PARAÍSOS DE PEDRA
O livro Paraísos de Pedra, lançado em 2013, traz
narrativas da infância da autora Barbara Lia na cidade de Peabiru e contos que utilizam
como cenário a cidade de Curitiba: Memória e Invenção. “Paradiso” trafega por
locais curitibanos: A Feira de Artesanato do Largo da Ordem, o chafariz – A
fonte da memória – do escultor curitibano Ricardo Tod que evoca os tropeiros
que vinham a Curitiba para comercializar seus produtos transportados por carroças
e mulas. Naquela época os animais utilizavam o pequeno bebedouro - ainda
existente - no Largo da Ordem. O bar Sal Grosso - reduto de poetas e artistas.
O Café Express e a Confeitaria das Famílias. O Mercado das Flores, a Rua XV...
Capa do livro-Foto: João Debs |
“Cinema Paradiso” utiliza
títulos de filmes para narrar uma infância mágica vivida em Peabiru. Alguns
garotos da cidade a denominaram – Parisbiru. Uma cidade que tem o poder de
cravar dentro da alma dos que ali viveram uma indescritível nostalgia que faz
com que o pensamento sempre retorne para suas ruas marrons, para sua praça
pequena e para os detalhes que fazem desta cidade uma espécie de paraíso
perdido.
Os contos da maturidade
tem a urgência de dizer: A vida escoa. Os da infância perdem-se em relatos da
memória, longos como os dias em Peabiru. O sol ao lado, sempre.
Desenho: Rafa Camargo |
(...)
— Quero ser baliza no dia da Independência.
Ela
me olhou com aquele olhar mel curativo, temendo não encontrar palavras para
dizer que uma garota com sequela de pólio não seria aceita no pelotão de
balizas. Ela era inteligente e me amava o suficiente para não me magoar e foi
assim que ela jogou o encargo para a professora de Educação Física.
— Se a professora te aceitar no time, tudo bem, você pode ser baliza.
Fiquei
tão feliz que não cabia em mim.
No
segundo ano eu procurei a professora. Ela se chamava Maria Lúcia e era uma
pessoa livre. Quando você desejar alçar algum degrau em sua vida reze para
encontrar pessoas livres pelo caminho. Elas nunca bloqueiam os voos das pessoas
e elas nunca lhe cortam as asas. Maria Lúcia pediu que eu executasse algumas
acrobacias. Por alguns dias deixou tudo no ar sem dizer se ia ou não ia me
colocar no pelotão que eu ansiava. Em uma manhã, na hora da nossa aula, ela me
disse que era para começar a pensar e combinar com minha mãe sobre a roupa do
desfile. O mundo ficou imenso e largo e ampliado de alegria.
Fragmento
do conto “O Milagre” – páginas 90/91
Paraísos
de Pedra – Editora Penalux/2013
O início do livro foi disponibilizado no site da Editora, onde é possível ler o conto - Paradiso:
(Assaí, Brasil, 1955) é poeta e escritora. Publicou nove livros (de poesia, conto e romance). Destaque nos prêmios SESC, UFES, Helena Kolody e Newton Sampaio. Antologias: O que é poesia? (Confraria do Vento), O melhor da festa - 3 (Festipoa) e Amar, verbo atemporal (Rocco), entre outras. Vive em Curitiba.
http://chaparaasborboletas.blogspot.com.br/
http://chaparaasborboletas.blogspot.com.br/
1 comentários:
Muito bom voltar a infância através da leitura e maravilhoso saber que Peabiru te inspira Bárbara Lia.
15 de abril de 2014 às 21:54Postar um comentário
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