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Futebol e cultura



Como atividade da disciplina Identidade e Cultura, os alunos foram convidados a comparecer a um evento cultural e fazer um trabalho de observação de elementos relacionados às reflexões em sala de aula. Os estudantes abaixo, escolheram um jogo de futebol. No país "do futebol", em ano de Copa de Mundo, foi uma escolha acertada. Muitas reflexões podem ser travadas pelas suas ricas observações de quem estava no meio da torcida.





Optamos por comparecer a um jogo do Campeonato Brasileiro de futebol entre São Paulo F.C. e 
Chapecoense S.C. a ser realizado as 18:30 do dia 19/07/2014 no estádio Cícero Pompeu de 
Toledo o MORUMBI. 
Por volta das 6hs nos encontramos na frente do shopping Morumbi, fomos de carro até o estádio 
e ficamos aproximadamente 1 km do estádio (o estádio do Morumbi não tem estacionamento) e 
fizemos esse percurso a pé, tinham muitos torcedores do São Paulo na rua, algumas famílias, 
outros com grupos de amigos ou namoradas e o que surpreendeu foi que a menos de 10 minutos 
pra começar o jogo havia um numero enorme de torcedores ainda comprado ingresso e essa 
pessoas inevitavelmente entrariam com o jogo em andamento, o que não deixa de ser curioso o 
interesse pelo jogo por se tratar de um jogo de meio de tabela sem tanta importância. Chegando ao 
portão de entrada a revista policial, há sempre o risco que algum torcedor mal intencionado por 
algum tipo de arma ou objeto que se torne uma ,agora vou me caminhar até uma catraca eletrônica 
aonde duas funcionarias do clube te desejam um bom jogo e você timidamente agradece, quando 
se entra no corredor a caminho da arquibancada a sensação que se tem e de um pouco de 
claustrofobia , um corredor fechado com pouca iluminação, paredes de concreto com um grande 
fluxo de pessoas e você meio disso sendo empurrado sempre pra frente, a frente uma luz e pronto 
se chegou a arquibancada.

Não é possível descrever o quanto o estádio do Morumbi é imponente, é sempre impressionante 
não importa quantas vezes se vá lá, quantas historias, feitos e glorias aconteceram ali , você 
consegue respirar a historia e sentir que também faz parte dela, imediatamente se conecta com os 
outros torcedores sem perceber e se envolve nesta atmosfera, espera o time subir a campo , ele 
sobe e é um êxtase você entra em contato com uma parte sua mais primitiva, irracional e 
passional. Os segundos que antecedem o ponta pé inicial são de clímax incrível a torcida canta pro 
time, a esperança no ar pela vitória, que esse onze caras nos representem com coragem,
habilidade e força. Começa o jogo milhares de pessoas cantando, uma parte do estádio puxa o 
grito a outra acompanha, se canta alto por 15 minutos e alguns estão tão envolvidos que nem 
prestam atenção no jogo, a intensidade vai diminuindo com o passar do tempo 20, 25, 30, 44
minutos e nada de gol já há uma certa agonia no ar não vai ser fácil hoje, começam a aparecer 
algumas insatisfações com o time mais dois minutos vai, vai não foi. No intervalo se conversa sobre 
o que deve mudar para alcançar a vitória, o time martelou, martelou e nada. Outro diz gente que 
você nem conhece e com quem se conversa por quinze minutos, na verdade não somos 
desconhecidos pelo menos ali, compartilhamos a mesma paixão e as mesmas esperanças. 
Começa o segundo tempo o time vai pra cima, a torcida apoia como no inicio com a mesma paixão, 
como se fosse um recomeço , passa 2,5, 10 minutos nada você olha pro lado as pessoas tem 
esperança, espera minuto 11 o chapecoense faz 1x0.
As pessoas estão atônitas, o que aconteceu? Eles não chegaram nenhuma vez! foi o primeiro 
chute a gol! como pode ter acontecido! silêncio pessoas se olhando nem uma palavra , nem um 
gesto , logo após se começa a ouvir um murmúrio seguido de reclamações mais altas, o Cosmo me 
diz eu não acredito! eu não tenho nada pra dizer, como se explica o inesperado. Os minutos 
seguintes são de apoio e nervosismo um senhor de uns cinquenta anos preocupado com o 
resultado me pergunta quanto tempo ainda resta, faltam 30 ainda eu respondo, começa-se a ouvir 
uma parte da torcida muito descontente, a um misto entre reclamar e apoiar o time e o tempo 
segue 20, 25 minutos o técnico faz mudanças alguns apoiam outros reclamam o telão anuncia 
43.075 sofredores pra uma renda de quase 1 milhão de reais, certamente é o tamanho da folha 
salarial do time da chapecoense, mais quem é que disse que a bola liga, ela não liga pra
faturamento nem tamanho de torcida, lá se vão o minuto 30 e 35 e nada a reclamação é grande, 
xingamentos com cada erro do time , era uma noite pra ser perfeita jogando em casa contra um 
time pequeno, 40 e 45 nada só mais 3 minutos a um certo desespero entre torcida e jogadores que 
tentam correr, cruzar, chutar! acabou! vaias, cara de espanto, decepção alguns não tem força pra 
se quer reclamar e já começam a se virar pra ir pra casa, um silêncio estrondoso na saída, pelos 
corredores e pelo portão não há nada a dizer, nada!

Estamos fora do estádio todos voltando pra casa em silêncio, todos estão em silêncio 
ouvimos no rádio do carro criticas e explicações sobre a derrota tudo parece besteira. 21:30-
chegamos no meu ponto e me despeço, já há alguns torcedores do são paulinos no ponto 
ninguém comenta o jogo. Saímos enfileirados como gado com olhar direcionado ao chão e apenas algumas  conversas não motivadas sobre os pontos falhos do jogo. 
Chegamos no carro, ainda sem acreditar no resultado adverso.


Anderson Souza e Cosmo Lima são estudantes do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC.
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Identidade e cultura nas ruas de São Paulo - parte II


Como resultado do trabalho de campo dos alunos de Identidade e Cultura de 2014 da Universidade Federal do ABC publicamos hoje a segundaa parte desses interessantes relatos. A proposta foi escolher um evento cultural no ABC paulista ou na cidade de São Paulo e tecer observações como comportamentos, atitudes e modos de pensar, o que tinha no bairro, além de proceder um registro de todo o processo de ida, volta, sensações no dia seguinte. Também foi solicitada a relação com os teóricos de Identidade e Cultura. Vale a pena conferir!


Food trucks
Wesley de Jesus, Silene Alvarenga e Fernando Salabá.

A feirinha gastronômica é um evento realizado todos os domingos no Foodpark Butantan, trata-se de diversas barracas e food-trucks que oferecem comidas típicas de diversos tipos.

O foodpark butantan está  há 600 metros da estação metrô-butantan em uma área de 1400 metros quadrados, durante a semana se encontram em maioria os food-trucks vendendo lanches e comidas variadas, mas nos domingos comidas típicas tomam o local para paladares experimentarem o sabor oriental, o sabor baiano, o argentino e muito mais.

Na entrada haviam pessoas chamando para irmos experimentar a comida de suas barracas ou trucks.
Logo na entrada tinha uma fila de carros para entrar no estacionamento, e alguns muito caros como Audis e Hondas. Estava cheio, mas as pessoas se concentravam mais em certos lugares, como o cantinho mexicano e o do churros, nesses lugares era muito difícil de andar e para comprar algo tinha que ficar muito tempo na fila. A área é separada por dois níveis, o de baixo que é onde está a entrada tinha a comida salgada, e no de cima tinha os doces. (Wesley de Jesus - na foto à esquerda com o chefe Lucas Corazza)

Ao chegar lá fiquei encantada, pois não foi nada da qual imaginei, e tinha um cheiro muito bom, tinha cheiro de doce, mas também churrasco, lá encontrei desde comida indiana, até comida típica brasileira, também encontramos Los Mendozitos, que vendem vinho e estão viajando pelo Brasill.
Eu comi, comida italiana, uma massa chamada Sofioli, que é uma massa com uma folha de manjericão, molho de tomate caseiro, e queijo de búfala, custou R$20,00, tomei um sorvete caseiro de morango com leite condensado que custou R$7,00. A namorada do Luiz estava conosco e comprou uma cerveja de frutas vermelhas, na qual experimentei, muito bom, tomamos um sorvete caseiro também muito bom. Durante o passeio notei a presença de varias famílias, de mães com seus bebês pequenos, de varias pessoas de idade, também observei a presença de casais homossexuais, não muito mais alguns, no lado de fora tinha algumas pessoas com seus cachorros de estimação, onde um dos donos ia até dentro do food park e outro ia la dentro pegar o que eles queriam consumir. (Silene Alvarenga)



A presença de estrangeiros era muito alta também, alguns grupos estavam se comunicando em inglês, espanhol e japonês. Todas as pessoas lá falavam muito alto, o que tornava o lugar um tanto barulhento. Não é tocada nenhuma música no local. O clima de paquera entre estranhos não era muito grande, já os casais, era comum ver troca de carícias, como beijos, olhares e abraços.
Eu consegui ver, também, 3 atores de televisão lá, Priscila Fantin, Gisele Itié e um outro que eu não sei o nome, Por sinal, uma das barracas, de comida mexicana, era da atriz Gisele Itié. O número de pessoas negras no local era baixo também. E resumo, as pessoas no local eram em sua grande maioria, pessoas brancas, com um poder aquisitivo elevado, heterossexuais. Consumiam bastante alimentos, dos mais variados possíveis, porém, na sua grande maioria, hamburguer, costela, cerveja e churros. (Fernando Salabá)


Veja blog completo!!!




Fifa Fan Fest
Alexandre Ferraz 
Anderson Camara 
Beatriz Barbosa 
Carolina Reis 
Natália Wendy
Priscila Pennella 
Priscila Prado 

 Alguns aspectos permitem embasar a inferência de que os espectadores dos estádios possuíam um maior poder aquisitivo, tais como a grande quantidade de estrangeiros presentes, considerando a quantidade de dinheiro dispendido na viagem em sua totalidade (passagem, ingresso, hospedagem, transporte, alimentação e outros gastos), o preço do evento, visto que os ingressos chegavam a custar 2000 reais, e também o fato de haver pouquíssimos negros e pardos entre este público, apesar de serem maioria na composição étnica brasileira, o que está diretamente relacionado à desigualdade social, como apontam os próprios dados do IBGE.

Em contraposição, nós temos a Fan Fest: Um evento gratuito que possibilitou a festividade em massa, para um público, que muitas vezes, não poderia arcar com as despesas da ida ao estádio.
Utilizando a visão tradicional como parâmetro, podemos remeter o primeiro evento como pertencente ao universo erudita, e o segundo sendo referente à cultura popular. 
Na Fan Fest eram encontrados moradores de rua, turistas, pessoas que conseguiam consumir os produtos vendidos lá dentro por um preço elevado, mas que não poderiam dispender suas economias com ingressos, pessoas que já tinham frequentado os estádios na copa, brancos, negros, pardos, amarelos e assim por diante, ou seja, o público era composto por diferentes nacionalidades, classes sociais, etnias e etc.

Tal mescla social nos permite trazer mais dois outros conceitos abordados no texto: O conceito de “biculturalidade”, cunhado pelo historiador inglês Peter Burke e o conceito de “Fusão Cultural”, desenvolvido pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin.

O primeiro faz menção aos membros das elites que aproveitam da cultura popular, mas, ao mesmo tempo, participam daquele espaço circunscrito à elite, como aqueles que tinham condições de frequentar os estádios com seus preços exorbitantes, mas também desfrutavam da Fan Fest.
 O segundo, diz respeito à principal questão abordada por Petrônio em seu texto, que questiona a rígida separação entre as “duas culturas”. Bakhtin diz que a cultura é algo volátil e intrínseco às relações interpessoais, e que portanto, há uma troca de informações que não permanece estrita a classes sociais, e desta forma, ela tanto flui “de cima para baixo”, quanto “de baixo para cima”. Vemos isso na difusão do futebol e na diversidade de pessoas presentes na Fan Fest para prestigiá-lo.

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Identidade e Cultura nas ruas de São Paulo



 Como resultado do trabalho de campo dos alunos de Identidade e Cultura de 2014 da Universidade Federal do ABC publicamos hoje a primeira parte desses interessantes relatos. A proposta foi escolher um evento cultural no ABC paulista ou na cidade de São Paulo e tecer observações como comportamentos, atitudes e modos de pensar, o que tinha no bairro, além de proceder um registro de todo o processo de ida, volta, sensações no dia seguinte. Vale a pena conferir!


1. Festival do Inverno na Vila de Paranapiacaba 
João Luiz Calisto Perin, Mayara Maciel dos Santos, Raphael Fernandes Vitorino, Luigi Jones Golderin, Pedro Yukas Silva, Clecio L. A. Dias 
Para relacionar nossa visita ao Festival de Inverno de Paranapiacaba com o conteúdo de Identidade e Cultura podemos destacá-lo como espaço de conhecimento, pois o festival serve para podermos manter o passado como memória o que para Pierre Nora é atualmente uma necessidade, criar de lugares para a memória:
salvos de uma memória na qual não mais habitamos, semi-oficiais e institucionais, semi-afetivos e sentimentais; lugares de unanimidade sem unamismo que não exprimem mais nem convicção militante nem participação apaixonada, mas ainda palpita ainda algo de uma vida simbólica. Oscilação do memorial ao histórico, de um mundo onde tinham ancestrais a um mundo da relação da contingente com aquilo que nos engendrou …“ (P. NORA,1993, p.14)
Teríamos a necessidade de criar locais de memória porque não existiria mais memória na pós modernidade; precisaríamos criar espaços para relembrar o passado que não faz mais parte de nossas vidas, porem está construído historicamente em nós. A Vila de Paranapiacaba é um ótimo exemplo dessa criação de memória, por estar localizada distante do centro da cidade, em uma área rural da cidade ela conseguiu se manter sem muita alteração com seu passado presente nas sua estrutura , e foi reconhecida pelo poder público, como patrimônio histórico e hoje é uma referência em conservação, embora ainda esteja precisando de muitos restauros. Veja o trabalho completo 



2. Centro de Tradições Nordestinas  
Ana  Paula Cristina Damião, Filliphe Scolt Ribeiro
O que mais nos chamou atenção em todas as interações com os colaboradores do CTN, sem dúvida, é a simplicidade. Em cada momento  mostravam toda a hospitalidade marcante de sua região, a pró atividade e a simpatia característica. Sempre que pedíamos uma ajuda para localizar algo no centro, como uma loja, restaurante ou artefato cultural, eles já nos direcionavam ao local, muitas vezes, nos acompanhando e falando sobre o proprietário e/ou família responsável pelo espaço, que denota certo senso de coletividade e familiaridade com aqueles que mantêm certo convívio.
A cultura é ainda mais marcante no momento em que mantemos um diálogo com um deles. A todo instante, é evidente a maneira peculiar como gesticulam durante cada frase, caracterizando que são expressivos e espontâneos, pois sempre conectam algo com a maneira que se comportam ou 
como se comportariam em uma situação no qual estamos falando. Uma das expressões mais utilizadas pelos colaboradores, que chegar ser divertido, onde os próprios se auto intitulam: “Comedores de rapaduras e bebedores de cachaça”, que caracteriza ainda mais a cultura da simplicidade e os costumes regionais.

A partir disso, podemos usar como exemplo a dona da loja “Oxe Mainha” Eliane, que apenas ao passarmos em frente ao seu estabelecimento, nos recepcionou já se preocupando com o que gostaríamos, mostrando toda a hospitalidade típica. Além disso, nos falou sobre os detalhes de cada local do centro, dos seus fundadores, do funcionamento, falando o melhor local para 
irmos, mostrando então à pró-atividade e a simpatia do povo nordestino. 

Acesse as fotos feitas pelos pesquisadores!


3. Visita ao Museu de Arte de São Paulo (MASP)


Jeniffer G. Pepi, Juan Negreiros Baldarenas, Maria Fernanda C. do Amaral, Monica F. Dambrosi, Murilo Bortoleto Pereira, Renaud Pimentel, Rubens Vicente Vilela

“Na conjuntura brasileira atual, a universidade ás vezes consegue cumprir sua função de formar profissionais tecnicamente competentes, mas permite que os alunos saiam dela incultos”. Podemos dizer que isso acontece não só na formação superior, mas também no Ensino Fundamental e Médio. Ao nos depararmos com as obras expostas no MASP diversas vezes ficamos em dúvida acerca de qual movimento aquela obra pertencia ou a que acontecimento remetia. Isso porque a disciplina de artes não é levada tão a sério quanto matérias como matemática e física na formação dos alunos, desde o ensino básico.

Uma possível solução para esse problema é apresentada na proposta do Bacharelado Interdisciplinar da Universidade Nova, que compreende as “três culturas que estruturam os saberes e práticas do mundo contemporâneo: A) cultura humanística; B) cultura artística; C) cultura científica”. Assim, profissionais de todas as áreas teriam capacidade para fazer uma conexão entre as três culturas e se tornariam mais completos e preparados para as mais diversas situações, tanto no ambiente de trabalho quanto em suas vidas pessoais.


A arte não está apenas em exposições, como as que vimos no MASP, ou na música e na dança, etc. Segundo Almeida Filho, “o processo que envolve o desenvolvimento científico é um processo cultural” e ter conhecimento no campo das artes, nos permite inclusive, compreender melhor a ciência e seu processo de formação e desenvolvimento como parte de nossa própria cultura.


4. Exposição Obsessão Infinita, Yayoi Kusama 

Amarílis Marques Lamin, Allan Cesar, Fernando Domelas, Samuel Alencar, Lorraine Silva, Natália Zampiroli, Laura Maria Marques Paulo 

Depois de combinada a data fomos até essa exposição. Como os integrantes já tinha noção de como a artista pensava, a cada sala que andávamos era possível ver o cuidado e perspicácia, que ao meu ver era proposital, em mostrar como Kusama pensava a arte e também em como seu rompimento com a cultura tradicional japonesa estava explicito bem ali, em frente aos nossos olhos, aos nossos toques, a todas nossas possíveis percepções de mundo. A cada ambiente avançado, a cada sala avançada, o número de falos aumentava significativamente, até que no final havia uma sala cheio de falos, explicitando um medo da repressão sexual da autora, que foi ali, como uma caricatura exposto.


Dentro da perspectiva de Identidade e Cultura, identificamos a importância dessa artista por sua grande influência no meio artístico que transcendeu sua época: usualmente conhecida como uma das maiores artistas da cultura pop do pós guerra, Yayoi Kusama teve grande participação e influência na contracultura Hippie, notada por sua originalidade e criatividade. Buscamos especificamente na figura e identidade da Yayoi o retrato da sociedade e cultura em que a mesma se aflorou artisticamente e as cicatrizes que esta sociedade sofreu. Sendo negada pela própria família a oportunidade de viver pela arte em quanto se mantinha em seu núcleo familiar e também pelos catastróficos desdobramentos da guerra e pós guerra no Japão, Yayoi decide buscar por novos horizontes, culturas e a liberdade de outro país para não ter a sua própria identidade reprimida.




Veja o trabalho completo!

Link para apresentação online!

Prezi da visita ao instituto Tomie Ohtake para a exposição Obsessão Infinita

Veja as fotos!

Conheça mais sobre a proposta dessa disciplina em 
http://identidadeseculturasanadiet.blogspot.com.br/




Ana Maria Dietrich, doutora em História Social, é docente da UFABC e coordenadora da Contemporartes.

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DESLOCAÇÃO: A CRISE DE IDENTIDADE, POR MÁRCIO VASCONCELOS


"A identidade somente se torna urna questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza" (Kobena Mercer, 1990).

  Para o teórico Stuart Hall, o deslocamento ou deslocação se dá simultaneamente no plano social e no plano do sujeito, e poderíamos sugerir, também relacionado ao plano geográfico. Segundo ele, “as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.” 

  A assim chamada "crise de identidade" é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. 

  Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento—descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos — constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo.

  O fotógrafo maranhense Marcio Vasconcelos criou e capturou com suas lentes a ideia desse processo migratório, trazendo uma metáfora para a perda de identidade dos sujeitos, em seu ensaio Deslocação, que apresentamos nesta edição da coluna Incontros. Quem melhor o define é o antropólogo e escritor Bruno Azevêdo:

   “As bestas são, por definição, criaturas afastadas do humano. Tanto sua anatomia de rabos e chifres e múltiplos caninos quanto seu comportamento tão errático (relacionado à não cumulação), quanto focado (na obsessão imediatista pela sobrevivência), nos faz vê-las como imagens do mal.

   Contudo, ao encará-las atentamente, e ao ser encarados por elas, não deixamos de enxergar um espelho quebrado; pois se não há muita chance de nos depararmos com os quasímodos da imaginação, somos constantemente encarados, e encaramos, figuras humanas tão bestializadas por sua condição entre os demais seres humanos que nelas sobrepõe-se à imagem do mal, que é ativo, a do desespero, que é estático.

  É a naturalização do convívio com esses bestializados que Márcio Vasconcelos busca enfrentar com esta série de fotografias. O gado é talvez a metáfora mais poderosa para esse tipo de gente que se vê completamente dissociada de sua humanidade, de suas identidades, locais de nascença e memória, em troca de promessas de menos azar na cidade.”  (Bruno Azevêdo)
















Márcio Vasconcelos, fotógrafo profissional autodidata e independente há mais de 20 anos e há quase uma década vem se dedicando a registrar as manifestações da Cultura Popular e Religiosa dos afro-descendentes no Estado do Maranhão dentre outros trabalhos autorais.

Autor do projeto Nagon Abioton – Um Estudo Fotográfico e Histórico sobre a Casa de Nagô, aprovado na Lei Rouanet e no Programa Petrobras Cultural/2009, editado na forma de livro sobre um dos terreiros mais antigos do Tambor de Mina no Maranhão.

Vencedor do 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras/2010 (Fundação Cultural Palmares/Petrobras) com o projeto Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão. Exposição Fotográfica que mostra as semelhanças entre Sacerdotes de culto a voduns na África e no Brasil.

Selecionado para leitura de portfólios no Trasatlantica/PhotoEspaña 2012 com o projeto Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão.

Vencedor do XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia com o projeto Na Trilha do Cangaço – Um Ensaio pelo Sertão que Lampião pisou.

Finalista do Prêmio Conrado Wessel 2011 com o projeto Na Trilha do Cangaço – Um Ensaio pelo Sertão que Lampião pisou.

Menção Honrosa no Concurso de fotografias do Centro Regional de Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da América Latina 2012 - CRESPIAL, com o Trabalho “Tambor de Mina”.

Selecionado para leitura de portfólios em Santo Domingo – República Dominicana, no Trasatlantica/PhotoEspaña 2012, com o projeto Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão, além de outras premiações.


Referências:
A identidade cultural na pós-modernidade, DP&A Editora, 11ª edição, 2006: Rio de Janeiro.

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Izabel Liviski, é fotógrafa e doutora em Sociologia pela UFPR. Pesquisa História da Arte, Literatura e Artes Visuais. Escreve na revista ContemporArtes desde 2009, editando a coluna INCONTROS quinzenalmente, é também co-editora da Revista ContemporArtes.


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A canção, a memória e a identidade





A construção de identidades, como nos mostra Stuart Hall, tem a função de garantir que relação entre o mundo e o sujeito, ou uma coletividade, seja mais estável, unificada e previsível. Para o historiador Jacques Le Goff, a memória é um dos elementos essências no processo de construção das identidades. Partindo destas duas ideias, pretendo apresentar uma pequena análise da capa do Long Play (LP) This time the World , da banda inglesa No Remorse (Sem Remorso), com o objetivo de verificar como elas estão presentes neste documento e são inteligíveis sem obrigatoriamente ser necessário ouvir as canções.
 
           This time the world ("Desta vez, o mundo", em tradução livre) é o primeiro LP desta banda Skinhead, lançado pela gravadora francesa Rebelles Européens,em 1988. Ele foi relançado, em 1992, no formato Compact Disc, pela mesma gravadora e em 1995 pelo selo sueco Last Resort. O título é uma referência ao livro homônimo, escrito na década de 1960, por George Lincoln Rockwell, fundador do American Nazi Party (Partido Nazista Americano).
 



Liderado pelo vocalista e militante nacional socialista, Paul Burnley, este LP foi dedicado a duas figuras ligadas ao Nacional Socialismo, consideradas heróis: Rudolf Hess, membro do alto comando do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NASDAP), homenageado com a canção We salute you (R. Hess), e Robert Mathews, fundador da The Order, organização supremacista branca norte americana da década de 1980, homenageado com a canção Hail the Order.
 
              A No Remorse toca um estilo conhecido como Rock Against Communism (Rock contra o Comunismo), nome criado para designar as bandas  que tocam canções que tratam, entre outros temas, da defesa da identidade europeia contra o que eles consideram os males da globalização, como o multiculturalismo.
 
Desenhada por Nick Crane (um skinhead supremacista racial inglês, que após algum tempo de ativa militância abandonou o movimento e assumiu sua homossexualidade) a imagem pretende transmitir  a ideia, como aponta Elizabeth Jelin, de uma narrativa memorial, criando uma espécie de genealogia europeia comum, independente da nacionalidade, associando a figura do Viking, ao soldado da Waffen SS e, finalmente, o Skinhead, em ordem cronológica, todos sob a bandeira da Cruz Celta, símbolo utilizado pelos grupos supremacistas raciais brancos para identificar militantes desta causa. Pretendeu-se com isto transmitir a mensagem de que o homem branco do tempo presente descende de uma linhagem de guerreiros.  A linha de combate do tempo presente é respaldada pela memória. Além disto, a imagem enfatiza a qual grupo social este disco é dedicado: jovens eurodescendentes.

 
A imagem também se relaciona com os nomes das canções expostos nas contra capa do LP, pois identifica claramente aqueles que são considerados inimigos : são os negros, na canção Niggers, os judeus, em Six Millions Lies, (canção que nega a existência do Holocausto), os comunistas, em Smash the Reds e europeus que discordam dos ideiais destes grupos, em Race traitors.
Canções com Mother England, e This Land is yours, incentivam os jovens a lutar por sua terra natal e a instituição de uma nova ordem social, baseada no nacional socialismo.
 
 
 
A imagem de crianças posando para fotografias e portando símbolos, a futura geração de ativistas, é um expediente muito recorrente na propaganda de grupos políticos, vale ressaltar, seja qual for a orientação. O objetivo é transmitir a ideia de garantia de que as próximas gerações irão lutar pela mesma causa pela qual a gerações passadas lutaram e a geração atual luta, estabelecendo um círculo de comprometimento e um sentido de estabilidade. This time the World , como aponta Jelin, constrói uma  conexão coerente entre o passado e o presente, e creio que vai além, pois pretende fazer o mesmo com relação ao futuro.
 
 
Alexandre de Almeida é graduado em Historia e mestre em Antropologia, ambos pela PUCSP. Sua pesquisa tem como foco os grupos juvenis urbanos e seus posicionamentos políticos/partidários. Também realiza pesquisa na área de Arquivologia, com ênfase em documentos audiovisuais e sonoros. Foi radialista na Patrulha FM, em Santo André (SP), especializada no gênero Rock, no final da década de 1990, onde além de apresentar a programação comercial noturna, produziu e apresentou o programa “Expresso da Meia Noite”. Trabalha, há mais de dez anos, com patrimônio histórico arquivístico, atuando em instituições como o Arquivo Público do Estado de São Paulo e Centro de Memória Bunge. Atualmente, coordena a área de Arquivos Sonoros e Audiovisuais do Acervo Presidente FHC e trabalha como professor na rede pública de ensino de São Paulo.

 
 
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