sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Rosas para Stalin, de Juan Manuel Candal



SOBRE O AUTOR



Juan Manuel Candal nasceu em Buenos Aires em 1976. Graduou-se em cinema (diretor/roteirista) em 2001. Tem publicado contos em várias antologias, entre elas: Hasta acá llegamos (El Cuervo, 2012) e Buenos Aires Próxima (Ediciones Ayarmanot, 2014). Participou em revistas impressas e digitais como Narrativas, Próxima, Esto no es una revista literaria, Pasajes, El puñal, Mentor, Suelta, Letralia, Axxón, etc. Alguns de seus contos foram selecionados para uma antologia nacional do Ministério da Cultura Argentino em 2013. Publicou três volumes de contos: Yo robé tu nombre (La Colmena, 2009), Siempre tendremos Venezuela (Reina Negra, 2011) e Intimidade para el ojo iniciado (Absurdia & Suburbia, 2013), além das novelas Mundo Porno (Interzona, 2012) e Boutade (Pánico el pánico, 2013) e do livro de artigos e ensaios Rosas para Stalin (Espagiria, 2013). Fundou a revista literária Otro Cielo e a editora argentina Reina Negra. Atualmente colabora em várias mídias argentinas e uruguaias, entre elas La Diaria, Leedor, Kundra, e Baires Digital. Foi traduzido para o esloveno e será, muito em breve, para o português.



A OCASIÃO FAZ A TRADUÇÃO

       Entre os dias 07 e 08 de maio de 2014, em Viçosa, Minas Gerais, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), via Departamento de Letras e Artes (DLA), promoveu o I Colóquio Internacional de Literatura Ibero-americana (CILIBAM). Dentre os convidados, excelentes em tudo que fizeram e disseram, amigos desde então, estava o escritor argentino Juan Manuel Candal. 
        Pouco conversamos. Todos corriam e acertavam detalhes. Era a primeira edição do evento e muito do que ali estava sendo feito beirava o experimental, a proposta mexia com a nossa vida acadêmica, ia contra a rigidez aparente das palestras e comunicações, buscava um formato mais aberto, mutável, a otimização da metodologia, o melhor aproveitamento dos conteúdos apresentados e, acima de tudo, a promoção do Diálogo (aproveito para agradecer à equipe de monitores, ao Prof. Dr. Juan Pablo Chiappara, Coordenador do evento, e a toda Comissão Organizadora que acreditou e apoiou desde o princípio a ideia. Nada seria possível sem vocês). Terminado o corre-corre. O ritmo de lento a lento se abrandava. Voltei a ler Rosas para Stalin. Terminei de ler Rosas para Stalin. Esbocei algumas traduções para um amigo. Os ensaios eram fluidos, de excelente condução. Um toque de pena - quase um soco. Dois ensaios, três, quatro. Enviei um e-mail para o autor: "Buenas tardes, Candal. Estoy leyendo 'Rosas para Stalin' y (yo soy un fan de la saga Star Wars) me sentí especialmente atraído por "Las políticas del miedo". Me arrisquei. "¿Puedo traducir algunos artículos? Te importaría?".A resposta chegou algumas horas depois. 
       Senhoras e senhores, é com muita honra e satisfação que compartilho com vocês uma parte breve - ainda em processo - da tradução (agora para o português) de Rosas para Stalin & El magnífico legado de Curtis LeMay.



NOTA À MODA DE PRÓLOGO, OU NÃO.
(Nota a modo de prólogo, o no.)

Hoje a publicação em blogs é a ordem do dia. Blogs de garotos sensíveis que expõem suas grandes angústias existenciais, blogs que se assumem como literatura de vanguarda, blogs sobre outros blogs. E, é claro, um milhão de blogs que não fizeram mais que circular pela blogosfera sem maiores penas ou glórias.
            El fantasma de la libertad  pertencia a esta última categoria. Usurpando espaço na web, entre os anos de 2005 e 2009, com mais de uma centena de posts - alguns longos, MUITO longos -, aquele site se converteu em um lugar hostil, inclusive para os poucos leitores aficionados. Conhecido por sua intransigência, era opinião pura, sem moderações. Se você frequentava El fantasma... cedo ou tarde seria cutucado. Se era crente, acharia motivo para uma vida inteira. Fanático dos espelhinhos de cores com maçãzinhas mordidas? Tanto mais. Digamos que havia uma intolerância frente à estupides – ou com o que eu considerava estupides até então – manifesta ao longo de quase todas aquelas postagens.
            El fantasma... era a aventura do erro permanente. E, às vezes, tinha seus pequenos acertos. Renunciar à Madre Tereza de Calcutá e levar rosas para Stalin (ou tentar expressar em duas linhas uma ideia que vincule Rosas e Stalin). El fantasma de la libertad se tratava de um espaço onde se podia girar o espelho e, em vez de apontar o horror do monstro histórico, perguntar que outros monstros habitavam dentro de nós.
            Uma primeira seleção daqueles textos iria integrar um e-book lá por 2009, provisoriamente intitulado Perro Malo (aquele cão que te serve e te traz o jornal na cama e também, algum dia, sem que se entenda o por que – ou porque, precisamente, é da sua natureza – te morde a mão enquanto você o alimenta). Logo o título foi roubado impunemente por uma novela que estava escrevendo e o projeto ficou abandonado. Mais adiante se acumularam quase 80 resenhas escritas para o portal cultural Leedor.com e para o jornal uruguaio La Diaria. Nesse momento entendi que aqueles velhos textos podiam intercalar-se com resenhas que funcionariam de ponte e que, em muitos casos, formariam uma espécie de rede intertextual. Por último, somaram-se umas poucas postagens de um blog ativo nos últimos anos intitulado Mil palabras no pueden equivocarse.
            De um acervo com mais de 200 textos no total, apenas cerca de trinta aparecem aqui. A seleção não é um best of, mas sim uma coleção de textos que se relacionam, ainda que por contraste, e que podem dialogar entre si.
            Lamentavelmente, nos últimos tempos, Stalin parece estar in demand. Me dei conta de que neste mesmo ano está saindo um romance intitulado La amante de Stalin, de Luz Marus, além de outro com um Stalin homossexual. Ficções todos eles, mas talvez neste caso a ficção tome forma de ensaio e resenha, tanto mais enganosa em sua suposta transparência.
            Fecho este prólogo com as palavras que encabeçavam aquele blog que deu início a tudo isso:

Deuses poucopoderosos, conquistadores arrependidos,
Amigos do alheio, ladrões sensíveis, poetas assassinos,
Prostitutas celestiais e anjos caídos,
Todos sob o manto e a regência do Caos.

            Não posso evitar a simpatia por eles. Seguem sendo meus amigos de asas partidas, neste refúgio estival de onde escrevo.

Juan Manuel Candal
La Plata, 20 de outubro de 2012

 



Lucca Tartaglia está onde Deus é servido conceder-lhe que esteja, em companhia dos anseios, desejos, moscas, mosquitos e outros elementos auxiliares do bom estado das casas e dos sonhos. Graduou-se (ou Graduaram-no) na Faculdade de Letras e Artes da Universidade Federal de Viçosa. É colunista na ContemporARTES desde que se tem por isso. Desenvolve pesquisas na área de Literatura (Cabala e Estudos Pessoanos).

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