quarta-feira, 27 de março de 2013

A macabra Cinghiamattanza





Primeiro, tiro a cinta/ Segundo, inicia a dança/ Terceiro, prendo bem a mira/ Quarto: CINGHIAMATTANZA !!!

    Esta é a introdução da canção intitulada Cinghiamattanza, ("matança com cintos", em tradução livre) composição da banda romana ZetaZeroAlfa (ZZA), lançada em 2006, que se transformou em um fenômeno entre os jovens italianos militantes do "Fascismo do Terceiro Milênio". Liderada por Gianlucca Iannone, que divide suas atividades entre a banda e a administração dos projetos da Casa Pound Italia (CPI), uma associação de promoção social fascista, a ZZA conseguiu difundir a canção e sua "dança macabra" tornando-as uma das mais eficientes ferramentas da estratégia metapolítica de sua organização, por expressar de forma simples, especialmente aos jovens, os ideais fascistas do culto ao corpo, camaradagem e espírito guerreiro.



Capa do Split CD intitulado Nel Dubbio Mena, dividido com a também italiana Hate for Breakfast, que contém a canção Cinghiamattanza.  Nel dubbio mena (2006) CD - Rupe Tarpea Productions/Perimetro

Tanto o videoclipe oficial, quanto as diversas versões produzidas por fãs da banda e da prática, foram vistos por milhares de pessoas no sítio de compartilhamento de vídeos You Tube, chamando à atenção dos mass media, como a Radiotelevisione Italiana (RAI) e a revista musical Rolling Stone permitindo a exposição das ideias do “Fascismo do Terceiro Milênio” para um maior número de pessoas.
   




 Gianlucca Iannone, músico da ZZA e liderança da Casa Pound Italia.

 Inicialmente, era um enfrentamento entre os espectadores do show da banda ZZA que se açoitavam com seus cintos de couro enquanto a canção era executada. Com o sucesso midiático, a luta/dança passou a ser executada em outros locais, como praças e salas de aula, e seus praticantes são estimulados a filmar suas "batalhas" para divulgação na internet. De acordo com estatuto da Federazione Nazionale de Cinghiamattanza (FNC), a origem desta dança/luta, baseada em algumas lendas urbanas, nasceu entre os piratas da Ilha de Tortuga, que lutavam entre si por uma garrafa de rum.
 

    Cinghiamattanza não é uma prática sádica ou violência gratuita, diz o estatuto da FNC, é expressão de um "estilo e força", complementa. Também não é uma iniciação tribal ou um adestramento paramilitar, afirma o sítio da CPI. Para os iniciados, trata-se de um esporte non conforme, grosso modo, não convencional para os padrões da sociedade de consumo. O sítio da CPI afirma ainda que, ela é praticada de forma voluntária e representa simbólicamente a reapropriação do corpo em "um mundo que tem com ele uma relação complexada, paranoica, decadente (...)". O "suor, alegria e a ação" são as formas pela quais seus integrantes redescobrem a beleza do corpo. 

A explícita referência ao filme “Clube da Luta” (1999), no videoclipe da canção, reforça a ideia de que o combate físico é a forma pela qual o homem moderno se liberta de uma vida condescendente e individualista para se encontrar com a liberdade e vida em coletividade.

Ela também é caracterizada como uma "luta épica", quando realizado entre grupos de pessoas, praticada apenas por indivíduos que são tratados na letra da canção como membros de uma "casta guerreira". Apesar da violência, pode-se golpear qualquer parte do corpo, a disputa deve, segundo o estatuto da FNC, obedecer a regras mediadas por valores como a honra, o respeito e a coragem. É proibida a utilização de outras armas e o contato físico deve limitar-se ao alcance do cinto, sem a fivela, pois a “dança macabra” é feita entre camaradas. 

Por fim, ela deve provocar dor e divertimento, do contrário, não é Cinghiamattanza.





 Videoclipe de Cinghiamttanza.






Tradução livre da letra da canção:

Primeiro, tiro a cinta,
Segundo, inicia a dança,
Terceiro, prendo bem a mira,
Quarto: CINGHIAMATTANZA !!!

Este couro no ar
Está oficializada a dança
Somente a Casta Guerreira
Pratica Cinghiamattanza
 

Eis aí o som dos estalos
Está incendiando a sala
Arde a vida do audaz
Gritará: Cinghiamattanza

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