domingo, 10 de agosto de 2014

Identidade e Cultura nas ruas de São Paulo



 Como resultado do trabalho de campo dos alunos de Identidade e Cultura de 2014 da Universidade Federal do ABC publicamos hoje a primeira parte desses interessantes relatos. A proposta foi escolher um evento cultural no ABC paulista ou na cidade de São Paulo e tecer observações como comportamentos, atitudes e modos de pensar, o que tinha no bairro, além de proceder um registro de todo o processo de ida, volta, sensações no dia seguinte. Vale a pena conferir!


1. Festival do Inverno na Vila de Paranapiacaba 
João Luiz Calisto Perin, Mayara Maciel dos Santos, Raphael Fernandes Vitorino, Luigi Jones Golderin, Pedro Yukas Silva, Clecio L. A. Dias 
Para relacionar nossa visita ao Festival de Inverno de Paranapiacaba com o conteúdo de Identidade e Cultura podemos destacá-lo como espaço de conhecimento, pois o festival serve para podermos manter o passado como memória o que para Pierre Nora é atualmente uma necessidade, criar de lugares para a memória:
salvos de uma memória na qual não mais habitamos, semi-oficiais e institucionais, semi-afetivos e sentimentais; lugares de unanimidade sem unamismo que não exprimem mais nem convicção militante nem participação apaixonada, mas ainda palpita ainda algo de uma vida simbólica. Oscilação do memorial ao histórico, de um mundo onde tinham ancestrais a um mundo da relação da contingente com aquilo que nos engendrou …“ (P. NORA,1993, p.14)
Teríamos a necessidade de criar locais de memória porque não existiria mais memória na pós modernidade; precisaríamos criar espaços para relembrar o passado que não faz mais parte de nossas vidas, porem está construído historicamente em nós. A Vila de Paranapiacaba é um ótimo exemplo dessa criação de memória, por estar localizada distante do centro da cidade, em uma área rural da cidade ela conseguiu se manter sem muita alteração com seu passado presente nas sua estrutura , e foi reconhecida pelo poder público, como patrimônio histórico e hoje é uma referência em conservação, embora ainda esteja precisando de muitos restauros. Veja o trabalho completo 



2. Centro de Tradições Nordestinas  
Ana  Paula Cristina Damião, Filliphe Scolt Ribeiro
O que mais nos chamou atenção em todas as interações com os colaboradores do CTN, sem dúvida, é a simplicidade. Em cada momento  mostravam toda a hospitalidade marcante de sua região, a pró atividade e a simpatia característica. Sempre que pedíamos uma ajuda para localizar algo no centro, como uma loja, restaurante ou artefato cultural, eles já nos direcionavam ao local, muitas vezes, nos acompanhando e falando sobre o proprietário e/ou família responsável pelo espaço, que denota certo senso de coletividade e familiaridade com aqueles que mantêm certo convívio.
A cultura é ainda mais marcante no momento em que mantemos um diálogo com um deles. A todo instante, é evidente a maneira peculiar como gesticulam durante cada frase, caracterizando que são expressivos e espontâneos, pois sempre conectam algo com a maneira que se comportam ou 
como se comportariam em uma situação no qual estamos falando. Uma das expressões mais utilizadas pelos colaboradores, que chegar ser divertido, onde os próprios se auto intitulam: “Comedores de rapaduras e bebedores de cachaça”, que caracteriza ainda mais a cultura da simplicidade e os costumes regionais.

A partir disso, podemos usar como exemplo a dona da loja “Oxe Mainha” Eliane, que apenas ao passarmos em frente ao seu estabelecimento, nos recepcionou já se preocupando com o que gostaríamos, mostrando toda a hospitalidade típica. Além disso, nos falou sobre os detalhes de cada local do centro, dos seus fundadores, do funcionamento, falando o melhor local para 
irmos, mostrando então à pró-atividade e a simpatia do povo nordestino. 

Acesse as fotos feitas pelos pesquisadores!


3. Visita ao Museu de Arte de São Paulo (MASP)


Jeniffer G. Pepi, Juan Negreiros Baldarenas, Maria Fernanda C. do Amaral, Monica F. Dambrosi, Murilo Bortoleto Pereira, Renaud Pimentel, Rubens Vicente Vilela

“Na conjuntura brasileira atual, a universidade ás vezes consegue cumprir sua função de formar profissionais tecnicamente competentes, mas permite que os alunos saiam dela incultos”. Podemos dizer que isso acontece não só na formação superior, mas também no Ensino Fundamental e Médio. Ao nos depararmos com as obras expostas no MASP diversas vezes ficamos em dúvida acerca de qual movimento aquela obra pertencia ou a que acontecimento remetia. Isso porque a disciplina de artes não é levada tão a sério quanto matérias como matemática e física na formação dos alunos, desde o ensino básico.

Uma possível solução para esse problema é apresentada na proposta do Bacharelado Interdisciplinar da Universidade Nova, que compreende as “três culturas que estruturam os saberes e práticas do mundo contemporâneo: A) cultura humanística; B) cultura artística; C) cultura científica”. Assim, profissionais de todas as áreas teriam capacidade para fazer uma conexão entre as três culturas e se tornariam mais completos e preparados para as mais diversas situações, tanto no ambiente de trabalho quanto em suas vidas pessoais.


A arte não está apenas em exposições, como as que vimos no MASP, ou na música e na dança, etc. Segundo Almeida Filho, “o processo que envolve o desenvolvimento científico é um processo cultural” e ter conhecimento no campo das artes, nos permite inclusive, compreender melhor a ciência e seu processo de formação e desenvolvimento como parte de nossa própria cultura.


4. Exposição Obsessão Infinita, Yayoi Kusama 

Amarílis Marques Lamin, Allan Cesar, Fernando Domelas, Samuel Alencar, Lorraine Silva, Natália Zampiroli, Laura Maria Marques Paulo 

Depois de combinada a data fomos até essa exposição. Como os integrantes já tinha noção de como a artista pensava, a cada sala que andávamos era possível ver o cuidado e perspicácia, que ao meu ver era proposital, em mostrar como Kusama pensava a arte e também em como seu rompimento com a cultura tradicional japonesa estava explicito bem ali, em frente aos nossos olhos, aos nossos toques, a todas nossas possíveis percepções de mundo. A cada ambiente avançado, a cada sala avançada, o número de falos aumentava significativamente, até que no final havia uma sala cheio de falos, explicitando um medo da repressão sexual da autora, que foi ali, como uma caricatura exposto.


Dentro da perspectiva de Identidade e Cultura, identificamos a importância dessa artista por sua grande influência no meio artístico que transcendeu sua época: usualmente conhecida como uma das maiores artistas da cultura pop do pós guerra, Yayoi Kusama teve grande participação e influência na contracultura Hippie, notada por sua originalidade e criatividade. Buscamos especificamente na figura e identidade da Yayoi o retrato da sociedade e cultura em que a mesma se aflorou artisticamente e as cicatrizes que esta sociedade sofreu. Sendo negada pela própria família a oportunidade de viver pela arte em quanto se mantinha em seu núcleo familiar e também pelos catastróficos desdobramentos da guerra e pós guerra no Japão, Yayoi decide buscar por novos horizontes, culturas e a liberdade de outro país para não ter a sua própria identidade reprimida.




Veja o trabalho completo!

Link para apresentação online!

Prezi da visita ao instituto Tomie Ohtake para a exposição Obsessão Infinita

Veja as fotos!

Conheça mais sobre a proposta dessa disciplina em 
http://identidadeseculturasanadiet.blogspot.com.br/




Ana Maria Dietrich, doutora em História Social, é docente da UFABC e coordenadora da Contemporartes.

0 comentários:

Postar um comentário

Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.