sábado, 1 de setembro de 2012

O amor nos tempos do cólera




Sabe quando você está lendo um livro do qual não consegue se separar? Pois é o que passei com a leitura de Amor no Tempo do Cólera de Gabriel Garcia Marques. Após o início da leitura dessa obra, eu me envolvi de tal forma que li horas e horas a fio sem conseguir dela me separar.
A narrativa conta a história de um casal de Jovens, Fermina e Florentino, que apaixonou-se na juventude, mas por contrariedade paterna e depois pela percepção dela de que não o amava, separou-se. Fermina casou-se com outro homem, teve filhos, viajou pelo mundo, tornou-se uma mulher da alta sociedade. Já Florentino, movido por uma espécie de amor doentio, passou toda a vida a espera da morte do marido da amada para, assim, poder com ela viver um amor.
Depois de mais de cinquenta anos passados desde seu casamento, Fermina perde o marido de forma acidental e estúpida, uma vez que ele subira em uma mangueira para resgatar o papagaio de estimação, de lá caiu e morreu. Aproveitando-se da viuvez da amada, Florentino tenta dela se aproximar e, aos poucos, consegue o seu intento: viver um amor com Fermina.
É interessante ressaltar que no processo de aproximação entre o casal, Fermina (muito mais racional) tem consciência de que o que houve na juventude está no passado e lá deve continuar, como ela mesma evoca em um ditado popular “Águas passadas não movem moinhos”, buscando compreender e deixando-se apaixonar não pelo jovem Florentino, mas por esse homem da terceira idade que com ela é sempre tão companheiro, doce e divertido.
Florentino, por outro lado, demora para compreender que o amor que nasce entre eles, após mais de cinquenta anos, é, deveras, totalmente diverso do que passou-se na juventude. Agora, na velhice os sentimentos são mais claros, talvez porque, não se tenha mais tanto tempo a perder.
A obra de Gabriel Garcia Marquez em questão não só é uma narrativa envolvente, que entremeados a seus fatos, tem também a função de denúncia social, como também lança um novo olhar sobre o amor na terceira idade, ou melhor, a respeito do amor não possuir idade, sexo, religião, sexualidade. Trata-se de uma obra despida de preconceitos arraigados em sociedades patriarcalistas e que, por esse caráter, celebra o amor acima de quaisquer empecilhos.

Referência bibliográfica:

MARQUEZ, Gabriel Garcia. O amor nos tempos do cólera. Trad. Antonio Callado. 22ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.


Rodrigo C. M. Machado é mestrando em Letras, com ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Viçosa. Dedica-se ao estudo da poesia portuguesa contemporânea, com destaque para a lírica de Sophia de Mello Breyner Andresen.

0 comentários:

Postar um comentário

Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.