segunda-feira, 17 de março de 2014

EDUARDO FROTA EM COLEÇÕES DE ARTE




É curioso observar a diversidade de peças que constituem uma coleção, principalmente quando nos deparamos com colecionismo artístico. Os vários movimentos artísticos possibilitam processos de produção de obras de arte que traduzem além do talento do artista a representação simbólica de seu tempo. As questões estéticas e o suporte da arte dialogam no contemporâneo, incentivando o olhar, instigando à interação. Diante da produção monumental de Eduardo Frota a experiência estética, a interação e humanização são um fato.
Destacando algumas de suas referências, Frota menciona: 

MALEVICH, quando em 1913, colocou um quadrado negro sobre um fundo branco, e afirmou que "a arte não se preocupa mais em servir ao Estado ou à religião; ela não deseja mais ilustrar a história dos costumes, não quer ter mais nada a ver com o objeto como tal, e acredita que pode existir em si mesma, sem as coisas", foi inaugurada uma arte desligada de propósitos utilitários e afastadas da função ideológica de representação.
NEO-CONCRETO, como linguagem,  sobre a qual procura uma leitura própria.

O artista e seu trajeto

Eduardo Frota (1959) – nasceu em Fortaleza, Ceará. Desenvolveu sua formação artística no Rio de Janeiro. Participou de cursos na escolinha de Arte do Brasil; na Escola de Artes Visuais do Parque Lage; no Museu de Arte Moderna, MAM-RJ. Volume/Espaço; licenciando-se em Educação Artística nas Faculdades Integradas Benneth.; História da Arte Moderna, UNIRIO. Participou do Wokshop (1991), Amílcar de Castro, Centro Cultural São Paulo; Arte Moderna Brasileira, Aracy Amaral e Modernidade e Modernismo (1994), Annatereza Fabris.

Iniciou atividades como arte educador (1979), e participou de monitorias junto ao Departamento de Cursos do MAM-RJ (1984/85) e no 9° Salão Nacional de Artes Plásticas, Sala especial Lygia Clark/ Hélio Oiticica (artistas da experiência concretista). Coordenou a Exposição de Mira Schendel, FUNARTE (1989); o núcleo ALPENDRE e a Casa de Arte, Pesquisa e Produção (Fortaleza, CE. 1999/2001). CEFET – CE. 2002/03). Foi Curador Adjunto para os estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Tocantins do II Programa Rumos Visuais Itaú.

Em seu percurso, Eduardo Frota, participa de diversas exposições como VI e X Salão Carioca de Artes Plásticas (82 e 86 respectivamente); ainda, XI Salão Nacional de Artes Plásticas Funarte-RJ (89); reabertura do Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), marcada pela exposição Rio Hoje. Integrou o VI Salão Paulista de Arte Contemporânea (88) e realizou individual na galeria Macunaíma (Funarte-RJ/88), dentre outras. Somente depois de 12 anos vivendo no Rio de Janeiro é que o artista Eduardo Frota retornou ao Ceará, ocasião em que realizou sua primeira exposição individual em Fortaleza, junto ao Museu de Arte da UFC (1991).

Apresentou intervenções individuais em diversos espaços, tais como: Torreão (Porto Alegre, RS); Centro Universitário Maria Antônia, da USP (São Paulo-SP); no Centro Cultural Banco do Brasil (São Paulo-SP), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; na Fundação Joaquim Nabuco (Recife-PE); no Museu de Arte Vale do Rio Doce (Vitória-ES); no Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza-CE); no Alpendre - casa de arte pesquisa e produção (Fortaleza-CE); Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, PR). Consta de seu currículo, também, a participação na 3ª Bienal do Mercosul (2001 - Porto Alegre, RS),  e na XXV Bienal de São Paulo (2002) entre outras.


Carretéis- Museu da Vale
Para criar a obra, que se encontra em diversos acervos, o artista desenvolve um processo onde há rigor técnico e formal enfrentando a questão da monumentalidade em primorosa construção. Nela a madeira é a matéria prima, onde não se percebe cola, prego, parafuso; mas, um processo lento, cuidadoso onde artista e artesão trabalham juntos no domínio da matéria.

As obras produzidas com madeira de reflorestamento respeitam o meio ambiente e o social. São elaboradas em grandes galpões, com a participação de marceneiros e aprendizes de marcenaria, que orientados pelo artista partem de estudos e reconhecimentos técnicos que necessitam de desenhos com cortes precisos. Camada a camada a madeira se ajusta matematicamente (parecendo seguir relevos progressivos construídos com lâminas de madeira, como ocorria com Grupo Frente 1954).
Seus temas, aparentemente simples, apresentam formas de cones, carretéis, círculos e cilindros, ora estáticos, ora em movimento. Ao apresentar suas intervenções elas ultrapassam o trabalho criativo do artista/artesão e dialogam com o arquiteto e o engenheiro. As proporções monumentais ocupam o espaço e, por vezes, esparramam-se por escadarias, rompendo a rigorosa geometria em organicidade estrutural.
O espectador, no espaço ocupado pelo objeto artístico de Eduardo Frota, vive a experiência da realidade. Diante de suas monumentais obras o espectador interrompe trajetos instigando o olhar para reflexões quanto ao fazer artístico, a manufatura. Apropriando-se curiosamente de ângulos, frestas, pequenas passagens, pontos vazados o público olha a forma comum (carretel, cone, círculo, canos); porém, diante das proporções incomuns do objeto/monumento depara-se com o enfrentamento da realidade contemporânea, em suas questões urbanas. 
Na percepção vertical da arquitetura que cada vez mais rompe os céus e na mobilidade horizontal que cada vez mais se interrompe ou rompe no seguir a vida. Eduardo Frota aproxima o observador/público/expectador de sua obra, da conscientização imediata quanto as questões da vida.

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SOLANGE CHEMIN, é artista plástica, especialista em artes e museologia. Foi responsável pelo implante e manutenção do setor de ação educativa do MON (Museu Oscar Niemeyer).

É também designer de produtos na área da moda, e foi responsável pela ação educativa daBienal Brasileira de Design, Curitiba, elaborando material didático, treinando monitores e preparando educadores e professores para aquela bienal.







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