terça-feira, 1 de abril de 2014

Ditadura nunca mais!



Leitores, em meio as atrocidades vivenciadas no cotidiano, escrevi esta matéria, sem muito tempo para esboçar neste momento proposições aprofundadas, porém preocupada com a onda de reacionarismo e a tendência da falta de diálogo, principalmente, a respeito das crueldades em tempos de chumbo (exílio, tortura, desaparecimento, repressão, violência etc.) e do arrocho salarial, com leis e prejuízo à população trabalhadora, frutos da política implantada a partir de 1964.

Nosso parceiro e camarada de longa data, Leandro Melito, jornalista da EBC elaborou um material cronológico da intervenção das Forças Armadas no governo do país, o golpe do dia 31/03 de 1964:

http://www.ebc.com.br/cronologia-do-golpe

Leandro também encontrou no arquivos da TV Brasil um depoimento do ex-deputado e desaparecido político Rubens Paiva fazendo o chamamento para os trabalhadores e jovens a resistir à ditadura:




Tempos de um passado recente, que nos fazem refletir lembrar dos vários vestígios sombrios de um período autoritário com muitos fatores mal explicados ou deturpados pelos interesseiros de plantão.

Moradora da periferia, pobre e estudante, leio noticiários, analiso os índices, ouço relatos e, constatamos, que apesar de vivermos hoje num Estado democrático a política de repressão ainda vigente.

Além da escassez de recursos básicos (transporte, saúde, educação e moradia) para a grande parcela de pobres e negros da periferia, vivemos com medo do genocídio! 

Para tanto, vos pergunto: Quantos Almarildos e Cláudias foram exterminados?

Desaparecido após ser levado a UPP pela PM
14/07/2013 

Executada por 3 tiros e arrastada pendurada num camburão da PM
16/03/2014


NOTA DA FEDERAÇÃO DE FAVELAS (FAFERJ) SOBRE A SITUAÇÃO DAS FAVELAS NO RIO DE JANEIRO

"Nas favelas, a Ditadura Militar nunca terminou.
Dizem que nós somos violentos
Mas desse jeito eu não aguento
Dizem que lá falta educação
Mais nós não somos burros não
Dizem que não temos competência
Mais isso sim que é violência
Cidinho e Doca

Será que existe diferença entre um negro e um branco arrastados pelo asfalto quente do Rio de Janeiro? A FAFERJ vem denunciando o assassinato e tortura em massa dentro das favelas cariocas. Infelizmente, a realidade é dura da forma como estamos vendo o caso da companheira Cacau da favela da Congonha, em Madureira: brutalmente assassinada e arrastada como se fosse um “saco”. Um saco com marido e quatro filhos. 

A realidade nas favelas do Rio de Janeiro é a mesma desde, pelo menos, 1964: a ditadura que uma minoria branca pede de volta e que outros acham que ela se foi. Se nem a escravidão se foi por completo, o que dizer da ditadura militar. Para nós, da FAFERJ, a ditadura nunca se foi para as comunidades, conjuntos habitacionais e periferias. Poderíamos citar aqui muitos nomes, afinal essa polícia mata cinco pessoas por dia, com apoio e as mãos lavadas dos mais ricos.
Cacau é uma vítima de tortura e assassinato, como Amarildo, Zumbi dos Palmares, Vladmir Herzog, e tantos outros mortos pela insanidade desta polícia que ainda pensa e age na forma de um grande agrupamento de feitores. O PM do Rio de Janeiro é o capitão-do-mato do século XIX.
A FAFERJ pergunta aos companheiros favelados, a mídia de TV, rádio e Jornal: E agora? Vão pedir redução da maioridade penal para os policiais, vamos amarrá-los nos postes, “Pena de Morte”? Claro que não! Nem nós queremos isso, mas estas perguntas tiram as máscaras de muitos racistas e elitistas da sociedade carioca. Não há como esconder aquele famoso ditado popular: “DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS”. 

E se fosse um corpo branco arrastado pelas ruas, como foi o de João Hélio? Neste caso, a Marcha da Família pela pena de morte estaria em curso, mas como era apenas uma negra, auxiliar de serviços gerais, favelada, podemos encontrar qualquer motivo para dizer que foi culpa dela. O café em suas mãos era muito quente, ela fez movimentos bruscos, estava no ao lado de bandidos e todas as demais balelas utilizadas pra justificar a barbárie da PMERJ.

A FAFERJ é solidária a todas das famílias das favelas do Rio de Janeiro, de favelados para favelados. Como sempre, pregamos a união das Favelas na luta por direitos e justiça social para nossa gente.
A Falência das UPP´s, a Intervenção Federal e a criminalização das Favelas.

"Eu carrego, com orgulho, a minha favela
Por isso não aceito que ninguém fale mal dela."
Mc Crazy

As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP's) são um projeto aparentemente novo mas que já nasceu velho, pois não passa do velho Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO's) que hoje é improvisado em contêineres e demarcam o território das favelas. Como agravantes, vemos polícias recém-formados em cursos de apenas seis meses, ou seja, com uma formação menor e mais desorganizada que a de um Policial Militar comum. 

Estamos assistindo a falência completa de um projeto que não alcançou nem 10% das favelas do Rio de Janeiro, já que são apenas 38 comunidades “pacificadas” em um cenário de mais de 1800 favelas.


Além das graves violações dos direitos humanos por parte da polícia, favelas como a Rocinha mesmo “pacificadas” são disputadas por diversas facções com armamento pesadíssimo. O Complexo do Alemão, por exemplo, terá de ser repacificado, segundo o Governador. Como funciona isso? Levar a paz onde já teria paz? É mais uma pergunta no ar a ser respondida por Sérgio Cabral.


A FAFERJ questiona a quem serve as UPP´s, j´á que não resolvem os pricipais problemas das comunidades ligados aos serviços básicos como, por exemplo, saneamento, coleta de lixo e serviços de água e luz. Todos estes serviços continuam precários, além disso a UPP não resolve nem os problemas dos policiais que continuam com péssimos treinamentos e salários.


Os casos de acusação de líderes comunitários supostamente “associados” ao tráfico é também uma grave denúncia que esta Federação traz. Ser líder comunitário não é crime. A FAFERJ é contra as diversas matérias publicadas pelo Jornal “O Globo”, trazendo acusações sem provas contra presidentes de associações de moradores e líderes das nossas Favelas, mais uma vez. Infelizmente, tem se tornado prática recorrente acusar moradores e líderes de favelas de serem bandidos ou terem ligações com estes. 

Reafirmamos que as favelas do Rio de Janeiro são compostas majoritariamente por trabalhadores honestos e cumpridores de seus deveres e que tais acusações sem provas ou direitos de resposta são as marcas do modo racista e elitista que são tratados os moradores de favela pela mídia. SER FAVELADO NÃO É SER BANDIDO. 

• Contra a intervenção militar nas favelas do Rio de Janeiro;
• Que a Presidente Dilma, Autoridades e os Ministros ouçam as lideranças e as Associações de Favela do Rio de Janeiro;
• Pela desmilitarização da Polícia;
Saudações Comunitárias,
Federação das Associações de Favela do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ)"

Também vemos repercutir ações contra as variadas manifestações populares, com prisões, criminalização dos movimentos sociais, armamentos, demissões, perseguições e possíveis aparatos legais. Segurança Nacional com abstratas e possíveis leis Anti-terrorismo, como por exemplo: a "Garantia da Lei e da Ordem" que possibilita a continuidade das truculências das Forças Armadas; a PLS 728/2011 que define como terrorismo "provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante a ofensa à integridade física ou privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo"; a PLS 236/2012 com severas punições aos manifestantes; artigo 20 da Lei 7.170/1983, que prevê a reclusão de 3 a 10 anos aos "infratores" que "devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas."; Convenção interamericana contra o terrorismo, que considera "grave ameaça para os valores democráticos, para a paz e para a segurança internacionais.".

Saliento que nesta data (e todo dia) também é crucial denunciar as práticas que violam os direitos humanos, inibem a liberdade de manifestação e de pensamento, expressões do aborrecimento do povo, com essas formas atrozes iniciadas na ditadura e que ainda segue com vigor: em nome da acumulação de capital concentrada nas mãos de poucos!

Para tanto, diversas frentes lutam pela construção de uma gama de atividades desenvolvidas para reverberar a difusão em prol da conscientização deste marco na história e para fortalecer a luta contra os torturadores, os assassinos e os condizentes com tal política. 



Aqui em Santo André, haverá o Ato/Escracho contra a Ditadura Civil-Militar. A concentração será a partir das 17h30 na Igreja Matriz (Praça Presidente Vargas), na Rua Santo André. Durante o ato terá espaço para apresentações públicas de artes (música, dança, poesia, etc.) 


Na cidade de São Paulo:


Samba, batucada e escracho popular nas ruas do centro de São Paulo. 
"TEMA: 64+50: QUANDO VAI ACABAR A DITADURA CIVIL MILITAR?

CONCENTRAÇÃO - 17:30 no Largo General Osório (Antigo Dops/Próx. a Estação da Luz) 

INÍCIO DO DESFILE 18:30



Convidamos todxs a participar deste rolezinho sambístico, para ocupar as ruas com a batucada da nossa 2a abolição. Neste dia primeiro de abril, façamos um encontro de nossas revoltas contra uma ditadura que permanece. Tragam para as ruas os símbolos de sua contestação. Anistia aos torturadores? Homenagem aos carrascos? Militarização das instituições democráticas? Mídia carniceira e golpista? Educação pra ler e calcular sem contestar a realidade? Saúde para mortxs-vivxs? Desenvolvimento consumista sem vida? Extermínio dos povos indígenas? Assassínio racista e encarceramento em massa da juventude periférica? NUNCA MAIS! Mostremos que quem resiste, vive!

É por essas razões que teimaremos em levar para todos os espaços as canções de nosso Cordão e com o nosso canto ocupar as ruas.

As ruas são pra lutar e quem não luta dança!

Cinquenta anos se passaram após o golpe civil-militar de 1964. Apesar de alguns esforços valiosos, nenhum responsável foi julgado pelos crimes cometidos. E foram muitos: torturas, extorsões, sequestros, assassinatos em massa de indígenas e camponeses, desaparecimentos perpetrados pelo Estado e pelos tentáculos econômicos do capitalismo.


Brasil maravilha, dos "90 milhões em ação" na grande festa popular que é o futebol. Cinquenta anos se passaram, e pouco deste cenário antigo mudou. 2014: Ano de Copa e violência repressiva. Eis o que nos aguarda nas ruas, violadas pelas novas leis de exceção padrão FIFA.

Se for para comemorar, que seja pelos que combateram e combatem contra um passado que não cansa de se repetir. E carnavalizemos... festa que inverte os sinais.

Por isso, neste 01 de abril, o Cordão da Mentira cantará o passado e o presente que vale a pena: da teimosia dxs guerreirxs, dxs indignadxs, dxs irreconciliáveis. Levaremos para as ruas os sambas-luta, as alegorias da história, os estandartes dos que dizem "Não!".

O ANIVERSÁRIO É DELES, MAS A RUA É NOSSA!

https://www.facebook.com/cordaodamentira"



Antifascistas uni-vos em mais um ato!


"Golpismo nunca mais!
Evento nacional: https://www.facebook.com/events/567492396676506

Pela desmilitarização da PM (resquício de ditadura de 64.) e pela reestruturação do sistema policial brasileiro junto com melhores salários, medidas contra a corrupção de agentes e melhor treinamento visando a diminuição da truculência policial.

Pela troca de nome de monumentos, ruas, rodovias e edifícios com nome de ditadores brasileiros!

Contra o golpismo que torturou crianças, mães e país, matou filhos de alguém e que em nome de um falso patriotismo fez o Brasil virar quintal dos EUA.

Vamos mostrar que nem antes, nem durante e nem depois o povo foi a favor do golpe!
Vamos mostrar para as viúvas da ditadura que o povo acordou e não vai permitir nunca mais algo do tipo!
FASCISTAS NÃO PASSARÃO
GOLPISMO NUNCA MAIS!"


Nas artes cênicas recomendo a Companhia do Latão (CCSP):

Com sessões gratuitas dias 4, 5 e 6 de abril:


SOCIEDADE MORTUÁRIA (ÓPERA DOS VIVOS, ATO I)
4/4 - sexta - 21h
Primeiro ato de Ópera dos Vivos, a peça se inspira na história das Ligas Camponesas, surgidas no interior pernambucano em fins dos anos 1950, a partir das chamadas “sociedades mortuárias”, associações de camponeses que se cotizavam para comprar caixões e realizar enterros dignos.

HAMLET E O FILHO DO PADEIRO (LEITURA CÊNICA)
dia 5/4 - sábado - 21h
Inspirada em cenas da peça Hamlet, de William Shakespeare, e no livro Hamlet e o filho do Padeiro, de Augusto Boal. Após a apresentação haverá o lançamento do livro pela editora Cosac & Naify.

MORRER DE PÉ (ÓPERA DOS VIVOS, ATO IV)
dia 6/4 - domingo - 20h
Quarto e último ato de Ópera dos vivos, a ação se passa em um estúdio de televisão onde se filma uma minissérie sobre os anos 1960.


Se gostar assistir filmes e tiver um tempo disponível, recomendo alguns sobre o tema:

15 Filhos de Guerrilheiros Brasileiros falam de suas vidas em meio à Ditadura










Contos da Resistência








Memórias do Chumbo - O Futebol nos Tempos da Ditadura







Marighella



Florestan Fernandes, o Mestre








Operação Condor - TV Brasil




A Imprensa Paulista na Ditadura (1964-1985)



Ditadura - Tempo de Resistência




Operação Condor



Hércules 56


Tortura até Quando? 



Muito Além do Cidadão Kane - A Verdadeira História da Rede Globo



Breve Histórico do Movimento Grevista e Operário do Brasil 


ABC da Greve - 1979 


Fascistas e Militaristas
Não Passarão!
Nossos Heróis VIVEM
A Cada Passo de Nossa Luta.

Lembremos que: todo Dia é dia LUTA!


Soraia Oliveira Costa, bolsista Capes, mestranda em História da Ciência (UFABC), bacharel e licenciada em Ciências Sociais (CUFSA/2009). Pesquisadora que utiliza de recursos audiovisuais, da fotografia e das oralidades para fazer análises do cotidiano, da transformação sensível, do cenário urbano, da natureza, do trabalho, dos transportes, do comportamento, da cultura e das manifestações artísticas. Produziu o documentário "Transformação sensível, neblina sobre trilhos", que trata sobre a vila de Paranapiacaba.


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