A Poesia de Neire Ariadna!
A Poesia da goiana Neire Ariadna.
por Altair de Oliveira
Hoje, a nossa coluna de "poesia como a vida" apresenta a poeta e professora goiana Neire Ariadna e alguns de seus belos poemas para que nos embale com poesia em mais uma semana vida adentro. Neire promete nos brindar brevemente com as suas primeiras publicações em poesia!
Apesar de ter iniciado a sua formação com matemática e de, só posteriormente, ter voltando seu aprendizado para o mundo das letras, Neire sempre foi apaixonada por literatura e cultivou a poesia desde que teve contato com ela, em sua tenra infância. O amor às palavras fez com que ela, assim que pode, norteasse a sua vida ao estudo, ao ensino, e à prática literária. Há muito de metalinguagem em seu poemas e há também uma preocupação constante em traduzir os acontecimentos da vida à uma forma neirediana de ver, à forma poética muito peculiar dela, que é bem bonita.
Embora mantenha o exercício da escrita há muito tempo, só agora a poeta planeja a publicaçõa de seus primeiros trabalhos, os livros "Sopa de Pétalas" e "A mosca Filosofante", que devem ser editados no início do ano que vem. O primeiro trabalho traz uma coletânea de poemas da autora e no segundo ela apresenta seus textos em prosa (contos, crônicas, ensaios, pensamentos). Vamos então aguardar e conferir!
A poeta, que teve sua infância e fez seus primeiros estudos em Goiás, teve sua formação universitária no Rio Grande do Sul, e atualmente está radicada em Catalão-GO onde, além de compor seus escritos, é também professora e dirigente escolar. Tenham todos uma boa leitura e uma semana grandiosa!
Um pouco mais sobre Neire Ariadna
Neire Maria Nascimento nasceu na pequena cidade de Ouvidor-Goiás, em 26 de agosto de 1984, morando e construindo boa parte de sua história em Porto Alegre-RS. Filha de pessoas humildes, estudou em escolas públicas até que terminasse o Ensino Médio.
A pedido do pai, estudou Matemática na universidade, muito a contragosto, uma vez que seu amor pelas palavras rege e sempre regeu o motivo de sua vida. Aliás, Neire abandonou as exatas e foi cumprir o destino de estudar Letras. Inclusive, ela se justifica, nesse contexto, dizendo que a fórmula cartesiana “Penso, logo existo” sofreu mutações até virar “sinto, logo sou”.
Apreciadora das artes, dedica seu tempo livre à pintura em tela e em cerâmicas, arriscando-se a cantar com amigos esporadicamente. O ato de escrever em sua vida é como ela mesma diz: “costurar as palavras”, já que desejou na infância ser costureira e não teve talento para tal.
Como professora de idiomas e tradutora, Neire tem oportunidade de vivenciar experiências interessantes uma vez que conviva com muitas pessoas. Amante de Mitologia grega, tem sua licença poética para o cognome “Neire Ariadna”, sendo também eterna apaixonada por História e pelos sonhos – com os quais ela viaja o mundo inteiro num barquinho de papel”.
Três Poemas de Neire:
- I -
É O CLÍMAX
E os hormônios se aceleram
E se começa a suar
É o clímax de qualquer situação
Quando alguém é a pessoa má
Quando há protagonista com antagonista
Quando personagens secundárias auxiliam
Ambas as partes sem muito ajudar
Embate de um contra o outro
Uma surpresa atrás da outra
Pode sair uma catástrofe
Ou uma pomba da paz
Pode surgir um beijo
E virar luta de amor
Uma gama de possibilidades
Pode ser guerra
Entre a bela e a fera
Ou surgir um arco-íris após o temporal
Perdas e ganhos com prováveis empates
O cravo pode sair ferido
A rosa despedaçada
O cravo pode ter um desmaio
Só para a rosa o consolar
E por fim saírem todos ilesos
Ou serem atores de uma trama
Cujos autores perderam rimas e pontos
Poema de Neire Ariadna
- II -
EU TE RESPIRANDO
Eu nasci e fui criando toda uma estrutura
Para suportar os dias vazios e opacos
Para tolerar os amores vadios e fracos
Até que pudesse te resgatar
Das tuas cadeias e desilusões também
É como se eu esperasse por ti sem saber
Quando cruzamos miríades de vezes o mesmo caminho
E guardasse tua busca como um dever
Uma ordem intransigente vinda do além
De que desejássemos cada célula um do outro
Querendo entrar nos rins e no fígado
Nas partículas de ar e asperezas
Tudo possível para chegar ao coração
Acariciando-nos em alegrias e tristezas
Eu te esperando já quase desiludida
Como se te estendesse as mãos do outro lado do mar
E me olhavas de longe sem entender o gesto
Nós dois em margens opostas beijando outros sem gostar
Pois em nada se pareciam a nós
E agora me dizes que sou tua voz
Que nosso encontro era o sol da tua espera
Quando os fatos estavam totalmente desconexos e escuros
Nós então adultos para o sexo e puros
Eu te respirando aqui no travesseiro
Enquanto me seduzes e dizes que sim
Que me amas exclusivamente e não temos fim
Eu te respirando intensamente
É assim
Sim
Poema de Neire Ariadna
- III -
SOLIDÃO - Um Patrimônio Histórico.
A SOLIDÃO é uma casona!
Quem nela mora sabe contar direitinho
quantos cômodos ela tem
sabe bem de cada canto seu...
E, depois de estar ali acomodado,
o inquilino descobre saídas secretas;
ao limpar a poeira, vê nítidos nomes escritos,
bem firmes, em suas paredes de madeira...
O casarão, antes mal-assombrado,
torna-se obra de arte maciça -
uma mansão decorada e aberta a turistas.
Seu destino, então, é ser tombada,
ser um patrimônio histórico;
lá dentro do peito de quem a visita.
Poema de Neire Ariadna
Um Pensamento da Poeta:
"Todo homem quer ser o primeiro na vida de cada mulher que por ele passa. E cada mulher quer ser o último caso de todo homem".
Para Ler Mais:
Página da autora no Recanto de Letras: http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=57162
***
Ilustrações: 1- foto da poeta Neire Ariadna; 2- foto de cena do filme SIN CITY, do americano Frank Miller; 3- foto de desenho e de cena do filme SIN CITY, também de Frank Miller.
***
Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve quinzenalmente às segundas-feiras no ContemporARTES a coluna "Poesia Comovida" e conta com participação eventual de colaboradores especiais.
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