Confissões
Caros leitores,
continuando um ciclo de poemas focados nas introspectivas inquietações da mudança, lhes apresento hoje "Confissões". Trata-se de uma reflexão sobre o fluxo de continuidade e a totalidade complexa da vida. Convida à uma viagem, um sobrevôo que torne possível enxergar as circunstâncias e experiências para além dos seus momentos pontuais e seus limites simples. O texto emerge de uma necessidade da compreensão do todo em sua absoluta integração.
Adriano de Almeida
Confissões
Sou o espelho ao avesso.
Que se mostra sem se ver.
Que se vê, sem conseguir mostrar.
Os compassos perdidos...
Sou o elo entre o ver e o pensar.
Sou a miragem e o deserto,
sou o certo e o errado.
O anjo e o humano,
o santo e o louco.
Sou o cético e o herói,
a dúvida e a resposta.
Já fui covarde,
e já venci a guerra.
Entreguei a dor e
cedi meu colo.
Já fui incapaz de amar,
e já rasguei meus sonhos.
Me lancei no imprevisível,
e já resgatei o amanhã.
Escrevi e apaguei,
murmurei e gritei.
Não sou nem o sim, nem o não.
Já fui e já voltei.
Já cresci e ontem mesmo,
chorei feito uma criança.
Já me senti o universo...
E já tive medo de ver
o dia nascer.
Já não quis viver, por um instante...
Já corri pra lugar nenhum...
Já tentei me entender,
e percebi que me desvendar,
seria envelhecer...
Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.
2 comentários:
Bom Dia!
10 de agosto de 2012 às 07:50Muito boa a poesia!
:)
adorei, querido, mais uma vez, essa inconstância, angústia (mas permeada de delicadeza, como vc. faz isso possível), esse ir e vir nas pontes da vida, vc. me traduz, meu caro, não páre de escrever... bjs
11 de agosto de 2012 às 15:31Postar um comentário
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