segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Não, não quero mais palavras retas




 A OUTRA

 
Não, não quero mais palavras retas
retilíneas e certas, precisas
Quero palavras tortas, cambaleantes,
encharcadas como um ébrio de sua bebida
a andar por aí à esmo, sem saber aonde chegar
Palavras embaralhadas, desprovidas de sentido,
palavras torpes, inaudíveis aos apurados ouvidos
Palavras que gritam, palavras que ferem
como ponta de faca
Palavras que acariciam como mãos de fada
Palavras...palavras...palavras...
Que me escapam entre os dedos
espalhando-se no branco papel
Palavras brancas, palavras brandas
Palavras vermelhas de sangue
Meu próprio sangue que escorre e flui
Como esntancá-lo, ferida aberta e exposta?
Como silenciar a voz que sai das entranhas
Esse grito gutural e animalesco
Esse urro, esse sussurro, esse bradar...
Como lobo a uivar pra lua
Animal aprisionado que se liberta
A noite não tem fim
Fechem janelas e portas
Tentem não ouvir esse apelo
Continuem surdos em seus mundos de hipocrisia
Sou fera, sou bicho, sou fêmea
Quando a lua vislumbro no alto céu
não sou mais eu , me transformo
Sou a natureza selvagem que em mim habita





Ianê Rubens de Mello nasceu no Rio de Janeiro (RJ). É educadora e pós-graduada em Pedagogia. Identificada com as diversas propostas em textos literários, escreve também com resultados diversificados. Seus textos incluem contos, crônicas, aforismos, haicais e poesias. Alguns deles são publicados na internet, em sites, blogs e revistas eletrônicas. Escreveu um livro de contos do rock "Rocktales" com o escritor Beto Palaio, em análise pela Editora Record.




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