domingo, 25 de novembro de 2012

Entre o sentimento e a necessidade: uma breve análise dos protagonistas do romance Senhora de José de Alencar

       



A literatura romântica de José de Alencar é vasta quando se refere aos perfis de mulher. Em Senhora, o autor tematiza na visão dos mais críticos, a oscilação entre o sentimento e a necessidade material como condicionantes para viver um amor. Em outras palavras, a expressão corriqueira que fazemos uso, “subir na vida”, pode explicar o antagonismo vivido pelos personagens protagonistas do romance. Típico de nossa sociabilidade capitalista, a expressão “subir na vida” denota a manifestação do ter em detrimento do ser. Nessa equação os contrários são contraditórios.

Caracterizado como um romance realista por fazer alusão de uma história que se materializa na vida cotidiana de muitos brasileiros, especificamente da época, a obra de Alencar tem como eixo central a discussão: amor versus condições materiais. Alencar procurar deliberar as desigualdades sociais, fingimento e ambição que permeia a sociedade carioca.

Aurélia e Fernando Seixas são os protagonistas do romance, ambos vivenciam o sentimento (amor) impedido pela ambição valorativa do mundo capitalista. No que se refere à Aurélia, o autor a descreve com traços idealistas, típico da visão ocidental que forjaram as mulheres. Todavia, num segundo momento, o estereótipo de mulher idealizada se desvanece, trazendo a tona um perfil demonizado de mulher. Fernando Seixa, par romântico de Aurélia é descrito por seu caráter dubio o que o faz casar-se por conveniência. Na figura de Seixa é demonstrada com ênfase a vontade de “subir na vida”, o que o caracteriza como ambicioso. E mais, essa relação contraditória ratifica a instituição casamento como um contrato social mercantil, legitimado pela sociedade capitalista. As relações sociais são caracterizadas como fetiche, ou seja, as relações entre as pessoas são tratadas como mercadorias, como “coisas”.

Contudo, ao fim do romance, o sentimento (o amor) é capaz de regenerar o caráter contraditório de Seixas e, Aurélia, a mulher traída, acaba por perdoa-lhe, manifestando assim uma espécie de comoção evidenciando o seu lado “anjo”. A menina, que transformasse em mulher, que era pobre e fica rica, por isso tornando-se uma Senhora. Intrínseco ao título da obra está estampado seu significado irônico, por sua vez. Aurélia tornou-se por ser uma Senhora somente quando ficado rica, enquanto pobre não possuía a nomenclatura nobre, educada, de Senhora.

O ápice da leitura/análise da obra em questão se faz quando entendido a ideologia reinante na mesma, somente assim compreendemos de fato, a mensagem passada pelo autor, o que parece ser uma simples historinha transformasse na representação dos “tipos humanos” da sociedade, e no caso em questão, da sociedade capitalista. Aos menos críticos, restam olhar a obra em sua aparência, não chegando ao ápice, essência.

Bibliografia:

ALENCAR, José de. Senhora. Editora Klick. São Paulo, 1997.





Thaysa Santos é graduanda do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB. Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Gênero, Raça e Etnia e também do Grupo de Pesquisa NATUSS, Natureza, Trabalho, Ser Social e Serviço Social da mesma universidade.



A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.

3 comentários:

Taysa Santos disse...

Meu nome não tem a letra "h", porquanto é Taysa Santos.

28 de março de 2013 às 00:17
Taysa Santos disse...

Referência

Site .

15 de agosto de 2013 às 14:46
Taysa Santos disse...

http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/senhora.html

15 de agosto de 2013 às 14:54

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