sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Borboletas e fantasias


Caros leitores,

Tenho me assustado com a forma com que a natureza provoca observações tão profundas em minhas aventuras textuais. Certamente o caminho percorrido e a formação, em si mesma, são importantes influências para tanto, mas não só. Sou inclinado a acreditar que a formação é, ela mesma, resultado de uma atração factual e inevitável pelo todo, por sua complexidade e, em meio à essa loucura, à constatável noção de impotência diante da imensidão dimensional da existência. Em outras palavras, creio que nós loucos pensantes, ou pensantes loucos, assim nos tornamos não pelo que escolhemos fazer da vida, mas, antes, escolhemos fazer tais coisas exatamente porque somos assim, loucos. Essa sensação me tranqüiliza, porque me apresenta a clareza de que não poderia eu fazer outras coisas ou, pelo menos, não estaria feliz fazendo-as. Estava já inclinado, desde o princípio, a me apaixonar pelo que de mais instigante há na existencialidade humana, a própria existencialidade. Creio, também, por hora que estas poucas linhas mereçam ser alongadas numa crônica e me sinto, realmente, instigado a fazê-lo. Por hoje, “Borboletas e fantasias” transpassa as observações e impressões que tenho feito da realidade acerca de como e porquê a vida muda com o passar do tempo, o ir e vir das estações, o câmbio natural da paisagem e sua cadência de emoções. É como uma canção de primavera, não daquela vista na paisagem, mas daquela que acontece dentro das nossas emoções mais íntimas. Entregue-se...


Adriano de Almeida



Borboletas e fantasias



Borboletas no céu...
Jaz o frio em mim.
Como o anúncio de uma nova estação...
Toma os ares pra voar...


São esboços que presenteiam,
como a mais íntima poesia...
Espaços que se alteram,
desenhos que se desejam...


Correm figuras pelo ar...
Dançam as asas em sintonia...
Libertando o inverno que se demorava,
 e que já não é mais...


Surgem as novas cores,
urge a entrega e o abraço...
Abrem-se as janelas fechadas,
suas luzes e vozes enamoradas...

 
Regressam os sonhos,
correndo pelo azul...
Reabitando a casa vazia...
Preenchendo suas histórias perdidas,
suas borboletas e fantasias...






Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.





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