sexta-feira, 27 de março de 2015

Um brinde a Heloneida Studart!



Hoje quero convidar a tod@s a fazer um brinde à Heloneida Studart! Para quem não sabe quem é essa mulher admirável, vamos conhecer um pouco de sua vida e obra.





Um brinde à Heloneida Studart Soares Orban, ou simplesmente Helô!






Heloneida Studart foi múltipla: mãe, política, feminista, radialista, dramaturga, escritora e jornalista. Teve uma vida profícua e lutou bravamente pelo direito das mulheres e pela realização de seus sonhos.
Heloneida se alfabetizou com 5 anos, com a ajuda
 de sua babá, fato que surpeendeu a todos.


Sua vida é inspiradora e exemplar. Helô nasceu em Fortaleza, Ceará, em 
9 de abril de 1925. Com 16 anos foi para o Rio de Janeiro, atrás de seus sonhos. Estreou como colunista no Jornal O Nordeste. Em 1952 casou-se com Franz Orban, com quem teve seis filhos homens. O casal adotou uma filha também. 

Heloneida e seu marido Franz

Em 1953 publicou seu primeiro romance A primeira pedra em São Paulo e em
1957 publicou Dize-me o teu nome, romance que foi premiado pela 
Academia Brasileira de Letras ainda recebeu o prêmio Orlando Dantas. Em 1960 começou a trabalhar no Correio da Manhã e a partir daí trabalhou muitos anos como jornalista. Mais tarde, trabalhou dez anos como redatora da Revista Manchete.  Filiada ao Partido Comunista Brasileira desde 1965, Heloneida começa a se envolver com as questões sociais e populares e em 1966 assume a presidência do Sindicato das Entidades Culturais Senambra. 



Heloneida foi presa durante a Ditadura Militar em 1969. Em 1970 volta a trabalhar para a Revista Manchete. Presa, teve inspiração para escrever dois roteiros: Quero meu filho  e Não roubarás. Mais tarde, esses roteiros foram gravados e exibidos pela TV Globo. Helô também escreveu, em 1975, junto com Rose Marie Muraro, a peça Homem não entra, que ficou cinco anos em cartaz e foi pioneira por defender bandeiras relativas ao avanço e promoção das mulheres. Essa peça foi encenada por Cidinha Campos e mereceu destaque em vários jornais internacionais. Foi a primeira peça que proibiu a entrada de homens.

Cidinha Campos, no monólogo Homem não entra

Em 1978 Helô vence a eleição e se elege como deputada estadual, no Rio de Janeiro pelo MDB, com 58 mil votos. Começa sua luta contra a ditadura militar. Em 1982 se candidata novamente, mas não se elege e volta a trabalhar como jornalista, como redatora do Programa Cidinha Livre, na Radio Tupi. Em 1986 volta a se eleger pelo PMDB. Em 1988 vai para o PSDB, mas não se adapta e entra para o PT em 1989, onde se manteve até o final. Durante a Assembléia Constituinte, fez parte do "lobby do batom" onde trabalhou duramente pelos direitos trabalhistas específicos das mulheres, entre os quais a licença-maternidade de 120 dias.  O lema do "lobby do batom" era "Constituinte pra valer, tem que ter palavra de mulher". 


Em 1990 e 1994 Helô se reelege como deputada estadual. Em 2001 assume como suplente. Em 2002 volta a se reeleger, com 30.000 votos.
Em 2004 se candidata e recebe 16.979 votos, mas não consegue se reeleger pois não atinge o mínimo. Heloneida foi deputada estadual por seis mandatos em sua carreira política. Como legisladora, se destacou por criar muitas leis que beneficiaram as mulheres trabalhadoras. Entre estas, ressaltam-se a Lei 2.649/1996, que garantiu o exame de DNA para mães de baixa renda. Também a Lei 4103/2003 que obriga as unidades públicas e conveniadas de saúde a realizar a cirurgia reconstrutiva de mama em mulheres que sofreram mutilação pelo câncer.

Heloneida dedicou sua vida na luta pelos direitos das mulheres

Em 2005 Heloneida retoma a literatura e publica dois livros na França. Infelizmente, dois anos depois, em 2007, Helô nos deixou, vítima de parada cardíaca.


A mulher que escrevia sobre mulheres


Heloneida escreveu sobre a condição da mulher e seu livro Mulher Objeto de Cama e Mesa (1974), merece destaque . Este livro se transformou em um ícone do  feminismo brasileiro. Com sua linguagem ácida, clara e direta, sua leitura nos  leva à reflexão sobre a condição da mulher. Foi graças à ele que tive os primeiros insights sobre as desigualdades que as mulheres sofrem. Eu o li pela primeira vez em 1989 e ainda o considero uma leitura atualíssima e  imprescindível para quem quer conhecer e estudar as questões femininas.  


Trecho do livro: Mulher Objeto de cama e mesa

Também escreveu Mulher, a quem pertence seu corpo? Publicou também Mulheres Brasileiras, obra que a fez ser indicada como uma das cem brasileiras mais importantes do século XX. Em 2005 a Fundação das Mulheres Suiças escolheu mil mulheres  para concorrerem ao Prêmio Nobel da Paz. Heloneida estava entre as 52 brasileiras indicadas. Foi uma mulher admirável e pioneira do movimento feminista no Brasil. Em 1975 inaugurou o Centro da Mulher Brasileira - CMB, considerada uma das primeiras entidades de defesa dos direitos das mulheres. Seu legado permanecerá em nossos corações e mentes,  e nos inspira a ir em busca de nossos direitos e  de nossos sonhos.








REFERÊNCIAS:

Blog Cidinha Campos. In: http://cidinhacampos.com.br/linha-do-tempo/
Acesso em 05/03/2015


CUNHA, C. Uma escritora feminista: fragmentos de uma vida. In: Revista de Estudos Feministas. vol.16 no.1 Florianópolis Jan./Apr. 2008


Biografia da Ex-deputada Heloneida Studart. .In: http://www.alerj.rj.gov.br/common/noticia_corpo.asp?num=23478
Acesso em 15/03/2015

RODRIGUES, M. Heloneida Studart, a feminista
In: http://heloneidastudart.blogspot.com.br/ 
Acesso em 05/03/2015

http://www.nominuto.com/noticias/brasil/luta-pelos-direitos-das-mulheres-na-constituinte-ficou-conhecida-como-lobby-do-batom/12927/

http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Heloneida+Studart&ltr=h&id_perso=901

* Imagens retiradas da Internet, para fins didáticos.



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