassem na manchete principal a captura de um verdadeiro lobisomem? Isso abalaria suas convicções? Se hoje alguém te perguntar se você acredita em lobisomens, o que você responderia?

Bom, apesar da minha opinião não ser muito importante, convenhamos, se alguém me perguntar se eu acredito em lobisomens, eu responderia que não, eles costumam ser um tanto mentirosos. Agora, se me perguntarem se eles existem, eu responderia que sim, sem sombra de dúvidas! Talvez não no sentido ontológico, mas com certeza no sentido metafísico, no imaginário coletivo, na cognoscência humana. Eles existem no registro de culturas espalhadas pelo mundo todo. E explicações para isso a ciência têm de montão!




Pesquisei o título "lobisomem" em 31 culturas diferentes, sendo a primeira lenda provinda da mitologia grega que conta a história de Lycaon - termo que originou a palavra licantropia. Além dessas, temos diversas lendas como a lenda de Mobach, de Petter Stubbe, a Besta de Gevaudan na França e muitas outras espalhadas por todo o mundo. Pelo visto, é lobisomem que não acaba mais e se você acha que isso é coisa do passado, sinto lhe informar, ainda existem muitos relatos hoje de fatos estranhos atribuídos a lobisomens.


Para se ter uma idéia, existe hoje um movimento evangélico neopentecostal que acredita verdadeiramente que satanistas possam se transformar em lobos (e outras coisas). Não muito diferente da crença moderna européia, também muito utilizada pela igreja católica como fonte para assegurar o temor dos fiéis. Uma literatura dessa corrente muito interessante provém de um autodenominado "ex-satanista", codinome Daniel Mastral, na sequência Filhos do Fogo e Guerreiros da Luz. Mas para não dizer que isso é pura crendice popular, nessa semana, o Animal Planet e o History Channel apresentaram 2 documentários de caráter totalmente diferentes sobre o mesmo assunto.




O documentário "Homens-Lobos: Mito ou Realidade" do Animal Planet, construído na forma de filme, apresenta uma série de assassinatos cujo o principal suspeito seria um homem-lobo despreendido de seu bando. A narrativa é iniciada com um assassinato flagrado por uma câmera de estacionamento, onde o animal apresentava comportamento humano. A partir de então, a polícia inicia uma investigação para capturar o animal, ou ser humano por trás dos assassinatos. Eles levantam diversas hipóteses baseadas em doenças reais, como a Porfiria e a Hipertricose, mas finalizam a história com uma mutação do vírus da raiva.


Nessa mutação, ao invés do vírus atingir o cérebro, destruir os neurônios e transformar a pessoa em um perigoso maníaco, morrendo cerca de 5 dias após a manifestação da doença; o vírus conseguiria espalhar-se pelo corpo todo, e ao invés de matar a pessoa, seria capaz de fortificar o indivíduo portador dessa. Até incluem na trama um grupo bárbaro chamado Ulfhedinn, que possuíam o lobo como tótem. Os que eram capazes de assumir a forma de lobo eram chamados de Ufhednar por sua cultura. Na explicação do documentário, um fóssil encontrado na América do Norte, comprovaria que esse grupo esteve nas Américas e, nesse fóssil, teria sido encontrado vestígios dessa doença.



Pesquisei na internet, sobre alguma localização recente de fóssil bárbaro na América do Norte e não encontrei. Existem compravações de outros grupos bárbaros diferentes do citado no documentário. Mas o que mais me chamou a atenção no documentário foi a intencionalidade: porque, apesar de ser tratado como filme e ser apontado como documentário, ele não se remete nem à veracidade, nem ao gênero ficcional do relato, deixando no ar a fonte e o motivo de tal demonstração. Este estilo cinematográfico é uma modalidade atual que se iniciou com "Bruxa de Blair" e foi seguido, anos depois, por "Atividade Paranormal" e "Contato de 4º Grau". A diferença entre os dois primeiros, o 'Contato de 4º Grau" e o documentário é que, os primeiros foram anunciados como ficcionais pelos produtores tempos depois da filmagem. No entanto, o documentário do Animal Planet, assim como o "Contato de 4º Grau", não foi apontado pela mídia ou pelos produtores como algo ficcional. E aí, fica a dúvida: e se não fosse ficção e sim, uma simulação de algo que a ciência sabe e não quer falar?

Já o documentário do History Channel concluiu que as muitas mortes atribuídas a um possível lobisomem, a besta de Gevaudan, não passava de uma hiena africana de pêlos longos, treinada por um homem para matar. Essa hipótese já havia sido levantada no filme "Pacto com Lobos", muito bom por sinal! A questão é que os ataques da Besta de Gevaudan não se tratou de um caso isolado, como apontado pelo próprio documentário. Segundo o site Wikilíngua, houve casos de ataques parecidos, sempre com muitas vítimas até o ano de 1954. Porém, infelizmente ainda não tive acesso a registros históricos que comprovem a veracidade de tal informação. O fato é que, se realmente houveram outros tipos de manifestações dessa possível besta, a descoberta do History não responde muita coisa.


Muitos pesquisadores atribuem os relatos históricos de lobisomens à portadores de porfiria em estado crítico, hipertricose, ou ainda, licantropia. Como na época ainda não se conhecia a doença, a pessoa poderia ser julgada, como um lobisomem pela sociedade devido ao seu comportamento estranho. Mas para nós, que gostamos de tudo muito explicadinho, essa teoria não cola muito não! A idéia de que de repente, os relatos fossem atribuídos a animais fora de seu habitat, um híbrido, ou ainda, a uma raridade pré-histórica, também são hipóteses. Mas não só de hipóteses viverá a história, certo?


Apenas para ilustrar um ponto de vista cético, recentemente, policiais texanos acreditaram ter filmado o famoso chupa-cabra. Na mesma região, foi encontrado um cadáver parecido com o animal filmado, mas a principal hipótese levantada pelos zoologistas da região é que o animal encontrado seja uma espécie de coiote. Pode até ser! Porém, sabemos que os avanços da ciência, conseguem criar muita coisa em laboratório e isso deixa esse tipo de informações carregadas de dúvidas. A ciência gosta de brincar de Deus e o que impede os cientistas de criarem esses animais em laboratórios só para dar veracidade ao mito? Nada impede! Mas isso também não anula todos os séculos de relatos históricos sobre a existência de um animal meio humano e meio lobo, independente de se tratar de um arquétipo coletivo ou não.




Agora, se amanhã, ou depois, as manchetes de jornais apontarem a descoberta de um lobisomem será que poderíamos julgar o fato relevante? Os mistérios da humanidade continuariam a me incomodar. Minha conclusão é que a natureza esconde verdades, que até a verdade desconfia e daí a prova da impotência humana diante de sua própria História.

Então, finalizo meu texto dizendo muita coisa e não dizendo nada. De qualquer forma, desejo uma boa caçada para você!

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Yone Ramos é uma curiosa nata, vive fuçando onde não deve e é por isso que o título de historiadora - mal - lhe cabe. Colunista quinzenal da ContemporArtes, vive fazendo Arte por aí! No bom sentido!

7 comentários:

Unknown disse...

Excelente pesquisa !
Ja era de se esperar da grande Yone. ^^

2 de novembro de 2010 às 13:29
Itamar disse...

Que legal a sua pesquisa!! achei muito interessante... nunca tinha lido nada igual...

2 de novembro de 2010 às 16:02
Anônimo disse...

Acho que o pessoal ficou meio chocado com o tema que escolhi. So sorry rsrs... foi semana de Halloween!!!

2 de novembro de 2010 às 18:34
Anônimo disse...

Caramba, ficou 10 a pesquisa! Além de cheia de conteúdo, é divertida, e bem escrita e apresentada!

13 de janeiro de 2011 às 13:48
Anônimo disse...

Meu Deus! Por favor! Para a segurança de vocês todos, essas coisas sentem o cheiro da curiosidade e podem se alimentar de nós mesmo, sabem que estão sendo procuradas por nossos olhares em meio as multidões, cantos escuros, matas e tudo mais que possa abrigá-las! Eu! infelizmente presenciei o iniciar de uma "mutação' ou ataque de raiva ou sei lá que diabos estava acontecendo com o meu amigo! Ele cresceu a estatura, definiu um pouquinho mais os músculos, ficava alterando a voz, chorava e gritava socorro... ... ... até bati nele! Fomos duas pessoas que vivemos esse pavor, uma cética - Diego - e eu, que vivia pesquisando e tentando achar a conclusão para os mistérios sobre-naturais, como eu me arrependo! Foi horrível, já fazem 6 anos e eu evito sair na noite ou fazer muitas amizades, já contei detalhadamente o que aconteceu para Psquiatras, Padres, Pastores, namoradas e amigos, mas ninguém consegue me dar uma resposta ou sequer acreditar em mim.

22 de abril de 2013 às 17:02
Anônimo disse...

Excelente texto. Parabéns!

14 de janeiro de 2014 às 03:11
Anônimo disse...

Poxa eu sempre acreditei nessas coisas. Eu acho que as pessoas que não acreditam detiveriam afcreditar

22 de julho de 2014 às 20:47

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