EDUARDO FROTA EM COLEÇÕES DE ARTE
É curioso observar a diversidade de peças que
constituem uma coleção, principalmente quando nos deparamos com colecionismo
artístico. Os vários movimentos artísticos possibilitam processos de produção
de obras de arte que traduzem além do talento do artista a representação
simbólica de seu tempo. As questões estéticas e o suporte da arte dialogam no
contemporâneo, incentivando o olhar, instigando à interação. Diante da produção
monumental de Eduardo Frota a experiência estética, a interação e humanização
são um fato.
Destacando algumas de suas referências, Frota
menciona:
MALEVICH, quando em 1913, colocou
um quadrado negro sobre um fundo branco, e afirmou que "a arte não se preocupa mais em servir ao
Estado ou à religião; ela não deseja mais ilustrar a história dos costumes, não
quer ter mais nada a ver com o objeto como tal, e acredita que pode existir em
si mesma, sem as coisas", foi inaugurada uma arte desligada de
propósitos utilitários e afastadas da função ideológica de representação.
NEO-CONCRETO, como linguagem, sobre a qual procura uma leitura própria.
O artista e seu trajeto
Eduardo
Frota (1959) – nasceu
em Fortaleza, Ceará. Desenvolveu sua formação artística no Rio de Janeiro. Participou
de cursos na escolinha de Arte do Brasil; na Escola de
Artes Visuais do Parque Lage; no Museu de Arte Moderna, MAM-RJ. Volume/Espaço; licenciando-se em Educação
Artística nas Faculdades Integradas Benneth.; História da Arte Moderna, UNIRIO.
Participou do Wokshop (1991), Amílcar de Castro, Centro
Cultural São Paulo; Arte Moderna Brasileira, Aracy Amaral e Modernidade e
Modernismo (1994), Annatereza Fabris.
Iniciou atividades como arte educador (1979),
e participou de monitorias junto ao Departamento de Cursos do MAM-RJ (1984/85)
e no 9° Salão Nacional de Artes Plásticas, Sala especial Lygia Clark/ Hélio
Oiticica (artistas da experiência concretista). Coordenou a Exposição de Mira
Schendel, FUNARTE (1989); o núcleo ALPENDRE e a Casa de Arte, Pesquisa e
Produção (Fortaleza, CE. 1999/2001). CEFET – CE. 2002/03). Foi Curador Adjunto
para os estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Tocantins do II Programa Rumos
Visuais Itaú.
Em seu percurso, Eduardo
Frota, participa de diversas exposições como VI e X Salão Carioca de Artes
Plásticas (82 e 86 respectivamente); ainda, XI Salão Nacional de Artes
Plásticas Funarte-RJ (89); reabertura do Museu de Arte Moderna (MAM-RJ),
marcada pela exposição Rio Hoje. Integrou
o VI Salão Paulista de Arte Contemporânea (88) e realizou individual na galeria
Macunaíma (Funarte-RJ/88), dentre outras. Somente depois de 12 anos vivendo no
Rio de Janeiro é que o artista Eduardo Frota retornou ao Ceará, ocasião em que realizou
sua primeira exposição individual em Fortaleza, junto ao Museu de Arte da UFC
(1991).
Apresentou intervenções
individuais em diversos espaços, tais como: Torreão (Porto Alegre, RS); Centro Universitário
Maria Antônia, da USP (São Paulo-SP); no Centro Cultural Banco do Brasil (São
Paulo-SP), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; na Fundação Joaquim
Nabuco (Recife-PE); no Museu de Arte Vale do Rio Doce (Vitória-ES); no Centro
Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza-CE); no Alpendre - casa de arte pesquisa
e produção (Fortaleza-CE); Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, PR). Consta de seu currículo, também, a participação
na 3ª Bienal do Mercosul (2001 - Porto Alegre, RS), e na XXV Bienal de São Paulo (2002) entre
outras.
Para
criar a obra, que se encontra em diversos acervos, o
artista desenvolve um processo onde há rigor técnico e formal
enfrentando a questão da monumentalidade em primorosa construção. Nela a madeira é
a matéria prima, onde não se percebe cola, prego, parafuso; mas, um processo
lento, cuidadoso onde artista e artesão trabalham juntos no domínio da matéria.
Carretéis- Museu da Vale |
As obras produzidas com madeira de reflorestamento respeitam o meio
ambiente e o social. São elaboradas em grandes galpões, com a participação de
marceneiros e aprendizes de marcenaria, que orientados pelo artista partem de
estudos e reconhecimentos técnicos que necessitam de desenhos com cortes
precisos. Camada a camada a madeira se ajusta matematicamente (parecendo seguir
relevos progressivos construídos com lâminas de madeira, como ocorria com Grupo
Frente 1954).
Seus temas, aparentemente simples, apresentam formas de cones, carretéis,
círculos e cilindros, ora estáticos, ora em movimento. Ao apresentar suas
intervenções elas ultrapassam o trabalho criativo do artista/artesão e dialogam
com o arquiteto e o engenheiro. As proporções monumentais ocupam o espaço e,
por vezes, esparramam-se por escadarias, rompendo a rigorosa geometria em
organicidade estrutural.
O espectador, no espaço ocupado pelo objeto
artístico de Eduardo Frota, vive a experiência da realidade. Diante de suas
monumentais obras o espectador interrompe trajetos instigando o olhar para
reflexões quanto ao fazer artístico, a manufatura. Apropriando-se curiosamente
de ângulos, frestas, pequenas passagens, pontos vazados o público olha a forma
comum (carretel, cone, círculo, canos); porém, diante das proporções incomuns
do objeto/monumento depara-se com o enfrentamento da realidade contemporânea, em
suas questões urbanas.
Na percepção vertical da arquitetura que cada
vez mais rompe os céus e na mobilidade horizontal que cada vez mais se
interrompe ou rompe no seguir a vida. Eduardo Frota aproxima o
observador/público/expectador de sua obra, da conscientização imediata quanto
as questões da vida.
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SOLANGE
CHEMIN, é artista plástica, especialista em artes e museologia. Foi responsável
pelo implante e manutenção do setor de ação educativa do MON (Museu Oscar
Niemeyer).
É também designer
de produtos na área da moda, e foi responsável pela ação educativa daBienal
Brasileira de Design, Curitiba, elaborando material didático, treinando monitores e
preparando educadores e professores para aquela bienal.
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