quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

PRAÇA DE BOLSO DO CICLISTA: REINVENÇÃO URBANA E PRÁXIS DE CIDADANIA


Na última edição da coluna INCONTROS de 2014, prestamos homenagem a uma iniciativa belíssima ocorrida neste ano na nossa querida Curitiba: a construção de uma pequena praça, fruto do trabalho coletivo de pessoas com visão de futuro e garra para fazer acontecer. A todas essas pessoas, gente do bem, artistas, anônimos e ativistas, nossa gratidão e reconhecimento: Vocês fizeram a diferença. Que essa semente possa germinar em outros espaços e se expandir como exemplo de cidadania.


RUA SÃO FRANCISCO NÚMERO 0 ESQUINA COM A PRESIDENTE FARIA
A Praça de Bolso do Ciclista está plantada no centro de Curitiba ela é a mais recente dentre as conquistas públicas que vem sendo viabilizadas através da Ciclo Iguaçu: Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu. A iniciativa estabelece diálogo com o poder público a partir do eixo hidrográfico conhecido como Bacia do Alto Iguaçu que integra uma área habitacional única entre as comunidades do centro e da região metropolitana da cidade.



É nesse contexto que avançaram desde 2011 as ações da Ciclo Iguaçu a produzir políticas efetivas de respeito à ciclistas e pedestres.  O projeto surgiu há cerca de dois anos. 



No ano passado, foi incluído no Plano Cicloviário da cidade, e o pontapé inicial foi a pintura na parede  do prédio  adjacente à praça, feita pela artista suíça Mona Caron, durante o Fórum Mundial da Bicicleta realizado pela Ciclo Iguaçu no começo deste ano.


ONDE ELA FICA?
Algumas pessoas descobriram um terreno abandonado no centro da cidade, entraram em contato com as autoridades, solicitaram as matrículas do terreno e após alguns meses obtiveram a informação de que o terreno era público, coisa que nem a prefeitura sabia. Em seguida reivindicaram que o terreno fosse cedido para a construção de uma praça pública e como os iniciadores de todo o processo são ciclistas da Associação Alto Iguaçu (que fica hospedada na Bicicletaria Cultural logo em frente ao terreno),  a praça ganhou o nome de Praça de Bolso do Ciclista.



O PODER PÚBLICO ENTRA NO PROCESSO
Tá.  Mas ter um terreno baldio não significa ter uma praça, é preciso reunir os materias de construção, a mão de obra, ter um projeto arquitetônico. Nessa hora o pessoal ativou a Prefeitura e solicitou ajuda das Secretarias para levar adiante o projeto. Uma reunião com o presidente do IPPUC* e com os secretários de Obras e de Meio Ambiente aconteceu em março de 2014 e ficou acordado que as Secretarias disponibilizariam material construtivo e equipamentos urbanos e que o IPPUC daria apoio institucional para a realização da obra. 



Mas (sempre há um porém!) por conta da proximidade da Copa e por questões orçamentárias não haveria mão de obra para a construção.



E QUEM VAI ARREGAÇAR AS MANGAS?
Os ciclistas da Alto Iguaçu prontificaram-se a projetar e construir a praça. Com esforços próprios organizaram reuniões e convocaram pessoas interessadas em participar: arquitetos, paisagistas, artesãos, engenheiros, professores, diversas pessoas da comunidade integraram e discutiram o projeto que finalmente ficou pronto e aprovado no dia 24 de maio deste ano.



E QUEM É PAU PRA TODA OBRA?
Você, eu e todo mundo que queira participar. Durante os meses de maio e junho, foi a fase que mais demandou a colaboração das pessoas, onde aconteceram mutirões para a construção da praça. A Prefeitura cedeu o material e os trabalhos de terraplenagem no terreno, mas o trabalho de construir foi do cidadão e voluntário, de todos aqueles
que puderam tomar parte na construção desse espaço público, independente de possuir habilidades especiais. 
A ideia era de que “o que importa é participar, a cidade que a gente quer é a cidade que a gente faz”. 



Voluntários tocaram as obras de construção e atividades culturais na praça, decidindo em conjunto os rumos do espaço, o método de construção coletiva em simultaneidade com as oficinas de mosaico petipavê, super adobe, arte urbana e construção civil fazendo com que a Praça de Bolso do Ciclista se defina como lugar e também como prática de cidadania.





Recentemente, A Ciclo Iguaçu apoiou o evento #SOMOSTODOSMIGRANTES que ocorreu no dia 06/12/14 na Praça de Bolso do Ciclista.

A intenção de manifestar apoio aos migrantes haitianos que estão vivendo em Curitiba levou o Programa Português Brasileiro para Migração Humanitária, da UFPR a  realizar a iniciativa. Teve debate, venda da sopa da independência e show com João Felix e músicos convidados e, a atração principal, a banda RECIF, formada por 11 músicos haitianos que vivem na cidade.



Exposição de fotos e exibição do curta metragem #somostodosmigrantes complementaram a noite. Foi um belo evento que fortaleceu os vínculos de todos com a Praça de Bolso do Ciclista.

(*) O IPPUC é o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, criado em 1965 com o objetivo de dar acompanhamento ao Plano Diretor Para a Cidade de Curitiba.

Colaboração: Margit Leisner
Fotos: Doug Oliveira

3 comentários:

Francisco Cezar de Luca Pucci disse...

Iniciativas como essa são fundamentais para o fortalecimento da cidadania e estreitamento de laços com a cidade e seus concidadãos. Adorei a ideia e parabenizo pela iniciativa de divulgar.

24 de dezembro de 2014 às 12:36
Anônimo disse...

Que legal Izabel! Adorei!
Chris Gioppo

25 de dezembro de 2014 às 11:24
Anônimo disse...

Ficou bonita a reportagem! Parabéns!
Emi Sew

25 de dezembro de 2014 às 11:39

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