Entre o sentimento e a necessidade: uma breve análise dos protagonistas do romance Senhora de José de Alencar
A literatura romântica de José
de Alencar é vasta quando se refere aos perfis de mulher. Em Senhora, o autor tematiza na visão dos
mais críticos, a oscilação entre o sentimento e a necessidade material como
condicionantes para viver um amor. Em outras palavras, a expressão corriqueira
que fazemos uso, “subir na vida”, pode explicar o antagonismo vivido pelos
personagens protagonistas do romance. Típico de nossa sociabilidade
capitalista, a expressão “subir na vida” denota a manifestação do ter em
detrimento do ser. Nessa equação os contrários são contraditórios.
Caracterizado como um romance
realista por fazer alusão de uma história que se materializa na vida cotidiana
de muitos brasileiros, especificamente da época, a obra de Alencar tem como
eixo central a discussão: amor versus condições materiais. Alencar procurar
deliberar as desigualdades sociais, fingimento e ambição que permeia a
sociedade carioca.
Aurélia e Fernando Seixas são os
protagonistas do romance, ambos vivenciam o sentimento (amor) impedido pela
ambição valorativa do mundo capitalista. No que se refere à Aurélia, o autor a
descreve com traços idealistas, típico da visão ocidental que forjaram as
mulheres. Todavia, num segundo momento, o estereótipo de mulher idealizada se
desvanece, trazendo a tona um perfil demonizado de mulher. Fernando Seixa, par
romântico de Aurélia é descrito por seu caráter dubio o que o faz casar-se por
conveniência. Na figura de Seixa é demonstrada com ênfase a vontade de “subir
na vida”, o que o caracteriza como ambicioso. E mais, essa relação
contraditória ratifica a instituição casamento como um contrato social
mercantil, legitimado pela sociedade capitalista. As relações sociais são
caracterizadas como fetiche, ou seja, as relações entre as pessoas são tratadas
como mercadorias, como “coisas”.
Contudo, ao fim do romance, o
sentimento (o amor) é capaz de regenerar o caráter contraditório de Seixas e,
Aurélia, a mulher traída, acaba por perdoa-lhe, manifestando assim uma espécie
de comoção evidenciando o seu lado “anjo”. A menina, que transformasse em
mulher, que era pobre e fica rica, por isso tornando-se uma Senhora. Intrínseco
ao título da obra está estampado seu significado irônico, por sua vez. Aurélia
tornou-se por ser uma Senhora somente quando ficado rica, enquanto pobre não
possuía a nomenclatura nobre, educada, de Senhora.
O ápice da leitura/análise da
obra em questão se faz quando entendido a ideologia reinante na mesma, somente
assim compreendemos de fato, a mensagem passada pelo autor, o que parece ser
uma simples historinha transformasse na representação dos “tipos humanos” da
sociedade, e no caso em questão, da sociedade capitalista. Aos menos críticos,
restam olhar a obra em sua aparência, não chegando ao ápice, essência.
Bibliografia:
ALENCAR, José de. Senhora. Editora Klick. São Paulo, 1997.
Thaysa Santos é graduanda do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia – UFRB. Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Gênero,
Raça e Etnia e também do Grupo de Pesquisa NATUSS, Natureza, Trabalho, Ser
Social e Serviço Social da mesma universidade.
A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.
3 comentários:
Meu nome não tem a letra "h", porquanto é Taysa Santos.
28 de março de 2013 às 00:17Referência
15 de agosto de 2013 às 14:46Site .
http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/senhora.html
15 de agosto de 2013 às 14:54Postar um comentário
Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.