quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A volta dos que não foram






Black Sabbath



No último dia 11 de novembro, um dos principais assuntos na internet era a possibilidade daquela sexta-feira ser a última da história. Contudo, aquele dia ficaria marcado por uma notícia oriunda da área musical. A “bomba” era a volta da formação original do Black Sabbath. A notícia teve um impacto digno de “fim dos tempos”, visto que a banda é um dos grandes nomes sobreviventes dos loucos anos setenta e que ainda mantém viva a chama do gênero que criou: o heavy metal.
Se o mundo não chegava ao fim naquele dia, a trilha sonora para o apocalipse poderia ter sido criado pelo quarteto natural de Birmingham, na Inglaterra. É que Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Gezzer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) criaram em plena era do “flower Power” um estilo musical que traduzia toda a angústia da classe operária inglesa que estava muito longe do sonho psicodélico da juventude californiana.

Mais do que sua originalidade, o Black Sabbath se tornou eterno porque soube como nunca criar a mística de banda maldita que desagrada aos pais e hipnotiza os adolescentes com sua música. A rebeldia do grupo não é a mesma de 40 anos atrás, mas ao divulgarem seu segundo retorno com a formação original (o primeiro retorno ocorreu de 1997 com shows até o ano de 2005) e com a expectativa de uma turnê mundial e o lançamento de um novo disco, percebe-se que ainda há espaço para as lendas da música, ainda mais num mercado tão preso às fórmulas e produtos que apresentam tão pouca qualidade.

Se a banda manter os planos da volta, seu primeiro compromisso será no Download Festival – evento inglês que ficou no lugar do antigo Monsters of Rock. Portanto, são grandes as chances do público ganhar um novo disco da formação original produzido pelo mago Rick Rubin, um cara que redefiniu as carreiras de bandas como Slayer, Red Hot, Metallica, Johnny Cash, entre outros.


Black Sabbath na fase do disco Never Say Die (1978)


Nunca diga morrer

O último disco da banda com essa formação foi em 1978 e com o título Never Say Die, apresentava uma banda perdida em drogas pesadas, problemas de relacionamento e, principalmente, com direcionamento voltado a experimentalismos com jazz. Hoje, Never Say Die envelheceu como um bom vinho e é um dos melhores álbuns do grupo.

A coletiva de imprensa do grupo foi no lendário palco do Whisky a Go Go, em Los Angeles, e pela ansiedade dos presentes, o retorno aos palcos e ao tão esperado álbum, trará milhões de dólares para os cofres destes quatro ex-pobretões.

A volta do Black Sabbath é comemorada pela estiagem de bandas e artistas dos últimos anos. Certamente, o novo disco não será um divisor de águas como foi o primeiro elepê do grupo em 1970 que praticamente ignorou o lema “peace and Love” das paradas de sucesso. Essa contracorrente em plena contracultura criou um estilo que, por sua vez, possibilitou o surgimento de dezenas de outros subgêneros de rock pesado. Mais do que isso, o Sabbath é a resposta para todas as fórmulas programadas para se ter um sucesso. Uma banda que abordava em suas letras assuntos como magia negra, violência e alienação, sem nenhum músico com apelo junto ao público feminino e com uma produção musical hostilizada por centenas de críticos musicais, é a prova de que esses maltrapilhos da Birmingham industrial venceram e seguem como exemplo para todos àqueles que estejam à margem dos padrões vendidos como normais pelo sistema.

Desde o final dos anos 90, como tendência da indústria musical ou da própria necessidade de alimentar um público sedento por grandes bandas, diversas foram as turnês de reunião de formações clássicas ou de grupos que já tinham se aposentado. De Police a Mutantes, passando por Kiss e Iron Maiden, praticamente todos os grupos aclamados nos anos 60,70 e 80 voltaram para os palcos e os estúdios de gravação, alguns com mais êxito do que outros, mas todos com bons motivos financeiros para abrandarem seus egos e conviverem em “harmonia” por um tempo.

A entrevista coletiva que marcou o dia 11 de novembro de 2011



A volta do Sabbath certamente terá sua vez no Brasil em 2012. Só esperamos que a volta da banda não seja um sinal de que a tamanha mediocridade no cenário musical não confirme o final dos tempos em dezembro do ano que vem.

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