segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A dieta de sapos: viver melhor comendo bem!

   
   
Um dia resolvi consultar as opiniões de uma Doutora. Pois,meu jeito anormal de ser, aliás o fato de eu ser já não está fazendo bem.As pessoas ao meu redor sentem-se um pouquinho incomodadas com as coisas que faço ou digo.Antes da consulta eu estava  em um estado lamentável de nervossísmo e ansiedade.Conhecia bem as características daquela profissional, sempre série e insensível as piadas alheias.Cheguei ao consultório e mantive na face uma falsa tranquilidade.E o que me  preocupava era os olhos da Doutora mais do o que poderia ser dito.
   Ela, gentilmente, me cumprimentou quando entrei.Agir reciprocamente ao cumprimento.A Doutora levantou algumas considerações  acerca de meu estado.Atenta,analisei tudo que falava.Ah!se as pessoas enquanto a nós se dirigissem palavras pudessem  ver e ouvir as palavras de nossa mente, talvez nos compreendesse mais.E naquele momento me sentir frágil, meus cacos  era meus pensamentos e concepções acerca do que sou, do que posso e do que a sociedade acadêmica de mim exige.
       A conversa não durou muito.No fim a especialista orientou-me uma básica dieta: dieta de sapos.Assustadissima ouvir dela o porque da dieta, ela explicitou docemente que desde o inicio já sabia que eu não gostava deste  tipo de alimentação mas, que era necessário a minha mediana e pobre existência. Aceitei a orientação  .Não questionei, embora, meu espirito tremesse os sábios ensinamentos que aprendi precocemente na vida.Saindo do consultório lembrei de minha infância e de boa parte de minha adolescência:
   Quando era bem menininha e estava nesta tão arcaica dieta.Comia meus sapos diários como assim me ensinou minha analfabeta mãe. Era dias e dias  de dieta de sapos, a minha mãe era a que mais comia sapos enquanto saia para pedir os outros alimentos de que necessitávamos, nós, seus 8 filhos.Minha saudável mãe  comia felicíssima sapos, sem nenhum acompanhamento e de noite  a nós, seus pequenos, calmamente fazia com que  comêssemos sem reclamações.
  Passadas as formadoras  reminiscências. Conscientizei-me  da importância provisória, da dieta  receitada.Então compreendi  que aquela formosa e boa Doutora também na vida passou pela rigorosa dieta e hoje ela se encontra tão bem e bem vista. Não pensei mais, iniciei entusiasmadíssima a formidável dieta. No café   comi  um pequeno  sapo com leite cremoso de sapa,até que   me sentir muito bem.Fui para a Universidade estudar um pouco e na minha permanecia lá  devorei deliciosos sapos.
  Ingerir grandes e incomuns deliciosos sapos e chegou  a um ponto que tive a enorme  vontade de devolvê-los a seu habitat  natural.Vomitei-os  e todos ao meu redor  enojaram-se, envergonhada quis fugir, porém, apenas  pedir desculpas pelo ato natural.Pensei em retornar a Doutora  e explicitá-la da minha rejeição metabólica da dieta.Mas lembrei  que esta  era a dieta do sucesso e eu teria  que segui-la por mais desconfortável que fosse.
  Voltei a comer sapos e também comecei a comer moscas, pois até que o sapo fosse digerido eles tinha que está bem alimentados  para não fugir.Depois da dieta muitas coisas boas me  aconteceram ,muito mais elogios e cumprimentos.Os sapos  se tornaram a minha melhor  refeição. Apenas enquanto escrevo que não os como.
  Da dieta tive resultados físicos impressionantes meus olhos  ficaram iguais de uma víbora, meus dentes era afiados e deles escorria um liquido amarelo impressionante e me  sentir  tão engajada  que dei pulos de alegria.Se Kafka me visse  faria de mim mais uma metamorfose.
  Comer sapos inibe o pensamento? não sei - respondi  a uma amiga que perguntava.Mas para quer pensar ,minha mãe sempre me dizia que a refeição é algo sagrado e que tem que ser tranquila e de poucos pensamentos.Ela também me dizia que não era bom ler  enquanto comemos, por isso só fui ler depois que rejeitei  pela primeira vez ,naquele tempo, a dieta.
Neste novo momento a dieta me faz e me fará muito bem.Fui  em um restaurante da cidade com algumas amigas.Sentei a mesa e as minhas companheiras alegres discursavam sobre a vida, até que o garçom chegou e perguntou:
-O que irão comer?
Em uma só voz respondemos:- o de sempre!
Ele perguntou: Acompanhamento? Bebida e sobremesa?
Respondi-lhe que para mim trouxesse  de acompanhamento um vinagrete de moscas e pedir como bebida  o mais famoso dos vinhos nacionais: conformismo & sem palavra.Recusei a sobremesa, pois meu metabolismo depois da dieta rejeita tudo que é doce, puro e saboroso.Os  sapos que minha gente come, não dá espaço para outros alimentos.Parece estranho mais até o que se come é diferente em cada estrato social.Os ricos comem  rãs e os pobres sapos.Aprendi a gostar de sapos, rãs eu nunca vi, apenas ouço falar.
Irei comer sapos até morrer.É o prato da vida.Descobrir recentemente que estou doente, fiquei alarmadíssima já que sigo a risco a dieta da Doutora.Minha melancólica doença é o de não mais me expressar   ter sempre direcionado ao outro um discurso de "boa vizinhança", embora meu vizinho roube de mim tudo o que julgo ,talvez erroneamente, valoroso.
Meu prato chega, agradeço ao bom garçom. Meu sapo a parmegiana  estava aparentemente maravilhoso, ele até sorria para mim.Peguei o Talher francês ,antes coloquei em meu sapo um molho inglês e finquei a barriguinha saborosa de meu alimento.Ao som de sua dor ouvia uma bela musica hispânica  que tocava no restaurante.

 Eu e minhas amigas sorríamos naquele restaurante que frequentávamos todos os sábados .E de longe eu  brindava com a Doutora, que lá também estava, a minha nova vida "tim tim"" ao coaxar dos sapos.



Juliana Costa é estudante do curso de graduação em Letras na Universidade Federal de Viçosa.Participo do grupo de incentivo a leitura do PROLER (programa de incentivo á leitura ligado a Biblioteca Nacional),componho o grupo NEAB (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros) e o movimento Educação popular como Educadora do Cursinho Popular de Paula Cândido (CPPC).

Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.

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