A vida alheia
Qual o limite entre
preocupação e invasão? Até que ponto a “bondade” e “amizade” pode ir sem invadir
o espaço do outro? Ultimamente venho refletindo acerca desses
questionamentos... Várias respostas vieram à minha mente, que as
compartilhemos, fomentando (ou não) uma discussão.
Há pouco tempo eu lia a
respeito da preocupação do cristão com o Outro, com o bem estar daqueles que
estão a seu redor. Acredito que isso seja mesmo visível aqui no Brasil, um país
pretensamente laico, mas que na verdade é cristão. Jesus foi mesmo alguém que
se preocupou com mudar a realidade de todos aqueles que via serem oprimidos
pelos poderosos, subjugados por quem comandava a sociedade... boa lição ele nos
deixou.
Entretanto, acredito que,
falando do contexto em que vivo, as pessoas acabaram por deturpar os
ensinamentos de Jesus, transformando-se em verdadeiras “Dorotéias” (personagem
interpretada por Laura Cardoso na novela “Gabriela”) que, por preocuparam-se em
demasia com a vida dos outros, esquecem-se de que são tão humanos quanto os
demais e que, só por isso, já possuem milhares de “defeitos”. Daí vem um pouco
da resposta às perguntas formuladas: primeiro – tudo bem que nos preocupemos
com o bem estar daqueles de quem gostamos, mas, muitas vezes, ultrapassamos o
limiar da preocupação e iniciamos a ser invasivos, portanto, desnecessários.
Um dos mandamentos bíblicos é
“amar o próximo como a si mesmo”. Tudo bem, nos amemos, mas deixemos de ser
hipócritas. Onde já se viu alguém que tenta seguir esse mandamento ser
responsável pela violência e discriminação contra as mulheres, negros, gays,
enfim, contra outros seres humanos? Quando isso ocorre, tenhamos certeza de que
esse grande e essencial mandamento bíblico não está sendo cumprido (para ver
isso, basta ligar a TV ou por os és na rua).
Acho que de todos esses
ensinamentos bíblicos poderíamos retirar uma simples palavra que já resolveria
metade dos problemas do mundo: RESPEITO. As pessoas não se respeitam. A partir
do momento em que o respeito ao outro e à individualidade que cada um carrega
consigo for algo a ser praticado e não só teorizado não haverá mais invasão,
não haverá mais discriminação e talvez, ou provavelmente, a violência diminua.
Que tal pensarmos nisso, não somente enquanto algo que deve ser difundido em
Igrejas, mas como um item que pode mudar o mundo?
Lembremos do filme “A
Corrente do Bem”, no qual cada pessoa deveria fazer o bem a três outras... Ah,
tentemos fazer isso e vejamos se algo mudará...
Oliver Corrêa nasceu em
Ibirité, Minas Gerais, em 29 de agosto de 1984. Ama a literatura e a vida,
buscando sempre ser a cada dia ser mais feliz do que o foi no dia anterior. Contato: oliver.corrêa@hotmail.com
A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.
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