domingo, 13 de julho de 2014

Arte, ciência e modernidade: diálogos possíveis



Em diálogo com meus alunos da disciplina Identidade e Cultura, discutimos na última aula possíveis semelhanças e diferenças a respeito da arte e da ciência na modernidade. Procuramos investigar como foi possível - em outras épocas - que filósofos como Leonardo Da Vinci conseguiam fazer a interrelação entre arte e ciência e com o passar dos séculos, principalmente entre os séculos XVII a XIX, tal relação foi sendo fragmentada a partir de um processo de especialização especificamente disciplinar dentro do saber científico. 



Assim, a arte junto com as  humanidades ficaram com um papel subalterno frente às ciências naturais. Essa reflexão se deu a partir dos estudos de SNOW (1963) e da releitura de ALMEIDA FILHO (2007) e OCATIVO IANNI (2003). Tais autores pensaram diversas aproximações entre arte e ciência dentro da construção de um conhecimento interdisciplinar preocupados com outras habilidades que não apenas a racionalidade iluminista. Habilidades como a intuição, a emoção estética, o processo criativo são valorizadas dentro da construção de conhecimentos possíveis.
Para melhor elucidarmos as aproximações entre as artes e ciências, vimos como estudo de caso a dança teatral, Tanztheater, que nasceu com orientação da ciência exata, o ‘Labanotation’, sistema de notação de dança/movimento, pautada na matemática e na física. Nesse experimento, a linguagem labaniana passou a definir o tempo, espaço, peso e fluxo do movimento dos bailarinos, se relacionando com os aspectos de criação, notação, apreciação e educação. Outra aproximação desse tipo de “arte” com as ciências é o  fenômeno que observamos é a transmídia, que pode ser entendida como a interface entre várias plataformas de mídia. A prática da transmídia na dança criou uma nova linguagem. 
O fime ‘PINA’ (2011) do cineasta alemão Wim Wenders que traz os trabalhos emblemáticos do Tanztheater Wuppertal, dirigido (1973-2009) por Pina Bausch é um exemplo dessa interlocução Esse filme foi exibido em 3D e modificou a espacialidade do cinema. Dentro da linguagem da dança, ele destacou a textura dos corpos dos bailarinos e principalmente as emoções.



Trailer do filme Pina


Ana Maria Dietrich é docente do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC, doutora em História Social/ USP e Pós-doutora em Sociologia/ UNICAMP.

Marissel Marques é bacharel em Dança pela UNICAMP e mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências e da Matemática/ UFABC e orientanda de Ana Maria Dietrich.

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