segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Nosso cérebro digital

   
Que a Internet modificou muitos nossas vidas, ninguém tem dúvidas. A forma de produzir e disseminar informações mudou muito desde o advento da Web 2.0. Hoje, consumimos e distribuímos informação muito mais rápido e constantemente. Com as redes sociais digitais, dividimos nossas vidas, momentos e opiniões em questões de segundos.  Mas, será que tudo isso pode afetar nosso cérebro? Ou tudo isso sempre fez parte de nossos cérebros?

Lembro que durante as aulas da Pós-Graduação, discutíamos sobre Educação, Artes e como tudo isso estava sendo afetado pelas novas tecnologias. Conversávamos sobre como a educação sempre foi linear, e não transdisciplinar. Era um momento disciplina de cada vez, um tema de cada vez, um momento por vez. As temáticas raramente se correlacionavam e muitas vezes não era fácil criar conexões entre os temas.

No entanto, o autor Pierre Lévy, no livro “As tecnologias da Inteligência” afirmava que isso era o contrário de nossa natureza. Segundo o autor, o nosso cérebro sempre funcionou hipertextualmente. Isso, porque de acordo com o Lévy, a nossa mente não segue uma forma linear de cognição. Dessa forma, quando ouvimos algo nossa mente há uma rede de outras palavras, conceitos, modelos e imagens que nos remetem àquilo. Porém, nós selecionamos, de acordo com o contexto, o que serão ativados naquele momento.

Podemos admitir que de fato nossos cérebros não funcionem de forma linear, que existem redes e conexões que são ativadas quando precisamos. Mas, o volume de informações com o qual temos que lidar não é mais o mesmo de antigamente. Hoje, precisamos  conciliar muita  informação, como nosso cérebro lida com isso?

Uma animação criada a partir de uma entrevista com o autor Nicholas Carr , do livro “What the Internet is Doing to Our Brains”, mostra como nosso cérebro está funcionando nessa era digital. Segundo o Carr, esse bombardeio de informações que vivemos faz com que passamos a ter um comportamento compulsivo, uma vontade incontrolável de checar nossos e-mails e perfis em redes sociais, nos distraindo o tempo todo. E viver nesse estado constante de distração e interrupções pode ser perigoso porque afeta diretamente o modo como aprendemos as coisas. As distrações não permitem que transformemos as informações em memória à longo prazo.



Pois é, nossas vidas estão mudando com as novas tecnologias digitais, nossos cérebros e forma de armazenar conhecimento também. No entanto, por ser tudo tão recente, não podemos afirmar ao certo quais são as consequências de tudo isso. Apenas não podemos fechar nossos olhos para tantas mudanças, certo?!


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Ana Paula Nunes é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa|UFV e especialista em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo |USP. Trabalha com Marketing Digital e Mídias Sociais, atuando principalmente nas áreas de: pesquisa, monitoramento e planejamento.

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