Musseque: a poesia de Leandro Daniel II
de novo, de dia
os momentos de entusiasmo desmedido
esperei batendo o pé no asfalto da esquina
no mise en scène da vida desenbestada
guardei a bituca no bolso
em caso de alvoroço do outro lado
junto meus trapos e caio fora
o salto pode ser mortal
nessa altura da avenida
ah! se os farrapos desses panos encardidos
falassem
poderiam balbuciar o fim de uma era definitiva
onde o chão seria um manto de pétalas
sem asfalto pra pisar
e os ares repletos de helio
enchendo as barrigas
e cabeças dos seres
livres para flutuar
mas trapos não falam
e devo caminhar agora
sextas na porta
esse vento que te resfria
de antes só esqueço daquele teu gosto
do respiro cojugado naquela noite
que foi una, absoluta em sua plenitude
com o tempo, por aí
as sextas etinerantes passam
de porta em porta
deixando apetrechos de lembranças
pequenos tesouros sensíveis ao toque
isso explica estarem embalsamados
em plástico bolha
evitando os choques ou estardalhaços bruscos
penso de na próxima que vir
deixar esses amuletos encontrarem
seu caminho ou descaminho
se acharão por si só
ou desaparecerão na névoa dos dias
importa saber que se for teu
meu, e nosso, restará,
como uma gota que mergulha
nos olhos lacrimosos e penetra
pela carne vulnerável,
os contornos loucos
que atravessam a barreira dos dias
de antes só esqueço daquele teu gosto
do respiro cojugado naquela noite
que foi una, absoluta em sua plenitude
com o tempo, por aí
as sextas etinerantes passam
de porta em porta
deixando apetrechos de lembranças
pequenos tesouros sensíveis ao toque
isso explica estarem embalsamados
em plástico bolha
evitando os choques ou estardalhaços bruscos
penso de na próxima que vir
deixar esses amuletos encontrarem
seu caminho ou descaminho
se acharão por si só
ou desaparecerão na névoa dos dias
importa saber que se for teu
meu, e nosso, restará,
como uma gota que mergulha
nos olhos lacrimosos e penetra
pela carne vulnerável,
os contornos loucos
que atravessam a barreira dos dias
espelho d'água
sílabas tônicas para o deleite
estreito espaço forjado
entre a compreensão e o acinte
Entre a lágrima que lava o espírito
e o líquido que devasta o mundo
correm rios de origem desconhecida
Rios abraçados por margens extremas
levando
maravilhosos destinos em suas fozes
desembocaduras
as bocas de vozes em engasgo de voracidade
esperam secas
pelo derrame do leito
um alimento
rico em minerais
sais
volto às sílabas atônitas
ao largo dos lugares conquistados
por entre os fluxos interminentes
e os espelhos d'água
refletindo seus olhos vesgos
Leandro Daniel Santos Carvalho
Atualmente trabalha na Comunidade Educativa CEDAC
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