sexta-feira, 25 de abril de 2014

"Hoje Eu Quero Voltar Sozinho": um filme com duas temáticas tabus numa linda história de amor.


Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, é um filme de primeiro amor. É Leve e descontraído como habitualmente são os filmes com eixo dramático centralizado em personagens adolescentes que vivem a experiência do primeiro amor. Com uma trama delicada e sensível, o diretor paulistano Rafael Ribeiro acerta ao criar uma história com personagens, diálogos e atores que já haviam sido experimentados no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, 2010, visto mais de 3 milhões de vezes no YouTube.


“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, é um filme gay. Mas gay para ser visto até pelo mais homofóbico dos homofóbicos”.
“ É doce, tem mais a ver com o amor entre duas pessoas do que com o sexo entre dois caras"
 Rafael Ribeiro 
O primeiro beijo com muito amor e sensibilidade
A diferença entre este filme de primeiro amor e outros tantos que existem por ai, é que esse fala de um amor gay entre dois jovens Gabriel ( Fábio Audi ) e Leonardo (Guilherme Lobo ) e, com um ingrediente a mais, Leonardo é cego.
No recente Festival de Berlim, na estreia do longa-metragem, o filme levou o prêmio Teddy Bear, dedicado a temática gay, o de crítica internacional (Fipresci) e o segundo lugar de público na seção paralela Panorama.
Duas maneiras de amar: Amizade e a atração física em forma de paixão
Com esse histórico de sucesso, o longa, que estreou nos cinemas em 10 de abril deste ano, tem tudo para virar um sucesso de bilheterias. No entanto, tocar em assuntos polêmicos sempre desperta a atenção de distintos grupos, dentre eles os religiosos evangélicos, católicos, protestantes e afins,  que provavelmente não  recomendariam o filme aos seus.
Acredito que falar do outro,  do problema do outro, não é fácil. Talvez esse tenha sido o maior impasse de Rafael Ribeiro quando se propôs a tratar de questões referentes ao universo dos cegos, em suas agruras e prazeres. Versar sobre algo que não se vive no cotidiano, isto é, que vem de fora, é sempre difícil: há o risco de soar falso ou estereotipado. Particularmente, não tive essa sensação ao assistir o filme; ao contrário de alguns críticos, que acharam o personagem Leonardo muito dependente, senti muita verdade nele, o que foi potencializado pela ótima interpretação do ator estreante. Em muitos momentos que Leonardo é ajudado pelos amigos, Giovana (Tess Amorim) ou Gabriel,  o foco não é necessariamente a dependência, mas sim o carinho existente entre eles. Acho que é assim mesmo com a amizade, às vezes relaxamos na companhia do amigo para descansarmos.  A mim me pareceu mais isso.
Bacana a iniciativa do Espaço Itaú, no shopping Frei Caneca, de exibir o filme para pessoas com deficiências sensoriais:  baixa ou nenhuma visão ou surdos, que também podem baixar aplicativos que transmitem a audiodescrição, a interpretação em Libras e fazer subtitulação.
Ao som da canção There's Too Much Love, da banda Belle & Sebastian, Gabriel e Leonardo vivem o inesquecível primeiro amor. 

 “Ser gay não é um problema para os personagens, mas fora do filme eu queria que o público se perguntasse por que se identifica com a historia mesmo quando não é gay”
Ribeiro



 Filme fofo que faz refletir. Fico feliz em saber que o amor gay ganha cada vez mais produções cinematográficas. Com o  tempo, a ideia é de que possamos falar desse amor de forma tão doce e corriqueira a ponto de ser assimilado como algo possível e valioso. 
Assistam, cinema nacional de qualidade.


Amor pelos filmes e pela exibição no escurinho das salas. Eu no Reserva, pura magia 
Momento especial 
Katia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano, principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação, na FPA, Faculdade Paulista de Artes e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.

1 comentários:

Soraia O Costa disse...

Estava curiosa para assistir este filme, agora, após leitura, estou mais! :)
Obrigada, Katia.

29 de abril de 2014 às 14:10

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