sábado, 8 de junho de 2013

Arte educação nas ruas da cidade


O trabalho do arte educador no mundo contemporâneo ganhou um fôlego a mais, os projetos culturais que envolvem artistas licenciados em arte com a participação de crianças e adolescentes. As salas de aulas desses projetos podem ser ambientes ao ar livre, dentro de escolas, circos, associações de bairro, Ongs, escolas de samba, universidades e por ai vai. As crianças e adolescentes necessitam de ambientes propícios para exercerem suas ludicidades, descobrirem os espaços urbanos, as pessoas que os ocupam e entenderem  a dinâmica da cidade em suas possibilidades e necessidades. A criação de projetos relacionados à educação não formal leva o aprendizado  e conhecimento para além dos muros da escola.
Na disciplina que leciono na Faculdade Paulista de Arte, Prática de Ensino, trabalho na formação de docentes para o Ensino de Educação Básica, porém os motivo à trabalharem com projetos no Ensino não Formal. É preciso que as habilidades artísticas sejam levadas às crianças e adolescentes das comunidades de São Paulo. O projeto de regência da disciplina inclui, entre outras coisas, escrever um projeto e levá-lo à prática para executá-lo com grupos dentro da cidade de São Paulo. Posteriormente, os alunos, apresentam um relatório com os resultados da proposta sugerida e executada por eles. 
Foi-se o tempo que educar era apenas um processo realizado por professores dentro de escolas, o conceito de educar precisa ir  além desses espaços  para alcançar as praças da cidade, as ruas e por fim estabelecer laços verdadeiros entre comunidade, criação e espaços públicos, reiterando com isso a sensação de pertencimento nas crianças e nos adolescentes, sentimento tão importante para nossas vidas e para a tomada de consciência do cidadão.
Na coluna de hoje vou apresentar o trabalho Mãozinhas  Verdesrealizado por duas alunas do 5º semestre de Artes Visuais; Dalila e Marina, que incluíram  uma atividade lúdica, com a participação das crianças da Ong Novolhar , no projeto realizado pela Prefeitura de São Paulo “13 na 13”,  na Praça Dom Orione  no Bixiga,
Marina e Dalila na 13 de Maio 
Parabéns as meninas que passaram um dia numa rua tão linda de origem italiana e puderam realizar uma grande árvore com as mãozinhas das crianças do Novolhar. Um momento lúdico e criativo numa linda praça da cidade....

Num lindo dia de Sol, arte na rua: Mãozinhas  Verdes
Dalila e Marina1
Fotos: Lidia Guimarães 
A atividade aconteceu num lindo dia de sol, após um final de semana chuvoso. na Praça Dom Orione, durante evento promovido pela Prefeitura de São Paulo em parceria com empresários, comerciantes e associações do bairro, com o intuito de ratificar a região como circuito gastronômico e cultural. O tema “13 na 13” fazia referência ao dia 13 de maio, na Rua Treze de Maio – tradicional pelas cantinas, bares e pizzarias do Bixiga.
A partir dessa relação, a Ong Novolhar convidou a Faculdade Paulista de Artes a participar com as linguagens tão culturais que constituem seus cursos.
Entre as propostas, havia a possibilidade de oferecer atividades para as crianças da Ong, momento oportuno para a nossa regência.

O começo da história.... a árvore   
Saímos animadas da faculdade com todos os alunos envolvidos de outros cursos: Dança, Música, Teatro e Artes Visuais.
Várias atividades aconteceram ao mesmo tempo, como Roda de Música, Contação de Histórias, Jogos, Malabares com pós-graduando (integrante de família circense) e a atividade de Artes Visuais, que ficou por nossa conta.
A atividade proposta foi a construção de uma árvore (conforme plano de aula anexo). Estendemos extensa folha de papel Kraft, no chão; pintamos previamente o tronco e os galhos da árvore. Aguardamos as crianças. Frio na barriga e ansiedade de saber se elas iriam gostar.

 Processo de pintura das mãos das crianças     
Explicação às crianças sobre o desenvolvimento da atividade    
As crianças carimbando suas mãos no papel Kraft     
Nossa regência foi realizada com 93 crianças, divididas em duas turmas de 51 crianças (manhã) e 42 (tarde), durante 8 horas.
Nos dois períodos, as crianças foram divididas em pequenos grupos revezados nas diversas atividades da praça. Elas estavam bem receptivas e mostraram muito interesse em ter essas atividades “diferentes” com as quais não estão acostumadas. Prestaram muita atenção durante a explicação da proposta.
Com a bandeja de tinta e rolinhos na mão partimos para a execução. Começamos a pintar as mãos de cada uma; e, na sequência, elas carimbaram o papel Kraft (como podemos ver nas imagens anexas). No início, algumas crianças ficaram ressabiadas pelo fato de passar tinta nas mãos, mas quando explicamos que a tinta era à base de água, que era só lavar as mãos que a tinta saía, elas se soltaram e várias delas quiseram pintar as mãos e carimbar na árvore mais de uma vez.
Foi mágico ver todo o desenvolvimento. Um dos momentos mais incríveis, foi quando uma das crianças estava tão envolvida na atividade que começou a fazer seus registros com movimentos de estrela (ginástica) no ar; quando girava, suas mãos com tinta gravavam o papel – de um modo bem diferente dos demais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As crianças com as mãos pintadas e felizes     
Neste trabalho abordamos o registro, a auto expressão, a cooperação. Buscamos demonstrar como cada criança pode – mesmo em uma atividade simples - expressar seu valor, deixar sua marca, e o quanto é importante o auxílio do outro, pois apenas uma mão no papel não daria para constituir a copa da árvore, mas todas as mãos, sim.
Acreditamos ter atingido todos os objetivos descritos no plano de aula, principalmente a possibilidade da auto expressão por meio da comunicação não-verbal.
Foi muito gratificante ver o quanto as crianças conseguiram perceber-se, perceber o outro, criar a maneira de registrar sua marca; enfim, num movimento simples projetar ao mesmo tempo o presente e o futuro – uma vez que o tema da sustentabilidade permeou toda a atividade: criamos uma árvore no meio de uma praça, no centro de São Paulo, em pleno e puro contato com a natureza.


Dalila D’Cruz é atriz, professora do Teatro Escola Macunaíma e graduanda em Licenciatura em Artes Visuais na Faculdade Paulista de Artes.


Marina Maia Bellini é assistente da artista plástica Laura Nehr e graduanda em Licenciatura em Artes Visuais na Faculdade Paulista de Artes.


Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona na FPA nos cursos de Artes Visuais e Música  e na UNIP nos Cursos de Comunicação. É integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega 


1 comentários:

Verena disse...

Olá Kátia,
sou estudante de jornalismo da puc-rio e gostaria de fazer uma entrevista sobre fellini!
Se voce puder pode me contatar por email.
verena.spohr@gmail.com

Abraços,
Verena Spohr

10 de junho de 2013 às 08:51

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