domingo, 21 de agosto de 2011

Quem foi Paulo Prado? Por Bruna Araújo Cunha



Paulo Prado nasceu em São Paulo, no ano de 1869, era filho de uma das famílias aristocráticas mais importantes de São Paulo, e se tornou “o homem mais rico da cidade, do estado e do país. Além de possuir as maiores fazendas do estado, ele e sua família controlavam uma estrada de ferro, possuíam uma firma de comissários de café, um banco, uma exportadora, estâncias de gado que supria sua própria fábrica de carne enlatada, uma indústria de vidro, uma fábrica de papel e uma indústria pioneira de processamento de juta” (SEVCENKO, 1992, p. 290).
           
          Mas, muito mais que um grande empreendedor, Paulo Prado era deslumbrado pela Literatura. Esse encanto talvez possa ter se originado da influência de seu tio Eduardo (que ao final da vida dedicou-se à Literatura, tornando-se amigo de Eça de Queirós e outros autores renomados).


Apesar de ser uma das figuras menos conhecidas do Modernismo brasileiro, Paulo Prado foi o principal idealizador da Semana de Arte Moderna, tendo em vista que ele a apoiou não só materialmente como espiritualmente, pois sempre foi sensibilizado pelos problemas étnicos e sociais do homem brasileiro.
           
Foi então pelo seu gosto literário que Paulo Prado começou a freqüentar certos ambientes nos quais ia criando novas amizades: Graça Aranha, Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Blaise Cendrars.

            No ano de 1919 Paulo Prado ajudou, com disposição inigualável, a promover a “Exposição de Pintura e Esculturas Francesas”, no hall do Teatro Municipal de São Paulo, e a montagem da peça “O Contratador de diamantes” de Afonso Arinos. Em 1921, em um dos serões de Paulo, um pequeno grupo de intelectuais resolveu se juntar em prol da arte moderna; que ia sendo cada vez mais amparada pelos círculos dominantes de São Paulo. E, em 1922 foi inaugurado oficialmente a Semana de Arte Moderna, que contou com muitas ajudas, mas nenhuma delas era comparável ao empenho de Paulo Prado que, como disse Nicolau Sevcenko, “introduziria qualquer cavalo de Tróia na cidade” para que a Semana fosse realizada.

            Depois disso, Paulo Prado começou a promover a emigração de alguns artistas modernistas à Paris, como Brecheret, Anita Malftti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Villa Lobos, como patrocinou também a imigração do artista Blaise Cendrars ao Brasil.
           
          Foi através das viagens de Blaise, feitas por todo o Brasil, e de seu encantamento pela nação que se iniciou a “redescoberta-do-Brasil” com o intuito de conhecer de fato as raízes históricas, étnicas e culturais do país. Como resultado dessa viagem temos os novos estímulos e impressões que inspiraram a temática nacional. Um exemplo é o Movimento Pau-brasil, de Oswald de Andrade, pois como disse o próprio Paulo Prado “a poesia pau-brasil é ovo de Colombo”.
           
         Paulo Prado participou da fundação e do controle de revistas modernistas, publicou alguns textos em importantes periódicos e escreveu dois livros sobre a história de São Paulo e a formação do povo brasileiro intitulados de Paulística, história de São Paulo (1925) e de Retrato do Brasil, ensaio sobre a tristeza brasileira (1928).           
       
Dessa forma, não é possível considerar que Paulo Prado foi um simples mediador do movimento Modernista pelo fato de não ter produzido nenhum texto literário, tendo contribuído apenas como “patrocinador”, como a maioria o denomina. Mas, devemos reconhecer, assim como Mário de Andrade, que “sem ser artista ou poeta, sem ser o propositor central dos padrões renovadores de expressão – embora fosse conhecedor e opinasse a respeito – Paulo Prado foi justamente quem deu expressão social ao Modernismo, o que significa dizer que deu o sentido de movimento às experiências até então isoladas dos modernistas”. Todavia ele poderia utilizar sua privilegiada condição social e financeira para se divertir com mulheres e outras futilidades (como fazem a maior parte das pessoas pertencentes à classe alta hoje em dia), mas como o próprio Paulo Prado confessou ele “preferia viajar para ouvir os mestres, como o escritor português Eça de Queirós”.

Referências Bibliográficas:
BERRIEL, Carlos Eduardo Ornelas. Dimensões de Macunaíma: filosofia, gênero e época. Tese de Mestrado. Departamento de Teoria Literária/IEL/UNICAMP, 1987.
SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1982.











Bruna Araújo Cunha é graduanda em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. Atualmente estuda as poesias de Paulicéia Desvairada, de Mário de Andrade.


A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.



1 comentários:

Nicce disse...

Muito boa a publicação sobre o Ilustre Paulo Prado.
Em São Paulo Na Rede Pública Municipal trabalho na EMEF Paulo Prado,e o material publicado é uma ótima fonte de pesquisa para nossos alunos.

Profª Elenice

4 de setembro de 2011 às 18:49

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